Resenha: Simplesmente o Paraíso - Quarteto Smythe-Smith #1 Resenha: Uma Lição de Vida Resenha: Era uma Vez no Outono Resenha: Secrets and Lies
3

Ruth Rocha e Harry Potter, Clássicos vs best-sellers



Ruth Rocha trouxe à tona nesta semana uma questão extremamente polêmica: O que é literatura? Quando perguntada sobre os best-sellers com vampiros e bruxas, a autora que completa 50 anos de carreira foi direta:

“Isto não é literatura, isto é uma bobagem. É moda, vai passar. Criança deve ler tudo, o que tem vontade, o que gosta, mas eu sei que não é bom. O que eu acho que é literatura é uma expressão do autor, da sua alma, das suas crenças, e cria uma coisa nova. Esta literatura com bruxas é artificial, para seguir o modismo. Acho que o Harry Potter fez sucesso e está todo mundo indo atrás”

Opa, pegou pesado! Os fãs da amada saga Harry Potter, escrita por J.K. Rowling, não gostaram muito dos comentários e subiram tags nas redes sociais apoiando a história do bruxo. Antes de mais nada, o dicionário define literatura como o “conjunto das composições de uma língua, com a preocupação com a estética; o conhecimento das belas-letras [...]”, resumindo: é a arte de escrever e compor textos literários. Simples não? Nem tanto. 

Debates sobre o que é uma boa e péssima literatura não são tão atuais e muito menos amigáveis. O pior de tudo é que a preferência pessoal assume o controle da situação e os argumentos acabam pendendo para o superficial. É algo mais ou menos assim: "Enredo lixoso e sem fundamento. Odiei!Não percam tempo com essa merda, perdi uma semana da minha vida por nada!". Hm, todos têm o direito de odiar qualquer livro do mundo, mas vamos ser mais sensatos, não é mesmo? Posso adorar 50 Tons de Cinza e odiar Hamlet e O Conde de Monte Cristo ou vice-versa, mas isso nada mais é do que gosto pessoal e falta de identificação com a trama. Acontece com todo mundo.

Clássico ou best-seller?
A discussão entre literatura clássica versus best-sellers dá muito pano para manga. As contribuições das obras clássicas para a história e o desenvolvimento da literatura foram fundamentais, isso é inegável. Por outro lado, os best-sellers (principalmente os juvenis) são taxados negativamente como “sem conteúdo” e “repleto de clichês”. É a mesma coisa que comparar o gênero do romance com drama, não faz muito sentido, pois cada um possui características próprias.

Voltando a Ruth Rocha, acredito que a escritora tem suas razões para esses comentários polêmicos. Ela argumenta que é uma "moda passageira" e não acha errado esse tipo de literatura fazer sucesso, ou seja, associa claramente esses livros com o lucro e venda. Acredito que a autora quis falar, nada mais nada menos, que essas obras são feitas apenas para vender as histórias mirabolantes e irreais são inventadas para chamar a atenção dos jovens. São livros rasos, superficiais e que não os faz pensar, refletir ou não ensinam nada. Posso até ter entendido errado, mas de qualquer forma, é uma opinião extremamente pessoal, portanto deixem ela se expressar em paz, afinal, ela tem propriedade no assunto e não está nessa área há apenas 50 dias, são 50 anos.

Vale lembrar que após o termino de HP, Rowling seguiu novos rumos e está publicando livros totalmente diferentes do infanto-juvenil, mais puxados para o drama policial e o mistério. E mais: nada contra os escritores que vendem livros apenas pelo lucro, pois essa é a profissão e o ganha pão deles, fazer o que?

3 comentários:

  1. Eu gosto muito dos livros da Ruth Rocha, mas discordo completamente dela nessa questão.

    1. Não é ela quem decide o que é literatura e o que não é. Nem a ABL tem esse prerrogativa, imagina uma pessoa comum, mesmo escritora.

    2. Ela está julgando literatura infantojuvenil como se fosse Literatura Adulta (no sentido de voltada para público adulto, não necessariamente erótica), desde a Idade Média as histórias voltadas pra crianças são cheias de bruxas, vampiros e magia. Se dura desde a Idade Média, como é modismo?

    3. Nem todo livro aceito como Literário é "expressão do autor, da sua alma, das suas crenças". Edgar Alan Poe fala sobre isso em A Filosofia da Composição, onde ele narra como escreveu o poema e explica que é um trabalho mais reflexivo que indutivo e que não é um retrato da alma dele, como quem lesse poderia imaginar, é fruto de pesquisas e muita reflexão, quase como se estivesse fazendo um projeto de lógica-matemática.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Alessandro, concordo com seus argumentos. Os três pontos foram muito pertinentes.Também discordo do ponto de vista dela. Não sei se ficou muito claro no texto, pois não quis entrar ainda mais nessa confusão.

      Realmente, não podemos taxar um livro dessa forma: Ah, este é uma literatura e este outro não. Essa questão entra mais no ponto - boa x má literatura-, já que para ela os best sellers são bobagem (comentário totalmente pessoal).

      Ruth é escritora há 50 anos e deve ter suas razões para essa polêmica toda. Como disse no texto, é a opinião dela e respeito, apesar de não concordar. Ela tem seus argumentos (um pouco superficiais) a respeito do lucro desses livros e de que não ensinam nada aos jovens. Quem sabe não foi uma decepção dela com os infanto-juvenis ou apenas um desabafo? Sinceramente não sei, mas devemos deixar cada um com sua opinião e com suas preferências literárias. Afinal, gosto é gosto e literatura é muito mais do que palavras em um papel.

      Excluir
  2. Uma errata, Edgar Alan Poe narra como escreveu o poema O CORVO

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...