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Tempus et Universe

              
Matamos o tempo e ele nos enterra, já dizia Machado de Assis. 
 
Tempo.
Esse substantivo masculino, derivado do latim tempus, que rege nossas ações. Sua presença ou sua falta nos são cruciais, e nossa espera por sua passagem causa desconforto, nos faz considerar se o estamos aproveitando bem. Sufocante, não? Constatar que a vida não é mais do que uma mera espera pela passagem do tempo e, após isso, o pranto pelos anos vividos, pelo tempo perdido, pelo tempo que não tivemos e pelo que não teremos. Matamos o tempo e ele nos enterra, já dizia Machado de Assis. 

Tempo.
A vertente mais crucial dessa pequena oscilação de vida que é a existência humana. O mais amado e odiado dilema moderno, ao lado da rotina, incessante, contínua e carregada de um desejo incontrolável, imensurável de mudança. “Não tenho tempo” é, sem dúvida, a frase mais bradada pela geração atual. Não fosse isso, talvez dedicaríamo-nos mais ao que gostamos. Será? Talvez a ideia de não ter tempo seja um conforto, uma zona de familiaridade da própria essência humana. 

“Não tenho tempo”. O urgente sempre sobrepujando o importante. Não ter tempo não deixa margem para pensamentos além da caixa, pensamentos que assustam seu autor, pensamentos rápidos como um raio, mas que podem mudar o rumo de todos os outros pensamentos. Afinal, que tipo de pessoa que acorda às 5h e só volta para casa à 22h pode se preocupar com o sentido da vida? Ou pensar na imensidão do universo e preocupar-se com as implicações de ser uma mera poeirinha cósmica minúscula, um nada perdido num espaço vasto e coligado, um ser insignificante? Ou, ainda, considerar questões profundas do inconsciente, da vida, da subjetividade e problemas humanos?

O sábio e querido Douglas Adams escreveu que o Universo é um lugar tão absurdamente grande que, para continuar levando uma vida normal, a maioria das pessoas tende a ignorar este fato. E sim! Sim, sim, sim! Ah, Adams, “tu acertaste em cheio”. Quem em sã consciência gostaria de encarar a própria insignificância? Quem, no ápice da dita razão, consideraria, nem que por alguns milésimos de segundo, a imensidão das coisas, “da vida, do universo e de tudo o mais”, e a insignificante existência do ser humano? Ora, não há tempo para isso!

A filosofia é para os desatarefados; ou para aqueles que não temem a verdade do que somos. Insignifcantes. É para aqueles para os quais o tempo, em toda a sua cruel velocidade acelerada, passa, mas não se preocupam com sua falta.

Não há espaço para me preocupar com os problemas da metafísica com uma vida tão desprovida de tempo.


"Há uma teoria que indica que se alguém descobrir exatamente para que e porque o universo está aqui, o mesmo desaparecerá e será substituído imediatamente por algo ainda mais bizarro e inexplicável... Há uma outra teoria que indica que isto já aconteceu." (Douglas Adams)
 

 

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