Segundo capítulo galera! Espero que gostem e que possam opinar!
Como tinha dito, abaixo segue a
classificação do capítulo e até a próxima moçada!
Bjs
Identificação de Leitura desse capítulo:
Livre
Chego à casa dos Hamilton e a
senhora Bradley, antiga funcionária da casa, que cuida de Emilly desde que sua
mãe faleceu, me avisa que ela está no quarto e que eu poderia subir. Atravesso
a sala e vou em direção à escada, subo os degraus devagar observando tudo e
estava exatamente como eu me lembro.
Bato na porta e escuto Emilly
gritando: - Vai embora, quero ficar sozinha!
- Sou
eu Emilly! – ouço o trinco da porta se abrir, ela me pega pelas mãos e me puxa
rapidamente para dentro de seu quarto. – O que houve?
- Papai
está me perturbando, não consigo ficar em paz.
Ela me aponta a cama e eu me
sento ao lado dela. – Mas você tem que relevar, sabe que seu pai sempre foi um
homem duro e protetor, ainda mais com a única filha dele.
- Eu
sei Norah, mas ele me protege demais, não posso fazer nada, nem ir à igreja
sozinha ele me deixa. Eu entendo sua proteção, mas de nada vai adiantar ele
ficar gritando comigo, eu amo Edgar. – diz ela olhando para as próprias mãos.
- Eu
sei minha amiga, eu sei... – pego as mãos de minha amiga - mas me diga como foi
que o senhor Poe morreu? – ela se levanta e vai até a janela. – Desculpe Emilly
não precisa responder, foi indelicadeza da minha parte.
-
Não,
você não estava aqui pra saber, mas o doutor Clemments não encontrou nada. –
fala voltando a sentar na cama.
- Como
assim, nada? Algo há de ter matado o senhor Poe!
-
Ninguém
encontrou nada Norah. Edgar deve ter morrido de problemas causados pelo absinto
ou sei lá o que. Papai disse que foi a bebida que o matou! - eu olho para ela
não acreditando que uma pessoa possa morrer e não ter nada que indique do que
foi. – Mas mudemos de assunto, não quero falar de tristeza, já bastam às
lágrimas que ainda me sobraram...
- E
do que gostaria de falar? Alias seu presente! – entrego uma pequena caixa
quadrada cor de vinho com um laço branco. – Espero que goste da cor!
Ela abre a caixa com delicadeza
e vê um lenço que havia gostado. – Não acredito! Você se lembrou da echarpe! Só
você Norah! Não sei como agradecer.
-
Acabou
de fazer. – ela me abraça e sinto seus braços me apertarem. – Vai passar amiga,
logo tudo isso vai ser apenas uma lembrança, fique calma.
Ela me solta. – Sinto saudade
dele.
-
Eu
sei... mas vamos mudar de assunto! Será que seu pai deixaria você ir comigo
para Londres dessa vez?
-
Você
não veio para ficar?
Eu vou até a janela e além de
ver o jardim vejo a rua. – Não. Eu só vim por você minha amiga, mas pretendo
voltar a Londres o mais rápido que puder.
-
E
porque isso? E o senhor Fields? O que ele disse sobre isso?
Eu me viro para Emilly que
continuava sentada na cama. – Ninguém sabe ainda, só você.
- Como pode fazer isso Norah? Você não pode ir agora!
- Como pode fazer isso Norah? Você não pode ir agora!
-
Não
vou embora amanhã, mas na semana que vem...
-
Não
vou deixar ires assim.
-
Já
estou certa disso Emilly, não tem volta.
-
E
se o senhor Fields lhe pedir que fique? – Emilly faz cada pergunta, eu sei que
Emmett não iria sugerir que eu ficasse, quando eu tomei a decisão de ir para
Londres ele mal falou comigo.
-
Ele
vai fazer a mesma coisa da primeira vez... nada!
_
Impossível!
