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Robocop: A Origem – O Policial do Futuro e os Problemas de Sempre



Título Original: Robocop 
Direção: José Padilha 
Roteiro: Oshua Zetumer, Edward Neumeier & Michael Miner 
Ano: 2014 
Duração: 117 min 
Gênero: Ficção Científica, Ação, Drama 
Nota: 3,5/5
Sinopse: Em um futuro não muito distante, no ano de 2028, drones não tripulados e robôs são usados para garantir a segurança mundo afora, mas o combate ao crime nos Estados Unidos não pode ser realizado por eles e a empresa OmniCorp, criadora das máquinas, quer reverter esse cenário. Uma das razões para a proibição seria uma lei apoiada pela maioria dos americanos. Querendo conquistar a população, o dono da companhia Raymond Sellars (Michael Keaton) decide criar um robô que tenha consciência humana e a oportunidade aparece quando o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) sofre um atentado, deixando-o entre a vida e a morte.
A refilmagem de José Padilha tem a mesma premissa que o original de 1987, mas é uma obra diferente – há homenagens ao primeiro e o nome do protagonista é o mesmo, só que é outro filme – e isso é muito bom! 

Quando o primeiro filme foi lançado, a ideia de um robô com o cérebro de um homem de verdade era original e revolucionária, além disso, despertava questões filosóficas ainda pouco exploradas no cinema, tipo o que é ser um humano? Ou, uma pessoa no corpo de um robô ainda é uma pessoa?

Hoje em dia, tudo isso já está muito saturado, só da franquia Robocop foram feitos 3 filmes e um seriado, isso fora outras obras com essa temática, como O Exterminador do Futuro 2: O Dia do Julgamento e Eu, Robô. Por isso, considero acertada a decisão de Padilha de fazer algo diferente, apesar de por um lado parecer tão igual: uma Detroit corrompida pela corrupção, na qual um policial honesto é “morto” e tem sua vida salva por uma empresa que quer usá-lo para criar o policial perfeito, meio homem meio máquina.

A diferença está no enfoque do porquê isso foi feito: dessa vez não é apenas o combate a violência, fica claro desde o início que a Omnicorp deseja apenas mudar a opinião pública sobre o uso de droides; e nas motivações de Alex/Robocop, no filme de 1987 ele demora a descobrir quem é e aceitar isso, no de 2014 todo mundo, inclusive ele, já sabe quem ele é e seu problema é quem controla, o homem ou a máquina, além de questões filosóficas sobre consciência e livre arbítrio.

Podem ser mudanças sutis, mas trazem novos questionamentos e outras análises, nessa nova versão não são recriminados apenas políticos corruptos e empresários corruptores – a crítica se estende ao poder da mídia de manipular a opinião pública e até mesmo de mudar as leis, tudo em nome do interesse de grandes empresas como a Omnicorp. 

Como em Tropa de Elite 2 em relação ao primeiro filme - por ser o mesmo diretor a comparação é válida - esse remake também mostra que o problema é mais sério do que aparece à primeira vista. No tropa 2, o Coronel Nascimento percebe que o problema não é apenas os traficantes de drogas em si, mas todo um sistema que se sustenta sobre as comunidades que precisam viver onde o Estado não chega e como consequência buscam nos traficantes os serviços que o Estado não lhes fornece, tirando os traficantes o problema continua e as milícias prosperam porque os substituem no fornecimento desses serviços.

No filme de Padilha também percebemos que o problema vai além de policiais corruptos e bandidos que compram os policiais – pois quando o Robocop demonstra que tem a capacidade de desvendar os esquemas por trás dessa corrupção, ele é visto como uma ameaça aos políticos que se beneficiam desses esquemas. Como explica o assistente de Raymond Sellars, o presidente da OCP:
O tiroteio na delegacia assustou os políticos. Temos que responder aos clientes. Ficam tranquilos quando uma máquina reduz a taxa de homicídios... mas, quando um homem investiga a política, ficam nervosos
Não é um filme chocante com o primeiro, em termos de violência e inovações dramáticas, mas considero como um filme mais maduro e interessante. Ambos são muito bom, cheios de ação e com boas histórias e valem a pena serem assistidos e analisados.

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