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Razão e Sensibilidade: Um crítica ao comportamento humano


Autor: Jane Austen
Editora: Martin Claret 
Ano: 2010 (Original de 1811)
Páginas: 631 (233 apenas o Razão e Sensibilidade)
Nota: 4/5
Sinopse: Na Inglaterra, no século XIX, as irmãs Dashwood ficam desamparadas com a morte do pai, que deixara suas propriedades em Norland ao filho do primeiro casamento. Mudam-se para um chalé em Devonshire, oferecido por um primo da viúva. A autora não faz concessões à sociedade da época, traçando um painel mordaz de tipos interesseiros, cujo objetivo de vida consiste em obter meios de enriquecer e projetar-se socialmente, seja herdando fortunas, seja casando-se por conveniência.Depois de duas semanas de férias (e algumas outras sem postar por falta de tempo) finalmente voltei pra minha coluna de terça. Nessas duas semanas no escuro aproveitei para tirar o atraso das minha leitura e devorei loucamente cinco romances de época porque eu estava morrendo de saudade desse gênero maravilhoso. E o primeiro livro que li nas minhas férias foi um dos maiores clássicos da literatura: Razão e Sensibilidade, de Jane Austen.
Ganhei esse livro dos meus colegas de trabalho, é um 3 em 1 da editora Martin Claret com Razão e Sensibilidade, Orgulho e Preconceito e Persuasão, os livros mais famosos da autora. Eu sou o tipo de leitora que não tenho problemas com livros, sendo bem traduzido, bem diagramado e com um material de qualidade para mim é o que importa. Portanto, não tive problemas em ler esse livro, que tem a fonte um pouco pequena e juntinha, mas é só isso que tenho a reclamar dessa edição, tanto as páginas quanto a capa são de material excelente e li sem nenhum problema.

Me surpreendi com a qualidade do texto de Jane Austen. Diferente de muitos clássicos da mesma época, Austen escreve com clareza, sem palavras espalhafatosas e transmite críticas e pensamentos inteligentíssimos, mostrando que não é preciso enfeitar um texto para que ele seja rico. 

A obra conta a história da família Dashwood, composta por uma mãe e suas três filhas, que ao serem despejadas pelo herdeiro da casa em que vivem são acolhidas por um parente e se mudam para um chalé simples perto das montanhas. O foco da história fica em Marianne e Elinor, as duas filhas mais velhas da Sra. Dashwood. Ambas já chamam muito atenção por possuírem intelecto acima da média, mas o mais marcante é a oposição entre a personalidade das duas. 

Enquanto Marianne é uma garota fervorosa que ou ama ou odeia, sem meio termos, e que defende profundamente os sentimentos arrebatadores, a arte, a leitura, a intensidade e a comunicação explícita e apaixonada, Elinor é o completo oposto. Mais velha e mais sensata, Elinor não é boa em expressar sentimentos, apesar de que os sente. Ela é mais analítica e mais crítica em relação às intenções das pessoas do que Marianne, além de também mostrar mais maturidade.
Eu não poderia ser feliz com um homem cujo gosto não coincidisse em tudo com o meu. Ele tem de entrar em todos os meus sentimentos; os mesmos livros, a mesma música devem nos encantar. - Marianne

O livro é um relato das paixões e decepções das duas irmãs, mas principalmente traz um retrato da sociedade e uma crítica especial ao comportamento da época. Mulheres incapazes de manter um diálogo que não seja relacionado aos filhos ou à futilidades, pessoas interesseiras, capazes de abrir mão da própria felicidade em troca de bons casamentos. Jane Austen identifica essas pessoas e destaca suas futilidades na mesma medida que mostra a sensatez e a sensibilidade de Elinor e Marianne diante disso tudo.

