A Mais Pura Verdade: A aventura desesperada de um garoto com câncer

Autor: Dan Gemeinhart
Editora: Novo Conceito
Ano: 2015
Páginas: 224
Nota: 3/5

Sinopse: Em todos os sentidos que interessam, Mark é uma criança normal. Ele tem um cachorro chamado Beau e uma grande amiga, Jessie. Ele gosta de fotografar e de escrever haicais em seu caderno. Seu sonho é um dia escalar uma montanha. Mas, em certo sentido um sentido muito importante , Mark não tem nada a ver com as outras crianças. Mark está doente. O tipo de doença que tem a ver com hospital. Tratamento. O tipo de doença da qual algumas pessoas nunca melhoram. Então, Mark foge. Ele sai de casa com sua máquina fotográfica, seu caderno, seu cachorro e um plano. Um plano para alcançar o topo do Monte Rainier.Nem que seja a última coisa que ele faça. A Mais Pura Verdade é uma história preciosa e surpreendente sobre grandes questões, pequenos momentos e uma jornada inacreditável.

A Mais Pura Verdade foi um livro que me encantou pela capa e pela capitulação divertida. O livro retrata a vida de Mark, um garoto de 12 anos com câncer, que ao descobrir mais um retorno da doença ao seu corpo decide jogar tudo para o alto e partir em uma última aventura ao lado de seu cachorro, Beau, em busca da Montanha Reinier. A premissa me pareceu muito boa, imaginei que fosse sensível e emocionante, mas infelizmente tive uma grande dificuldade com o livro, e mesmo ele tendo poucas páginas, minha leitura se arrastou por uma semana inteira.

Mark é muito inteligente e muito ciente do mundo, apesar de ter 12 anos, ele já questiona questões importantes como vida e morte, suicídio, tempo e humanidade. Talvez por essa grande sabedoria dele a cerca desses temas seja muito fácil acreditar que ele é muito mais velho, mas ao mesmo tempo Mark tem alguns momentos de muita infantilidade e muita estupidez, o que acaba sendo meio confuso, mas funciona para nos lembrarmos que Mark nada mais é do que uma criança perdida.

Encaro a fuga dele como uma atitude desesperada de uma pessoa que já está esgotada de ter esperanças e vê-las sendo destruídas a cada ida e volta do seu câncer. No último retorno da doença ele simplesmente não aguenta mais o medo de morrer, a tristeza dos pais e a pena das pessoas, por isso ele foge para dar a si mesmo a chance de ser independente, tomar as próprias decisões e viver uma experiência única, algo que sua vida de câncer e cuidados nunca lhe permitiu.

Lembrei-me de ter quase desistido. Lembrei-me da minha tristeza se transformando em raiva, e da minha raiva se tornando outra coisa. Uma coisa melhor. Eu sabia qual deveria ser minha última frase: Deixe os lobos para trás.

Alguns pontos da aventura de Mark realmente são bacanas e emocionantes, como um momento em que ele e Beau caem em um rio corrente no meio da madrugada e lutam para não serem arrastados, e até mesmo os momentos em que ele alcança a montanha. Mas ainda assim só fui realmente começar a me envolver com o livro e gostar mais de Mark quando estava próximo do final. 

Não sei bem explicar o que dificultou meu envolvimento com o livro. Alguns pontos da aventura de Mark realmente são bacanas e emocionantes, como um momento em que ele e Beau caem em um rio corrente no meio da madrugada e lutam para não serem arrastados, e até mesmo os momentos em que ele alcança a montanha. Mas ainda assim só fui realmente começar a me envolver com o livro e gostar mais de Mark quando estava próximo do final. 

Achei bacana que os capítulos contam a distância de Mark ao pico do Monte Reinier

O único afeto que Mark realmente parece demonstrar é com Jessie e o cachorro Beau, não que ele não se importe com os pais, mas é como se eles fossem figurantes em sua vida, e em muitos momentos me pareceu que Mark tinha raiva deles por se importarem e sofrerem por ele. A personalidade de Mark foi uma das coisas que mais me incomodou, achei ele egoísta e meio contraditório em suas vontades, apesar de todas as suas atitudes serem absolutamente compreensíveis.

A Mais Pura Verdade possui boas frases de efeito, daquela que nos fazem refletir, mas se tratando de emoções, o livro é muito superficial e não aprofunda nem na dor do câncer, nem propriamente dito da aventura, é como se o tempo todo o autor patinasse entre os temas, sem necessariamente se aprofundar em nada. É difícil se conectar com o protagonista, é possível compreendê-lo, e muito fácil amar seu cachorro Beau, mas Mark é pouco cativante.

Os cachorros morrem, talvez. Mas uma amizade, não. Não se a gente não quiser que ela  morra. 

Fiquei um pouco decepcionada com o livro. A capa e a diagramação dos capítulos são lindas, o livro tem páginas mais grossas que dão um ar bacana às ilustrações, o formato dos capítulos é inovador, mas ainda assim esperava um livro mais envolvente. A escrita do autor é muito boa, mas acho que faltou um gancho que captasse melhor o leitor.