Ele vai impedi-la tenho certeza disso! – dizia ela convicta da atitude do
inspetor.
-
Emilly,
Fields não me ama, já decidimos que cada um iria seguir seu caminho com a minha
viagem. Eu achei que quando fosse contar a ele que iria para Londres, que fosse
me impedir, implorar, sei lá, me dizer algo, mas ele ficou mudo, ou fingiu que
não me ouviu.
-
Acho
que você se engana com seu pretendente. Quando você foi de viagem encontrei com
ele algumas vezes na rua e sempre me perguntava de você.
-
O
que, por exemplo? Que eu fui sem falar com ele, que eu não o amava?? – digo um
pouco exaltada.
- Ele
me perguntou se eu sabia quando você voltaria e se eu falava com você.
_
E
o que você disse?
_
Que
você me escrevia a cada quinze dias, só isso. – ouço, mas acredito que Emmett
não estava tão interessado assim, se estivesse teria impedido o meu embarque
naquele navio!
-
Ele
poderia ter me impedido, porque não o fez?
-
Eu
vou saber? Você precisa falar com ele, e nada melhor do que agora!
-
Agora?
Porque agora?
-
Porque
você está me visitando oras!
-
Emilly!
-
Ninguém
precisa saber que você não está aqui, vá até a delegacia e fale com ele já
passou da hora de vocês conversarem!!
Emilly sempre me enche com
essas coisas, mas de certa forma ela tinha razão! Uma hora ou outra eu teria
que conversar com ele, mas não sei se queria que fosse agora. – Acho que vou
deixar para amanhã. Hoje vou para casa, papai estava estranho sobre o nosso
encontro no cemitério.
-
Nosso
encontro? – me pergunta com aquela carinha de sofredora.
-
Não,
meu encontro com Emmett no cemitério! – dou risada. - ela ri gostoso em
resposta a minha risada. – Que bom que te fiz sorrir.
Ela solta um sorriso simples. –
Obrigada amiga! – me abraça. – Senti sua falta aqui!
-
E
eu a sua lá! – nos desabraçamos e ela começa de novo com sua lenga- lenga. – Eu
não vou falar com ele, não insista!
-
Vai
sim, nem que eu tenha que chama-lo aqui!
-
Não!
Seu pai me mataria com certeza.
-
Norah,
posso te dar um conselho?
-
Claro!
-
Aproveita
enquanto vocês estão vivos, não sabemos o que pode acontecer amanhã ou daqui
dez, vinte minutos...
Emilly mais uma vez tinha
razão. Por mais que eu quisesse e me negasse, eu ainda amava aquele cabeça dura
e uma hora ou outra iriamos nos cruzar na rua e ficaria estranho se não
conversássemos, - Certo, você venceu. Vou até a delegacia falar com ele.
Ela sorri e me abraça. Emilly
me acompanha até o portão, despedimo-nos e prometi visita-la novamente no dia
seguinte, se a minha intenção era ir mesmo embora dali uma semana, iria
aproveitar para conversar com ela e com um amigo que mesmo estando longe, parecia
sempre estar comigo. Não pretendia passar meus dias enfurnados dentro de casa,
falando sobre as compras do dia com mamãe.
Como havia dispensado William, vou caminhando, conforme eu ia pelas
ruas, parecia que tudo era para que eu fosse mesmo até a delegacia. Caminho
devagar pelas ruas de pedra e olhando em volta, percebo que há mais pessoas do
que tinha no passado e nessa caminhada, o vejo na rua, nossos olhos se
encontram, ele me cumprimenta tirando levemente o chapéu da cabeça e eu
continuo indo em sua direção.
-
Senhorita
Wilcox.
-
Senhor
Fields. – me reverencio a ele devagar.
-
O
que faz na rua sem William?
-
Fui
visitar Emilly e resolvi que iria até a delegacia.
-
A
delegacia? Aconteceu alguma coisa?
