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A Mesa Voadora: a gastronomia despretensiosa e hilária de Veríssimo


Autor: Luis Fernando Veríssimo
Editora: Objetiva
Ano: 2001
Páginas: 156
Nota: 4,5/5
Sinopse: A Mesa Voadora traz uma seleção de 47 crônicas recheadas com dicas bem humoradas de quem transita com a mesma desenvoltura por sofisticados bistrôs de Paris ou pastelarias de beira de estrada. Apesar de não entender nada de cozinha, Luis Fernando Veríssimo entende bem, e muito, de comida. Neste livro o autor escreve deliciosamente sobre suas memórias gustativas. Delicie-se com este cardápio recheado de crônicas de dar água na boca!
Aviso importantíssimo aos navegantes: não leia esse livro com fome! Durante a leitura tive uma vontade gigantesca de comer sanduíches, brownies e doces diversos, mas não precisa se preocupar com sua barriga roncando. Vá na fé e confie no seu estômago! Veríssimo nos mostra aspectos e pontos de vista no mínimo curiosos sobre a culinária, restaurantes e alimentos diversos. 



O Buffet é a primeira crônica e uma das que mais gostei. O autor brinca com os leitores sobre como se comportar em um buffet, suas vantagens, desvantagens e as batalhas que enfrentamos nesta situação, desde "garfar" as costelas do coleguinha que fica parado na fila analisando os pratos, até se estapear por aquele belo camarão. Por trás de todo esse humor há uma crítica sutil as pessoas que frequentam esses locais. Não apenas esse título em particular, mas todo o livro contém sempre um tom crítico, não deixando de lado a leveza e o lado cômico característicos do cronista.


E quem nunca teve que passar pelo vexame de atrair a atenção de um garçom que insiste em não olhar para cá? É dos piores momentos da humanidade. Você levanta o braço para um aceno, o garçom não olha e você tem que improvisar: passa a mão no cabelo, coça a nuca, finge que está espantando uma mosca ou que viu um conhecido lá no fundo. “Oi, tudo certinho?” Tenta outra vez, o garçom continua não olhando, e é outro conhecido que você descobre no restaurante. 

Uma das situações mais engraçadas de A Mesa Voadora foi a revolta contra a pobre da salsinha não apenas uma, mas duas vezes no livro. A crônica fala que o tal "supérfluo verde" é apenas mero enfeite na comida e não serve para mais nada além disso. 

A criatividade do autor em transformar situações inesperadas e ignoradas por nós (como salsinhas e champignons) é algo admirável, ainda mais se tratando de comida. Veríssimo também narra suas experiências pessoais em viagens aos restaurantes da França, Alemanha, Londres e do Brasil. Só não entendi muita coisa das expressões francesas recorrentes e sem tradução, além de outras questões um pouco mais específicas do mercado da culinária mundial e que os leigos no assunto podem não entender muito bem, mas nada que atrapalhasse a leitura totalmente.

A seleção de crônicas não segue uma sequência cronológica, portanto você verá a mesma história ou até a mesma situação em mais de um dos títulos do livro. Nada muito irritante, mas você percebe uma repetição de fatos pelo menos umas duas vezes. Pelo menos o autor avisou previamente que não se responsabiliza pelas confusões que isso poderia gerar.

A Mesa Voadora é um livro delicioso e perfeito para tardes monótonas ou domingos aleatórios. Nem todas as crônicas são interessantes e engraçadas, pois a junção de mais de 40 histórias sobre o mesmo tema pode cansar até os mais entusiasmados, mas a maioria nos traz boas sensações. Destaco ainda outras das que mais gostei: Com champignon, A Fortuna (ótima!), Costela Marinada, Meninos (nostalgia total), A mesa e A Gorjeta é livre. Prepare os pratos, as talheres, a barriga e se delicie com Veríssimo.

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