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A Travessia do Albatroz: Uma viagem histórica pelo Irã


Autor: Marcia Camrgos
Editora: Geração editorial (Ediouro)
Ano: 2007   
Páginas: 293
Nota: 4/5
Este livro é um romance baseado na história real de um jovem iraniano e seu melhor amigo. Contrariando normas rígidas, Kurosh Majidi (nome fictício) apaixona-se por Zibã, uma não muçulmana. Na direção oposta, seu amigo Behruz abraça o radicalismo xiita. Candidato a mártir, está disposto a morrer em nome de Alá, ainda que para isso tenha que sacrificar a amizade de infância. Convertido em militante radical, Behruz engaja-se no exército de Khomeini. Amante da liberdade, Kurosh evita as frentes de combate. Vê os amigos serem seduzidos pelo fanatismo, enquanto ele se distancia da fé. Quando a história assume proporções trágicas, Kurosh decide que chegou a hora de partir. Começa então sua epopéia, ponto central do livro. Kurosh aventura-se rumo à fronteira com a Turquia e acaba preso e torturado. Retorna à cidade natal, mas não desiste. Como um albatroz, a grande ave migratória, ele reúne forças, supera o medo e atravessa a cordilheira coberta de neve e infestada de lobos famintos.
A “Travessia do Albatroz” foi publicado em uma época que o público estava ávido por histórias que envolviam o Oriente Médio. Vários livros fizeram sucesso após os atentados das Torres Gêmeas, uma cultura tão diferente que entrou em voga principalmente porque não sabíamos ou não dávamos importância para aquela região.

Já faz 14 anos que os atentados aconteceram e 8 anos da publicação do livro, mas sua leitura continua interessante até hoje por mais um motivo: a quantidade de refugiados que aportam nos países europeus todos os dias, após enfrentarem riscos inimagináveis durante a travessia. Que desespero é esse que os fazem sair do único local que conheceram e se aventurar numa cultura completamente diferente?

Kurosh é um jovem de classe média Iraniana que atravessa para fase adulta durante a revolução Irã no final da década de 70. A época os jovens que se sentiam oprimidos pelo Xá e se incomodavam com a ocidentalização subestimaram o movimento islâmico do Aiatolá Khomeini e o levaram ao poder.

O movimento que Kurosh ajudou a instalar, a princípio enganado pelo seus amigos, levou ao fechamento de universidades, proibição de costumes ocidentais (música, livros e filmes) e a opressão feminina. Ou seja, os jovens que antes estavam acostumados a ouvir Beatles e os Rolling Stones passaram a viver num país fundamentalista e radical. Para piorar a situação do nosso protagonista, ele se apaixona por uma não muçulmana.

Devo dizer que me surpreendi pelo livro ser escrito por uma brasileira. Depois bateu pouco de preconceito do tipo: "como ela sabe dessas informações tão íntimas de uma família iraniana?”, mas eu lembrei que é um relato biográfico e que Marcia Camargos, que inclusive é historiadora, também escreveu o livro “O Irã sob o chador” e é mais que gabaritada para essa obra.

Não achei a sinopse adequada, não é uma história de amor e também não faz um paralelo entre a vida de Kurosh e do amigo que virou homem bomba, acho que é muito mais a história de um rapaz que não se adequava a um estilo de vida que lhe foi imposto. Ele vivia tão deprimido e sem perspectiva, que a única maneira de ser feliz, de viver plenamente era ir para longe de suas raízes.

É angustiante acompanhar a travessia de Kurosh e seu amigo Õrash para fugir, essa parte foi tão bem escrita que é impossível não pensar se não teria sido melhor eles permanecerem no Irã a enfrentar uma jornada até certo ponto suicida.

Enfim, lendo o livro é possível chegar a única resposta da pergunta feita no inicio da resenha: é a esperança que impulsiona as pessoas a tentarem uma vida melhor. 


8 comentários:

  1. Oi Nina, tudo bem?
    Ótima resenha. O livro parece conter uma história forte e ao mesmo tempo sofrida.
    E achei muito interessante que saber que foi escrito por uma brasielira.
    Bjus
    Lia Christo
    www.docesletras.com.br

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  2. Boo, a resenha ficou ótima! Esse é realmente um livro muito marca, mas concordo quando diz que a resenha não está adequada. Chamá-lo de romance é forte demais. Eles está muito mais para um drama que qualquer outra coisa.

    http://conchegodasletras.blogspot.com.br/2015/04/resenha-travessia-do-albatroz.html

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    1. Pois é, o livro é muito mais do que a sinopse apresenta, o romance é apenas uma das restrições que a vida lhe apresentou.

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  3. Oi Boo Nina, tudo bem?
    A resenha está muito boa!! Parabéns!
    Quanto ao livro parece ser ótimo, adorei livro de historias fortes e drama. O titulo e super bacana (adorei) e a capa também!
    Beijos ♥

    Livros Para o Chá das Cinco

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    Respostas
    1. Obrigada Ketelyn Oliveira. Um prazer ver vc por aqui.

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  4. Oiii, tudo bem??? Nossa, já se passaram 14 anos???? Puxa vida.
    Acho que eu ia gostar bastante do livro, já que gosto muito de livros com esse tipo de temática, mais realista e tudo mais. Dica anotada. A sua resenha também ficou muito boa. Parabéns !!!
    Um beijão
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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    1. Sim, muito tempo e o tema ainda gera curiosidade. Obrigada pela visita.

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