-
Não
Emmett, queria trocar algumas palavras com você, apenas isso.
-
Conversar...
na delegacia?
-
Ou
em algum lugar em que possamos ficar a sós.
-
O
senhor Wilcox ou a senhora Wilcox sabe disso? – me pergunta olhando para os
lados.
- Emmett
eu quero falar com você, se você não tem interesse, eu vou para casa, não se
preocupe.
Ele suspira, coloca de volta o
chapéu na cabeça. – Se seus pais nos vêm juntos.
-
Você
sabe que não precisa se preocupar, sempre tomamos cuidado, não seria agora que
eu iria deixar transparecer alguma coisa senhor Fields. - ele olha mais uma vez
para os lados e me pega pela mão direita.
-
Venha
vamos até a Biblioteca – era o lugar onde tínhamos nossos encontros,
eventualmente era a casa dele.
- Mas
será que não tem alguém lá a essa hora do dia? – sou eu dessa vez que tento ver
se ninguém nos observava.
-
Você
se preocupa com isso agora? Depois de tantos encontros a qualquer hora do dia?
E o que foi que você me disse agora mesmo? Venha Norah!
Ele tinha razão, depois de
vários encontros entre as estantes completamente cheias de livros, ninguém nos
veria e também era um lugar sem suspeitas.
Fomos de coche até a biblioteca
que ficava há duas ruas para baixo da delegacia e do gabinete de papai, então
ninguém nos veria com certeza.
Chegamos à porta da biblioteca,
eu entro primeiro para não deixar explicito que íamos nos encontrar lá, uma das
atendentes se lembrando de mim, começou a me encher de perguntas sobre a minha
viagem a Londres. Tratei logo de dispensá-la e fui até o segundo andar da
biblioteca onde ninguém frequentava, era mais um depósito do que uma biblioteca
naquele andar. Sentei-me em uma das cadeiras distante das entradas e próxima
das janelas, queria ter uma visão da rua, foi então que o vi entrando pela
porta, ele tirou o chapéu e me viu na janela. Era como antes.
Voltei-me a olhar para a
escada, ouvi passos vindo dela e foi que o vi no topo, ele tira o chapéu, o
segura em mãos. Ele caminha devagar até mim, eu vou até ele e nos encontramos
no meio das mesas e cadeiras acumuladas ali.
-
O
que você quer falar comigo Norah? – não achei que ele fosse logo ao ponto,
pensei que iria querer matar a saudade, mas pelo visto eu estava enganada.
-
Pelo
jeito eu sou a única com interesse em conversar. – digo indo em direção à
janela.
-
Norah
se você for falar sobre nossa história, acho que isso ficou no passado. –
começo a perceber que ele não tinha mesmo interesse em nós.
-
Responda-me
do fundo do seu coração, você não me ama mais Emmett? – fiz a pergunta temendo
pelo pior, “não te amo Norah”. Ele olha para os lados, coloca o chapéu em cima
da mesa e vem em minha direção, eu estava ainda perto da janela. – Olhe nos
meus olhos Emmett! Tenha dignidade em responder olhando para mim, em meus olhos
e me responda! Você ainda me ama ou não? Porque você não me impediu de ir para
Londres? Porque você não fez nada, porque não lutou por mim? – levanto um pouco
o tom de voz e ele se aproxima de mim, segura em meus antebraços e olhando
dentro de meus olhos ele me responde.
-
Eu
te amo Norah, mas não posso deixa-la se misturar ao meu mundo.
-
Como
assim? Ama-me e não me quer por perto? Emmett...
- Veja
Emilly como sofre. Eu não suportaria saber que você ficou sofrendo assim por
minha causa. Se algo me acontecer... Minha profissão é perigosa Norah.
-
Mas
Emmett, isso não me importa, desde que estejamos juntos, o resto não me
importa.
-
Norah...
– ele se aproxima mais. – Eu fui baleado e se por acaso eu tivesse morrido e
nós estivéssemos casados? Como você estaria agora?
