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A Pirâmide Vermelha: universo egípcio transcrito na atualidade


Autor: Rick Riordan
Editora: Disney-Hiperyon
Editora no Brasil: Intrínseca
Ano: 2010
Páginas: 445
Sinopse: Desde a morte de sua mãe, Carter e Sadie viveram perto de estranhos. Enquanto Sadie viveu com os avós, em Londres, seu irmão viajava pelo mundo com seu pai, o egiptólogo brilhante, Dr. Julius Kane.Uma noite, o Dr. Kane traz os irmãos juntos para uma experiência de “pesquisa” no Museu Britânico, onde ele espera para acertar as coisas para sua família. Ao contrário, ele liberta o deus egípcio Set, que o expulsa ao esquecimento e força as crianças a fugirem para salvar suas vidas.Logo, Sadie e Carter descobre que os deuses do Egito estão acordando e, o pior deles – Set – tem a sua visão sobre o Kanes. Para detê-lo, os irmãos embarcam em uma perigosa viagem em todo o mundo – uma busca que traz os cada vez mais perto da verdade sobre sua família e seus vínculos com uma ordem secreta que existiu desde o tempo dos faraós.

Eu sou fã de mitologias, e mais ainda de livros sobre mitologias. Tenho um apreço muito grande pelo Rick Riordan, que trata do assunto em seus livros. As Crônicas dos Kane foi lançada praticamente simultaneamente com a série Heróis do Olimpo, que é a série seguinte de Percy Jackson e os Olimpianos (nós já fizemos resenha de toda a série de Percy aqui no Rascunho, lembram?), porém, diferentemente da série irmã, a trilogia As Crônicas dos Kane fala sobre mitologia egípcia. 

A minha primeira impressão do livro foi de surpresa. A escrita de Riordan neste livro está diferente do que eu estava acostumada, bem mais evoluída, e assim como modo como ele escreveu o livro, que também é bem peculiar: tudo o que está escrito no livro é como se fosse o Carter e a Sadie narrando. Sim, isso mesmo, é como se o autor estivesse em posse de gravações de áudio dos dois, foi escrevendo tudo o que ouvia e transformou esse relato dos irmãos em um livro. 

Outra coisa interessante é o uso dos POVs (Points of View = Pontos de vista). Um capítulo você pode estar lendo tudo pelos olhos de Sadie, no outro você está na cabeça de Carter. Esse recurso é ótimo, e foi muito bem utilizado, não pecou no quesito personalidade dos personagens, como vários autores que tentam utilizar os POVs. 

Deixa eu explicar: um autor geralmente desenvolve um estilo de escrita. Para fazer diferentes POVs, esse autor tem que desenvolver outro estilo, para que o leitor realmente veja que acabou de entrar na mente de outro personagem. O que acontece: apesar de geralmente ter pelo menos alguma dica no título do capítulo, informando que mudou o ponto de vista, um leitor mais desatento acaba não prestando atenção nesse detalhe, já indo direto pro texto, então se os pontos de vista são escritos de um mesmo jeito, às vezes acabam deixando os personagem com suas personalidades diferentes do que elas realmente são, ou pior: personalidades iguais para todos os personagens. E isso confunde MUITO o leitor, que tem que voltar ao início do capítulo para lembrar quem está narrando.

Foto: http://rakastaa.tumblr.com/

Como eu disse, isso não acontece em A Pirâmide Vermelha. O autor mostra dois personagens completamente diferentes em personalidade, a Sadie como uma garota mais rebelde, e Carter como o garoto certinho que faz tudo o que o pai manda. Acredito que o que contribuiu para Sadie se tornar assim foi ter que viver com os avós em Londres, uma vida estável e normal, ao invés de viajar o mundo com o pai, que é egiptologista, e o irmão. Carter sente inveja de Sadie por ela ter uma vida normal, frequentar escolas, por ela ter regalias que ele não teve. Sadie sente inveja de Carter por ele ter um relacionamento mais próximo com o pai, poder viajar o mundo com ele. 

O primeiro livro da trilogia dos Kane mostra os irmãos em busca de seu pai, que desapareceu após uma explosão em um museu. A partir daí, Carter e Sadie entram no mundo da mitologia egípcia, o que Riordan fez maravilhosamente, devo dizer. O mundo foi muito bem explorado e junto com a linguagem simples de Riordan faz o leitor se deleitar nas 445 páginas do livro. É bem óbvio o quão o autor cresceu do primeiro livro de Percy Jackson e os Olimpianos para A Pirâmide Vermelha. Os personagens estão bem mais desenvolvidos, apesar de que as vezes são bem infantis, e a história foi muito melhor trabalhada, mas mesmo assim simples. 

Uma coisa que, pra mim, é um ponto positivo e negativo ao mesmo tempo: o jeito como Riordan humanizou os deuses egípcios. Por um lado, eles são deuses, não deveriam ter jeitos tão humanizados, mas por outro, o leitor consegue se identificar com os personagens, mesmo eles sendo deuses. A magia também é feita de um jeito interessante: é necessário escrever um hieróglifo que representa o que você quer.

"Isso porque a magia, em sua forma mais básica, transforma palavras em realidade. Vocês vão escrever. Usando a própria magia, vão canalizar poder para as palavras. Quando pronunciadas, elas desencadearão a magia” – Zia, A Pirâmide Vermelha 

É inevitável fazer comparações com Percy Jackson, ainda mais no primeiro livro. O leitor se pega comparando os personagens, a história, a escrita, tudo, mas com o passar das páginas, o leitor acaba se acostumando com a nova linha de história. Mesmo assim, o autor utiliza a mesma fórmula que deu muito certo nos livros de Percy: várias cenas de ação mescladas com humor. O autor também inicia a série praticamente do mesmo jeito que inicou a série de Percy: fazendo um alerta sobre o que o leitor está prester a ler, e dando um aviso para "fugir enquanto pode". Assim fica difícil não comparar as séries, não é? 

A trama iniciada no livro é finalizada neste mesmo livro, mas, assim como Percy, tudo gira em torno de uma trama bem maior, que para saber o desfecho o leitor terá que ler os próximos livros da trilogia. 

2 comentários:

  1. Adla, o que vc falou de POV tem tudo a ver, li um livro da Camila Läckberg, ela escreve livros de mistério ótimos. mas é muito difícil identificar quem é quem em seus POVs. Os livro da Camila não deixam de ser bons mas perdem esse enriquecimento. Quanto a trama da Piramide Vermelha, fica meio difícil acreditar que quem vai apaziguar os deuses egipicios são duas crianças.

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    1. Mas né, essa é a típica história do Rick Riordan, vide Percy Jackson haha eu tive esse problema dos POVs no último livro da trilogia de Divergente, agora sempre que eu leio um livro em POVs eu já me atento nesse detalhe.

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