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A Cidade do Sol - Uma bela amizade no meio do horror


Título original: A thousand splendid suns
Autor: Khaled Houseini
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2007
Páginas: 368
Nota: 5/5
Sinopse: Mariam tem 33 anos. Sua mãe morreu quando ela tinha 15 anos e Jalil, o homem que deveria ser seu pai, a deu em casamento a Rashid, um sapateiro de 45 anos. Ela sempre soube que seu destino era servir seu marido e dar-lhe muitos filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos.
Laila tem 14 anos. É filha de um professor que sempre lhe diz: "Você pode ser tudo o que quiser." Ela vai à escola todos os dias, é considerada uma das melhores alunas do colégio e sempre soube que seu destino era muito maior do que casar e ter filhos. Mas as pessoas não controlam seus destinos. Confrontadas pela história, o que parecia impossível acontece: Mariam e Laila se encontram, absolutamente sós. E a partir desse momento, embora a história continue a decidir os destinos, uma outra história começa a ser contada, aquela que ensina que todos nós fazemos parte do "todo humano", somos iguais na diferença, com nossos pensamentos, sentimentos e mistérios.

Apesar da maioria dos romances, como o próprio nome diz, serem sobre um casal apaixonado que faz de tudo para ficar junto. Existem outros tipos de romances, como o deste livro, que conta uma história de amor diferente, o amor de duas amigas, sem nada de romântico ou sexual nisso.

A vida no Afeganistão nunca foi fácil para as mulheres, principalmente do começo da década de 1990 até meados do século XXI, período em que os talibãs governaram o país.

Mariam já era adulta nessa época, ela era uma filha bastarda de Jalil, um homem rico que vivia com outra família e, por isso, não queria saber dela; e Nana, uma uma mulher transtornada que havia engravidado quando era empregada de Jalil, achando que ia se casar com ele.

Quando a mãe de Marian morre, o seu pai não sabe o que fazer com a menina e por isso a dá em casamento a Rashid, um sapateiro muito mais velho que ela, a garota não queria se casar com um estranho, mas isso não conta muito na cultura afegã e ela acaba casando assim mesmo.
― Não quero – disse Mariam, e olhou para Jalil. - Não quero me casar. Não me obriguem a isso. - Odiava aquele tom choroso e suplicante que percebia na voz, mas não conseguia evitá-lo.

No começo Rashid é relativamente carinhoso com ela, porém ela não consegue ter filhos e logo ele começa a maltratá-la.

Se a história acabasse aí, seria um livro interessante que mostra as dificuldades pelas quais as mulheres muçulmanas passam e como a vida delas foi dura, durante o reinado de terror talibã, o tipo de livro que deixa o leitor aflito porque se sente impotente diante de tanto horror e injustiça.

Mas A Cidade do Sol é mais do que isso! Paralelamente à história de Mariam somos apresentados à Laila, outra mulher que mora em Cabul (A capital afegã) na mesma época, só que tem um destino completamente diferente: filha de uma família abastada, era uma jovem, bonita e educada menina, que frequentava a escola (antes dos talibãs proibirem) e era apaixonada por um amigo.

O destino cruza a vida das duas, no começo se estranham mais passam por muitas situações difíceis juntas, e logo se tornam grandes amigas! É uma amizade bonita porque percebemos que elas se interessam mesmo uma pela outra e fazem de tudo para se ajudarem, afinal estão sozinhas contra o mundo em um país onde não podem nem sair de casa sem um homem.

Diferente de “O Caçador de Pipas”, o primeiro livro de Khaledi Houseini, onde um homem adulto está lembrando de sua infância e o leitor já sabe que deu tudo certo; nessa obra não há digressões, não há como saber que elas vão ter um final feliz e, por isso, só resta ao leitor torcer pelas duas.

Esperança é que motiva Laila e Miriam, elas perdem tudo e vivem em um ambiente totalmente hostil, sem direitos a nada – nem mesmo os seus corpos, mas sempre mantém a esperança que podem melhorar sua realidade, que Cabul possa realmente se tornar uma cidade de “mil sóis resplandecentes” como diz um poema que Laila conheceu quando ainda frequentava a escola. Se elas, apesar de tudo, ainda podem manter essa chama acessa, fica essa mensagem ao leitor: não desista, por pior que sua vida possa parecer – se dê o direito de acreditar que tudo pode melhorar. Uma grande mensagem,nota 5.

2 comentários:

  1. Esse livro é maravilhoso e me fez chorar muito. A realidade vivida pelas mulheres, a manipulação sofrida pela personagem principal, a cumplicidade que se criou mesmo que involuntariamente, fruto da necessidade de sobrevivência.... Triste demais. Lindo demais.

    Mari Ramos

    conchegodasletras.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Verdade Mari,o que mais eu admiro na Mariam é a força dela. Desde pequena, sempre teve tudo contra, mesmo assim ela não se desespera e nem deprime - um exemplo de guerreira.

      Obrigado pela visita.

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