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Frankenstein ou o Moderno Prometeu – Quem é o verdadeiro monstro?


Autora: Mary Shelley
Editora: Martin Claret
Ano: 2009 (Original de 1818)
Páginas: 256
Nota: 5/5

Sinopse: O brilhante estudante de ciências naturais Victor Frankenstein, obstinado em produzir vida a partir de matéria morta, cria em seu laboratório um homem com restos de cadáveres roubados de um cemitério, mas a criatura tem uma aparência horrorosa e é abandonado e temido por isso.
 Se você nunca leu esse livro, um aviso: esqueça todos aqueles clichês da televisão sobre essa história, a criatura não se chama Frankenstein, não tem a pele verde com parafusos na cabeça e é um homem muito inteligente e argumentativo. E embora esteja associado a histórias de horror, a sua classificação é controversa, é considerada a primeira obra de ficção científica da história e tem elementos de drama, suspense e até filosofia. 

Este é um livro inovador e complexo, embora sua autora tivesse apenas 19 anos quando escreveu, que aborda diversos temas ao longo do texto, a começar pela epígrafe que cita Paraíso Perdido de John Milton:
Pedi eu, ó meu criador, que do barro

Me fizesses homem? Pedi para que

Me arrancasses das trevas?

(O Paraíso Perdido, X, 743-45)

explicitando o principal questionamento da obra, a responsabilidade do criador com sua criação. O Paraíso Perdido é um poema épico, no qual o autor imagina Adão e Lúcifer questionando a Deus, como eu já disse na introdução, a criatura (ele não tem nome, sendo sempre tratado por criatura, monstro ou algum termo nesse sentido por Victor Frankenstein, o cientista que lhe deu vida) é um homem muito inteligente, e esse poema de Milton é uma dos livros que lê, e assim como Adão questiona a Deus, ele também interroga seu criador pelos erros que este cometeu com ele.

A sociedade também não é poupada de críticas: preconceito, ingratidão e injustiça são temas relevantes. A princípio, o ser é bondoso, mas como foi montado com restos de cadáveres roubados do cemitério e costurados, sua aparência é tão horrorosa que fez todos se afastarem, até mesmo o Victor, quando o viu criando vida, ficou com tanto medo quee fugiu daquele ser que ele mesmo havia construído, sem ao menos lhe dar um nome ou alguma explicação sobre quem e o que ele é. Tanto preconceito o deixou solitário e amargurado, de modo que passou a temer e evitar o ser humano, conforme ele mesmo explica quando consegue confrontar o seu criador;

Devo respeitar o homem, quando ele me despreza? Se ele fosse bondoso comigo, eu, em vez de maltratá-lo, o cobriria de benefícios, com lágrimas de gratidão por me haver recebido. Mas isso é impossível; os sentidos humanos constituem barreiras intransponíveis para a nossa união.
 
Outro elemento neglicenciado no mito popular, o segundo título, também traz reflexões – Prometeu foi o Titã que roubou o fogo dos deuses e deu aos homens, e Zeus (que temia que os mortais ficassem tão poderosos quanto os próprios deuses) teria então punido-o. O fogo é uma metáfora para o progresso científico, se o homem pudesse criar uma vida, ele se igualaria a um deus, e certamente seria punido.

E essa punição acontece, o fruto da obra do Dr. Frankenstein o leva à ruína, a criatura destrói a vida de Victor e mata todas as pessoas que ele ama, por isso ele persegue o monstro pelo mundo inteiro, eles devem se enfrentar e um precisa matar o outro para conseguir viver.

É difícil saber para quem torcer no final, embora nenhum dos dois seja um monstro de de verdade, também não são heróis: ambos são homens que sofreram muito e provocaram muito sofrimento. É uma leitura muito interessante, pena que as adaptações no cinema, e outras mídias, não fizeram jus à sua profundidade filosófica.

3 comentários:

  1. Oi Alessandro, tudo bem?
    Já assisti a várias adaptações do livro, mas nunca tive a curiosidade de ler o livro.
    Lendo sua resenha, percebi que a leitura pode ser bem interessante.
    Vou anotar a dica.
    Abraço.
    Lia Christo
    www.docesletras.com.br

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  2. Putz... amei! Simplesmente amei a sua resenha e agora tenho necessidade de ler esse livro. Entenda bem a que ponto sua resenha despertou meu interesse; não é vontade de ler o livro, é necessidade.

    Acho que irei indicá-lo para debate no 2 Caras quando chegar minha vez. rs.

    Parabéns pela resenha!
    http://conchegodasletras.blogspot.com.br/2015/07/resenha-beleza-de-um-cactos.html#more

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  3. Mari coloca sim ela para o debate, tb qro ler e está na minha lista de 1001 livros para ler antes de morrer e vc vai antecipar minha leitura colocando ele como sugestão de debate.

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