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Bonequinha de Luxo: Audrey Hepburn encantando carteiras e corações



Direção: Blake Edwards
Roteiro: George Axelrod (Baseado no Best-Seller de Truman Capote)
Duração: 114 minutos
Ano de lançamento: 1961
Gênero: Comédia Romântica

Sinopse: Holly Golightly (Audrey Hepburn) é uma garota que vive em Nova York e que está decidida a casar-se com um milionário. Perdida entre a inocência, ambição e futilidade, ela toma seus cafés da manhã em frente à famosa joalheria Tiffany’s, na intenção de fugir dos problemas. Seus planos mudam quando conhece Paul Varjak (George Peppard), um jovem escritor bancado pela amante que se torna seu vizinho, com quem se envolve. Apesar do interesse em Paul, Holly reluta em se entregar a um amor que contraria seus objetivos de tornar-se rica.

Neste fim de semana me rendi a Audrey Hepburn. A atriz belga protagonista de Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s) é, sem dúvida, o maior motivo de eu ter decidido ver este filme, pra começo de conversa. E não é sem motivo: ela rouba todo e qualquer olhar nesse filme.

O filme gira em torno de Holly Golightly, que é a perfeita mocinha construída para seduzir o mocinho. Aquela típica mulher linda, disputada, enigmática, cheia de “prendas” e problemas, e que conquista o rapaz só com uma piscadela. E esse rapaz tem nome: Paul Varjak, um escritor iniciante (também conhecido como pobre) que se muda para o prédio de Holly e desde o princípio se vê encantado pela moça.

A primeira vista, Holly é uma mulher interesseira, sedutora e um tanto trapaceira, que passa as noites em busca de um bom senhor grã-fino que lhe pague 50 dólares para ir ao toalete e mais 50 para pegar um taxi e ir para casa. E isso é verdade, mas logo se vê que Holly é uma mulher que, apesar das ambições, é inocente e atrapalhada demais para notar mal intencionados.

A personagem se esforça muito para se infiltrar na alta sociedade de New York, não medindo esforços para seduzir qualquer homem que tenha muito dinheiro, independente dele ser bonito, feio, simpático ou mau caráter. Contudo, no decorrer do filme, é perceptível que essa Holly que deseja ser rica, não passa de uma das várias personalidades e ambições que compõem o caráter da moça. E pior, Holly faz uma verdadeira sopa com todos os fragmentos que a compõem, e faz Paul Varjak querer desvendá-la e persegui-la feito um cachorro roendo um osso.

George Peppard como Paul e Audrey Hepburn como Holly
Mas isso não é de propósito, claro.

A jovem, ama o irmão que foi para a guerra, Fred, e carinhosamente usa o mesmo nome para se referir a Paul, por acha-los parecidos. Quando cita o irmão, Holly sai da mulher inescrupulosa e encantada pelo luxo, e se torna uma garota saudosa e carinhosa pelo irmão. Inclusive, em determinado momento, chega a citar que gostaria que o irmão, que vivia na roça junto com ela, viesse para junto de si, e para isso teria que buscar uma maneira de lhe dar uma boa vida, para que não precise retornar ao exército.

Holly é a pura antítese. Ela se compara a seu gato, a quem não o nomeia alegando que ele não lhe pertence, assim come ela não pertence a ninguém e nem se encaixa em lugar algum.

Já Paul é um escritor desempregado e com problemas para escrever por não ter muita inspiração. É sustentado por uma mulher rica que o tem como amante, mas ele de cara se interessa pela rotina de Holly e aos poucos perde interesse em sua antiga amante.

Eu já não gostei muito do Paul, achei ele muito machista e possessivo. A princípio não se nota muito isso, mas quando percebe que está apaixonado por Holly, ele pressiona a garota para que a ame de volta, e com Holly não é bem assim que as coisas funcionam.

Concluí, enquanto assistia ao filme, que Paul queria convencê-la de que o amor dele é a solução para todos os problemas dela, quando na verdade, Holly é uma mulher sedenta por liberdade, e aprisionar-se a um homem seria apenas acabar com seu espírito livre. Mas Holly também peca por ser indecisa demais, e não saber bem se quer ser rica ou se quer ser uma mulher apaixonada.



A pessoa de Holly pode facilmente representar o espírito de liberdade que começava a tomar conta dos jovens americanos no pós guerra da década de 60, mesclado à moda e ao romantismo do cinema hollywoodiano. E mais do que isso, Holly vai contra a típica mulher de família, que vive para fazer feliz marido e filhos. Nela, conseguimos ver a feminilidade mostrando que pode desejar mais do que uma vida comum, pode almejar mais do que uma rotina familiar, e pode ultrapassar essas barreiras, sem depender de nada além de si mesma.

Eu poderia chamar Bonequinha de Luxo de clichê, mas não seria justo com sua década, que na verdade foi pai e mão de muitos clichês, que na época não eram mais do que ideias inovadoras. É uma típica comédia romântica, mas ganha, e muito, na complexidade dos personagens, além de que ver um ícone do cinema em ação é um verdadeiro deleite.

Bonequinha de Luxo ganhou Oscar em 1962 por melhor Trilha Sonora de Comédia/Drama e melhor Canção Original, por “Moon River”, composta por Henry Mancini e com letra de Johnny Mercer, que inclusive é cantada por Hepburn durante o filme. 


2 comentários:

  1. O filme é muito bom! Holy tenta ser sofisticada e nada mais é do que uma menina do interior doida para que alguém cuide dela.

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    1. Eu percebi isso também, mas eu achei que ao mesmo tempo que ela quer ser cuidada, ela meio que não quer ser presa sabe? Acho que por isso ela relutou tanto em se entregar ao amor do Paul (e ao gato).

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