Ligeiramente Maliciosos (Os Bedwyns #2): Amor que nasce do acaso

Autor: Mary Balogh
Editora: Arqueiro 
Ano: 2015
Páginas: 288
Nota: 4/5

Sinopse: Após sofrer um acidente com a diligência em que viajava, Judith Law fica presa à beira da estrada no que parece ser o pior dia de sua vida. No entanto, sua sorte muda quando é resgatada por Ralf Bedard, um atraente cavaleiro de sorriso zombeteiro que se prontifica a levá-la até a estalagem mais próxima. Filha de um rigoroso pastor, Judith vê no convite do Sr. Bedard a chance de experimentar uma aventura e se apresenta como Claire Campbell, uma atriz independente e confiante, a caminho de York para interpretar um novo papel. A atração entre o casal é instantânea e, num jogo de sedução e mentiras, a jovem dama se entrega a uma tórrida e inesquecível noite de amor. Judith só não desconfia de que não é a única a usar uma identidade falsa. Ralf Bedard é ninguém menos do que lorde Rannulf Bedwyn, irmão do duque de Bewcastle, que partia para Grandmaison Park a fim de cortejar sua futura noiva: a Srta. Julianne Effingham, prima de Judith. Quando os dois se reencontram e as máscaras caem, eles precisam tomar uma decisão: seguir com seus papéis de acordo com o que todos consideram socialmente aceitável ou se entregar a uma paixão avassaladora? Neste segundo livro da série Os Bedwyns, Mary Balogh nos conquista com mais um capítulo dessa família que, em meio ao deslumbramento da alta sociedade, busca sempre o amor verdadeiro.

Não estava nos meus planos ler Ligeiramente Maliciosos por agora, mas (in)felizmente eu tive uma baita de uma insônia esses dias e resolvi ler este livro para ver se o sono vinha. O resultado foi que o sono não veio, mas eu consegui terminar a leitura desse livro em menos de 24 horas.
Segundo livro da série "Os Bedwyns", Ligeiramente Maliciosos traz como protagonistas o terceiro irmão da família, Rannulf Bedwyn, e Judith Law. Durante uma viagem rumo à casa da tia, a diligência (uma espécie de carruagem coletiva) em que Judith viaja sofre um acidente na estrada, por coincidência, Rannulf passa pelo acidente e resolve levar a moça consigo rumo à cidade mais próxima. Imediatamente atraídos um pelo outro, tanto Rannulf, quanto Judith, se apresentam com nomes e identidades falsas e se rendem um ao outro em uma aventura amorosa. 

Quando se reencontram, ambos com suas verdadeiras identidades assumidas, o baque de emoções é grande e todo o encantamento que havia no primeiro encontro é substituído pela raiva e desilusão de ambos. É como se eles voltassem a ser desconhecidos, mas ao mesmo tempo seduzidos pela curiosidade despertada pelas lembranças.

A Judith foi uma personagem que me cativou logo de início por ser muito criativa e sonhadora na medida certa, sem ser tonta. Secretamente apaixonada por atuação, ela abusa da criatividade para criar aventuras na mente, além de que ela atua muito bem. O problema é que por sua família estar passando por dificuldades financeiras, ela é enviada para ser uma espécie de criada de luxo dos parentes ricos, e por ser alta, curvilínea, ruiva  e muito bonita, a tia a obriga se vestir como um saco de batatas e a humilha o tempo todo. 

Pobre Judith, nunca debutou, mesmo sendo anos mais velha do que eu. Como deve ser inconveniente e desagradável para você não ser capaz de transitar na alta sociedade. Mamãe diz que seu caso não seria tão desesperador se o tio houvesse feito um casamento mais vantajoso. Como você tem sorte por ter sido convidada a morar aqui, onde pelo menos poderá ver pessoas de criação superior.

Quando ela começa a se descrever como alta, de seios fartos, quadril largo, cintura fina e cabelo ruivo eu já fui pensando "UAU GATONA, ME POSSUA!" mas então ela arremata a descrição com um "ou seja, feia", eu fiquei chocada. O fato de ser diferente do perfil de garotas delicadas e magrinhas da época e ser frequentemente escondida pela família cria na mente de Judith uma baixa autoestima terrível, ela sente muita vergonha de si mesma, o que acaba sendo muito triste.

Diferente de Aidan, protagonista de Ligeiramente Casados, Rannulf é mulherengo e descompromissado, além de odiar todo o tipo de festas e cerimônias da sociedade. Mas ele mostra ser muito carinhoso com a família e muito crítico. Apesar de ter se encantado com a mentira que Judith criou, ele leva um bom tempo julgando e ponderando sobre o seu caráter.

O que eu achei mais interessante em Ligeiramente Maliciosos foi a forte crítica ao comportamento fútil da alta sociedade da época, algo que ficou mais em evidência na personagem de Julianne, prima rica da Judith, que só tem cabeça para vestidos, festas, cortejos e títulos, o que infelizmente é visto como o comportamento ideal de todas as moças daquela época. 

Apesar de ter alguns clichês do gênero, tais como personagem masculino que sempre surge quando a mocinha está em apuros ou a diferença de classes sociais dos protagonistas, achei Ligeiramente Maliciosos um livro muito gostoso de ler. Os personagens são muito bem construídos e bem entrelaçados, o romance não é algo frívolo, mas sim envolvente. As cenas picantes são muito bem feitas, nem um pouco vulgares, e arrancam suspiros do leitor. 

Essa foi a grande surpresa desses últimos dois meses: o amor não é físico, mental ou emocional. É maior do que qualquer uma dessas coisas. É a verdadeira essência da própria vida, não concorda? Esse grande mistério que não se pode expressar, que passamos a compreender melhor através da descoberta do ser amado. Ajude com isso, Judith. Estou falando tolices?