Eu não gostei muito da personagem da Marianne, pois achei ela tão convicta de si mesma e de sua paixão, que chega a ser cabeça dura e imprudente, mas dou o braço a torcer e assumo que ela é responsável pelas melhores tormentas emocionais do livro. Me identifiquei com Elinor e com seu sofrimento silencioso, achei ela uma personagem muito nobre e com muita noção do mundo à sua volta, mas sem perder seu jeito sensível e sua capacidade de amar as pessoas.
Às vezes somos guiados pelo que dizemos de nós mesmos e com muita frequência pelo que as outras pessoas dizem de nós, sem que paremos para refletir e julgar. - Elinor
Não é um livro com muitas reviravoltas ou uma trama "agitada". É um livro bastante descritivo, que mostra o dia a dia da época e retrata vidas "normais". Quem não gosta de livros desse tipo provavelmente não irá gostar de Razão e Sensibilidade. Achei a obra muito perspicaz e eu, particularmente, gosto muito de livros descritivos quando eles são ambientados em outra época/universo, pois despertam minha imaginação. A crítica que há nas entrelinhas faz que com que o livro seja atemporal, afinal, apesar dos costumes terem mudado, grande parte das pessoas continua tendo a mente vazia. 


Quando unidas, as orelhas do livro formam a imagem de Jane Austen. O retrato foi feito por um autor desconhecido, baseado na aquarela feita pela irmã da autora, em 1810.
O livro ganhou em 1996 uma adaptação para o cinema sob direção de Ang Lee (As Aventuras de Pi, O Tigre e o Dragão). O filme, que teve Kate Winslet no papel de Marianne e Emma Thompson no papel de Elinor, foi muito aclamado pela crítica, tendo recebido o Oscar de melhor roteiro adaptado e o Globo de Ouro de melhor filme no gênero drama. Hugh Grant e Alan Rickman também atuam no filme.
"Amor não é amor, se quando encontra obstáculos se altera, ou se vacila no mínimo temor."

4 comentários:

  1. Ainda não li Razão e Sensibilidade, mas tenho muita vontade por ter adorado Orgulho e Preconceito. Gosto do modo como Jane critica a sociedade em que viveu e seus costumes, mas principalmente sua escrita, que apesar de não possuir grandes adornos, é envolvente e conquista gerações.
    Acredito, a partir de sua resenha, que irei me identificar mais com Elinor do que com Marianne, provalmente por ver pontos em que somos parecidas.
    Adorei a resenha, está ótima.
    Abraços

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  2. Oiii, tudo bem??? Nunca li nada da autora, mas tenho muita vontade já que só leio elogios. Tenho Orgulho e Preconceito aqui para ler, mas ainda não consegui :P
    Adoro livros que criticam a sociedade então acredito que ia curtir muito o livro :)
    Adorei seus comentários
    Beijos
    http://profissao-escritor.blogspot.com.br/

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  3. Eu me identifico com a Elinor. Queria ela tivesse ficado com o coronel Brandon. E eu achei que, apesar da Jane ser ótima escritora, poderia ter dado a Marianne um final mais detalhado, mostrar como ela decidiu se casar com o coronel. Pq pra mim, a Jane meio que só empurrou a história dos dois. Mas eu amei o livro.

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  4. O livro destaca muito bem o que acontecia na sociedade na época e tbm hoje, com Elionor cheguei a conclusão de que amor e felicidade nem sempre é dinheiro, q a alegria das pequenas coisas por mais simples qnseja supera todo o resto, porém identifiquei as injustiças da vida, pois Elionos sempre foi sensata, escondia sua dor e suas vontades sendo assim muito altruísta somente para consolar a dor de seus amados, no julgava sem olhar os dois lados, era uma pessoa que merecia estar em mais alta conta assim como seu amado Edward que sempre foi honrado e honesto, mas mesmo assim olhando de um aspecto tanto monetario como intectual e de caráter,seus esforços não foram reconhecidos e ficaram subjugados enquanto outros que trapaceavam como Robert e Lucy foram bem mais beneficiados, mas a história traz uma reflexão incrível sobre a sociedade.

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