-
Mas
você não morreu!
-
Norah,
e seu eu estivesse morto? Responda-me agora? Já que queres que eu seja sincero,
seja comigo. Se eu morrer, o que seria de você?
Eu olho para ele, coloco minha
mão direita sobre seu peito onde ele havia sido ferido. – Se você tivesse
morrido com certeza eu teria morrido com você! Mas isso não aconteceu Emmett,
você está aqui... – ele pega um lenço no bolso interno de seu casaco e me
entrega percebendo que meus olhos estavam marejados.
-
Eu
não poderia te impedir Norah. Não poderia deixar que você sofresse algo, como
Emilly sofreu por causa de meu trabalho.
-
Mas
Poe não era detetive Emmett!
-
Por
isso mesmo, veja a situação. Se ele que era um escritor, uma pessoa comum e teve
sua amada sequestrada e quase morta, o que assassinos frios, ladrões fariam a
você sabendo de seu envolvimento comigo?
-
Você
me protegeria Emmett.
-
Norah,
pense com a cabeça e não com o coração. Eu morreria se caso acontecesse algo
com você. Eu não poderia deixar que algo de ruim acontecesse com a minha
família...
Eu o ouço dizendo essas coisas,
mas não adiantava, eu ainda queria convencê-lo de que poderíamos ficar juntos,
mas não, ele sempre insistia que fez o que fez para me proteger. Foi então que
ele disse a palavrinha “família”. – Família?
-
Norah.
Você só ouviu isso de tudo o que eu disse?
-
Não
Emmett, eu ouvi tudo, mas cansei desse monte de blá blá blá. – digo me virando
de costas pra ele, ainda com o lenço em mãos, me aproximo da parede no fim da
sala e encosto-me a ela. – E o que eu faço com o que sinto por você? O que eu
faço com meu coração? – ele se aproxima de mim e o tão esperado acontece, ele me
beija suavemente; senti tantas saudades de seus lábios e de seu toque. Seus
lábios ainda eram macios, seus gestos ainda mais graciosos, seu toque... o mais
suave de todos os anos que convivemos juntos. Mas ele se separa de nosso beijo,
encosta sua testa na minha e olhando em meus olhos, percebo, sem que ele
precise dizer uma única palavra, que era nosso último beijo.
-
Por
quê? É assim que terminamos então?
-
Norah,
será melhor para todos nós, mas principalmente pra você.
Eu me separo dele e caminho em
direção à escada, viro-me para ele. – Sinto muito por você não nos dar uma
chance.
-
Você
sabe como isso iria acabar Norah.
-
Você
não sabe como isso iria acabar Emmett. – digo descendo o primeiro degrau. – Se
você nos desse uma chance, talvez poderíamos ter ideia do que iria acontecer. –
olho para ele e simplesmente ele nem sequer se mexe, fica parado como um dois
de paus ali...
Lembro-me das palavras de
Emilly, mas tudo o que ela me disse não parece que foram palavras ditas por
esse homem parado ali. Deixo-o parado naquele depósito e vou descendo a escada
o mais rápido que podia, não queria que ele tivesse chance de me alcançar.
“Como pode dizer que me ama, mas querendo me afastar para sempre?” – penso
chegando à rua. Com passadas firmes vou caminhando para longe, queria poder
esquecer de vez do grande amor da minha vida, mas no momento queria era
esquecer-me dessa conversa e desse encontro.
Esse encontro só me fez
perceber que Emmett está decidido a seguir sua vida sozinho, sem mim. E eu
teria então que focar em fazer a mesma coisa, mas como se somente ao vê-lo, ao
saber que foi ferido me derreti em lágrimas? Meu coração me enganou esse tempo
todo e Fields ainda é uma lembrança forte e persistente em minha vida. Como
poderia agora esquecer-me dele, como poderia esquecer-me de tudo o que
vivemos?
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