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Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil: ame-o ou deixe-o


Autor: Leandro Narloch
Editora: LeYa Brasil 
Ano: 2009
Páginas: 319 
Sinopse: Existe um esquema tão repetido para contar a história do Brasil, que basta misturar chavões, mudar datas ou nomes, e pronto. Você já pode passar em qualquer prova de história na escola. Nesse livro, o jornalista Leandro Narloch prefere adotar uma postura diferente que vai além dos mocinhos e bandidos tão conhecidos. Ele mesmo, logo no prefácio, avisa ao leitor: "Este livro não quer ser um falso estudo acadêmico, como o daqueles estudiosos, e sim uma provocação. Uma pequena coletânea de pesquisas históricas sérias, irritantes e desagradáveis, escolhidas com o objetivo de enfurecer um bom número de cidadãos." É verdade: esse guia enfurecerá muitas pessoas. Porém, é também verdade que a história, assim, fica muito mais interessante e saborosa para quem a lê.

Este é um livro que costuma gerar muitas divergências entre os leitores. Alguns concordam com todas as ideias que o autor apresenta no livro, outras acreditam que o autor “difama” os personagens históricos apenas para ganhar fama e vender.

Eu como uma amante de História me senti particularmente atraída por esta obra. Muitos desses personagens são bastante idealizados pela população, e eu tenho certeza que santos eles não foram. É bom ver um autor que tenta desconstruir essa idealização.
O livro começa com o autor fazendo um pequeno “formulário”, pedindo pra completar as lacunas e substituir a letra “X” pelo nome de algum país “pobre e remediado”, e substituir as letras “Y” e “Z” com nomes de nações ricas do hemisfério Norte. Assim, o autor mostra a forma genérica como é ensinado história, e como essa mesma “fórmula” pode ser aplicada a vários outros países, o que ele chama de “esquema repetido”.
Com uma linguagem simples e clara, e utilizando pequenas curiosidades nas bordas dos livros, Narloch consegue prender a atenção do leitor desmentindo algumas ideias que já estão encucadas na cabeça do leitor, como o fato de Santos Dummont não ter inventado o avião, ou o fato de quem matou mais índios foram os próprios índios, e não os portugueses durante a colonização.

Tomemos o personagem brasileiro histórico Zumbi, por exemplo. Lembram dele? Pra quem não lembra, de acordo com a wikipedia minha pesquisa, Zumbi dos Palmares foi o último dos líderes do Quilombo dos Palmares, o maior dos quilombos do período colonial. Segundo o autor, ele, o principal nome da luta contra a escravidão e da liberdade negra, tinha escravos, capatazes e mandava assassinar quem não aguentasse viver no Quilombo. O autor também afirma, baseado em suas referências, que o sonho dos escravos era ter escravos, e que os portugueses aprenderam com os africanos a comprar escravos. 

O livro também aponta outras ideias como a origem da feijoada ser europeia, contradizendo o senso comum de que a feijoada nasceu da mistura das comidas que os escravos recebiam, o feijão e os pedaços menos nobres do porco. Segundo o livro, os escravos não tinham o hábito de misturar feijão com carnes, e que isso veio do antigo Império Romano.


Muitos julgam o livro porque o autor não é historiador, e sim um ex jornalista das revistas Veja e Superinteressante. Eu acho que não tem nada a ver a profissão dele: tudo o que ele fala no livro é devidamente referenciado, a obra é cheia de referências bibliográficas de onde o autor tirou aquilo que ele está falando. Isso não quer dizer que tudo ali seja verdade, mas que Norloch não simplesmente inventou tudo o que está falando. 

Enfim, eu gostei bastante do livro, mostra que não se deve idolatrar nenhum personagem da história, pois o que se aprende na escola provavelmente é só uma pequena parcela do que realmente aconteceu. Não tenho uma ideia formada a respeito das ideias do livro serem verdade ou não, ou sobre as referências do autor serem duvidosas, pois não parei para conferir as trocentas referências do livro, mas para mim foi um ótimo livro, que realmente prendeu a minha atenção, e foi um ótimo entretenimento.

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