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Garota Exemplar: Quem é Amy? E onde ela está?



Autor: Gillian Flynn
Editora: Crow Publisher Group
Editora no Brasil: Intrínseca
Ano: 2012
Páginas: 448
Uma das mais aclamadas escritoras de suspense da atualidade, Gillian Flynn apresenta um relato perturbador sobre um casamento em crise. Com 4 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo o maior sucesso editorial do ano, atrás apenas da Trilogia Cinquenta tons de cinza , 'Garota Exemplar' alia humor perspicaz a uma narrativa eletrizante. O resultado é uma atmosfera de dúvidas que faz o leitor mudar de opinião a cada capítulo. Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy , Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele? 
Gillian Flynn lançou “Garota Exemplar” em meados de 2012 e desde então ele divide opiniões de diversos públicos. Seja pelo seu enredo, ou simplesmente pelo seu fim; há quem ame e há quem odeie. Sim, dessa forma radical. Eu faço parte do público que ama, e agora vou te explicar o porquê.

O livro é centralizado em dois personagens: Nick Dunne e Amy Elliot Dunne, marido e mulher. Gillian criou personagens interessantes, mas além de o livro ser descrito no ponto de vista dos dois, eles reúnem tantas características de personalidade, que se no meio do livro a cidade de Carthage explodisse e só sobrassem os protagonistas, não sentiria falta de nada.

Nick é sempre Nick. Ex-jornalista, professor, meio perdido e covarde, mas com muito charme para compensar. Amy, entretanto, não é apenas Amy. Dentro dela há a Amy Legal, a Exemplar, a Amy do diário, a descrita por Nick e a Amy Morta (E acredite, este não é um spoiler). 

Descrito em primeira pessoa, a maior parte de suas páginas são repletas de descrição da vida do casal ou do dia a dia do marido. Os diálogos, até pouco mais da metade, são apenas nas páginas de Nick e por mim tudo bem. Nick como um marido procurando sua esposa, é um ótimo jornalista. Cada linha de suas falas é repleta de desculpas para o casamento falido, ele não gosta de assumir a culpa de nada. E no vai e vem de argumentos e opiniões, você tem a liberdade quase obrigatória de escolher um lado. 
Em contrapartida, Amy colabora com a narrativa deixando um diário em que a história deles é contada desde o começo ao fim quando desaparece. Nessas páginas Amy é uma doce esposa dedicada. Acho muito difícil uma mulher que tenha lido (e tem ou teve problemas em seu relacionamento), não se identificar com as tentativas frustradas da protagonista de salvar seu casamento. 

 Foto: Maconfort

É exatamente aí um dos momentos cruciais para a formação de opinião dos leitores. Tenho reparado que muitos jovens leitores (e eu não falo de idade, mas aqueles que começaram a ler há pouco tempo) não gostam de narrativas com poucos diálogos. É importante que a história tenha certo dinamismo e ação. Mas não vou colocar a culpa apenas nesse nicho. Muitos leitores veteranos também não gostam, considerando cansativa uma narração muito alongada, se sentem de volta em casa em mais um “senta-que-lá-vem-história”. Eu, particularmente, amo esse tipo de leitura. Quanto mais se aprofundar na mente dos personagens, mais me tem. 

Dessa metade para o final, as coisas mudam de figura e justamente por isso, muitos leitores passam a partir daí a gostar da história e literalmente “não largar mais o livro”. Porque, e isso é um spoiler bem leve, agora estamos falando com a Amy de verdade, a partir do dia de seu desaparecimento. 

Sabe quando alguém diz “não a foi a maneira que disse, mas como disse”? Gillian exemplificou isso de forma genial. Não foi a reviravolta, mas como aconteceu. Disse algo semelhante na resenha de “O Último Olimpiano”: Para quem já leu seu estoque de suspenses, ou mesmo viu seu estoque de filmes desse tipo, a teoria para o que realmente acontece não é algo surpreendente, mas as razões foi o que fez Gillian ser um sucesso de vendas. 

Muitas pessoas acharam o final ruim, e esse foi um dos motivos pelos quais os leitores “odiaram” o livro. Esse é um grande problema em relação à opinião popular: Um livro não é apenas seu final, muito menos um livro de 448 páginas. É compreensível que um leitor se sinta enganado ao dedicar seu tempo e receber em troca uma resposta mediana ou muito ruim de sua expectativa, porém uma das coisas mais importantes em se ler, é interpretar. Não aquela aula chata que temos na escola, mas especular em sua própria mente os motivos e razões de o autor considerar aquele final apropriado. Analisar os personagens e entender a partir de suas personalidades se realmente havia alternativa. E, por que não, recriar um final melhor para você e para quem compartilha de sua opinião? Parte da magia de se ler é usar a imaginação, afinal.
“O amor é a infinita mutabilidade do mundo;
mentiras, ódio, até mesmo assassinato, tudo está atrelado a ele;
é o inevitável desabrochar de seus opostos,
uma magnífica rosa com um leve cheiro de sangue."
— Tony Kushner, THE ILLUSION
A principio não gostei do fim, esperava algo mais dramático e empolgante, mas reanalisando percebi que não poderia ser mais perfeito. Afinal de contas, Gillian mais que qualquer um entendeu seus personagens. E assim como Nick e Amy se conhecem mais que a qualquer outra pessoa no mundo, ela previu e disse exatamente o que eles teriam feito.
Nesse contexto, sua frase introdutória do livro “The Illusion” não poderia resumir melhor a história.


“Garota Exemplar” foi lançado ao cinema em Outubro. Não vi ainda, mas pelos trailers e imagens, Ben Affleck (Argo) e Rosamund Pike (Orgulho e Preconceito) foram a melhor escolha possível para protagonizar o longa. Para quem ainda tem oportunidade de assistir, eu recomendo! O filme é um sucesso de crítica. Mas para quem quer entender melhor a psicologia por trás dos personagens, o livro não poderia ser melhor.

3 comentários:

  1. Eu gostei muito do final, não é o final que eu desejaria, mas é o final compatível com a personalidade dos dois e por fim surpreendente.

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    Respostas
    1. É verdade! Depois de tudo, é muito difícil imaginar aqueles final. Mesmo que decepcione alguns, a autora surpreendeu de qualquer forma.

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  2. Vanessa, que legal ler que você achou o final perfeito porque eu também achei!

    Amei o livro e embora não esperasse um final naquele estilo percebi pouco depois que era o mais real que um autor poderia ter escolhido.

    Gosto desse estilo de escrita também, acho instigante tentar descobrir o que e como aconteceu antes que o próprio livro conte.

    Bem, é isso.
    Parabéns pela Resenha.
    Mari

    conchegodasletras.blogspot.com.br

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