Pedras Negras: No limiar entre a ciência e a fé

Autor: Cesar Luis
Editora: Filhos do Vento
Ano: 2014
Páginas: 371

Nota: 3/5

A normalidade da vida sempre é quebrada por algum fato insólito e esse, seja qual for sua natureza, nos coloca em movimento por reação. São situações que não esperamos conscientemente, que não temos nenhum controle, mas que fazem parte integrante do misterioso “porquê” de nossa existência.Fernando Eastman é um rapaz da ciência e da razão que se envolve apaixonadamente numa jornada repleta de situações impossíveis em terras do Peru e Bolívia. Acompanhado de Rico e Lia, ele é desafiado por mistérios, conspirações e intrigas envolvendo uma antiga lenda pré-Inca, crânios alongados, outlanders e poderes ocultos. É preciso encontrar um livro. Esse livro encerra um dos maiores segredos da história humana e esse segredo não pode vir à tona.O grupo de amigos se envolve numa aventura que não desejavam, não imaginavam sequer ser possível, mas que, devido às circunstâncias, irresistivelmente se deixaram envolver. Tudo numa corrida frenética para revelar a verdade sobre a vida no planeta Terra. Seu objetivo é fazer com que essa Verdade, ou pelo menos parte dela, possa ser entregue à Humanidade.É uma busca para corrigir erros graves no pensamento humano que causam muito sofrimento. Uma narrativa cheia de surpresas, suspense e questionamentos.

Provavelmente uma das minhas leituras mais intensas dos últimos tempos. “Pedras Negras” te absorve não daquela forma típica, com aquele desejo ardoroso de terminar a leitura da obra, mas como um livro que vai te obrigar a pensar, parar tudo que paira sobre a sua mente para conseguir absorver o máximo possível das palavras do autor.

O livro é recheado de informações e curiosidades, principalmente entre os lugares onde se passa a obra, entre a Bolívia e o Peru. Suas descrições são muito vívidas, você consegue visualizar os locais claramente e sem muito esforço, esse provavelmente é uma das grandes qualidades da literatura de Cesar Luis.  

Fernando, o protagonista do livro passa por diversas situações que o coloca frente a frente contra a sua mentalidade científica. Talvez por essa razão, eu percebo que há uma preocupação excessiva do autor em provar cada ponto de sua tese quase cientificamente. Isso é legal na verdade; em algum ponto do livro eu me questionei se Cesar Luis realmente acreditava em sua própria história, porque ele não quer apenas que você saiba, ele quer te provar e fazer você repensar tudo que aprendeu na aula de história e também o que você sabe sobre a religião e a fé.

Foi uma grande ideia do autor juntar esses princípios; ao invés de criar uma luta contra a ciência e a religião, ele os relaciona para que um complemente o outro. Entretanto, o que faz com que parte de mim refute as teorias muito bem explicadas do autor é ele ter lembrado de tantas coisas e ter esquecido o conceito fundamental da fé: Que é crer naquilo que você não pode provar (Para fins de curiosidade essa ideia está na, muito citada no livro, bíblia: “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. Hebreus 11:1”). Quando no fim das contas, a grande “verdade” foi explicada esse conceito se perdeu absolutamente, e o grande dialogo final (sem spoilers) continuou com a linha do autor de explicar tudo com mínimos detalhes, muitos deles desnecessários para o entendimento.

Há outros probleminhas no livro que entram na mesma questão da explicação nos mínimos detalhes. A narração feita em terceira pessoa muitas vezes dispensa as explicações surgidas em diálogos, ou seja, o narrador que explica tal coisa para você, independente de aquilo ser realmente relevante ou não, o que não seria um problema se isso não empobrecesse alguns diálogos durante a história.

De um modo geral, “Pedras Negras” não é apenas um livro bom, mas é um livro importante para você gosta e quer conhecer sobre história, principalmente da américa latina, você vai sair da sua leitura satisfeito e bem informado. Se quer uma dica: não se apresse, apenas saboreie. Esse é um livro de saborear.