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Bons ou maus competidores?

Eleição entra em reta final e chega ao fim. E o que acontece com quem ganhar? Não falo apenas do político que chegar à vitória, e sim de todo o grupo que lutou e batalhou para que conseguisse aquela tão sonhada conquista.

A cada eleição vêem-se diversas situações inusitadas, que às vezes soam como grosserias, calúnias, difamações... Situações que utilizam de arma política lícita e ilícita, trabalhando apenas com uma finalidade: ganhar.

Ganhar. Uma palavra tão bonita, mas que, quando almejada em uma competição, sempre tem o único interesse de passar por cima de algo ou alguém. Não há este ‘ganho’ sem uma ‘perda’. A vitória torna-se insossa sem a derrota para colocar seus louros.

Uma ilustração perfeita é trazida de um esplêndido trecho de Quincas Borba, de Machado de Assis, no qual busco sintetizá-lo ao máximo: Duas tribos famintas têm como fonte de alimento apenas um campo de batatas. Porém, este campo não é suficiente para as duas tribos, e estas guerreiam para poder tomar conta do batatal. Sendo assim, “ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”

Dentro do campo da competição, não há nada mais constrangedor do que a derrota. Alguns tentam aceitá-la bem, buscando não se importar, outros se desesperam e por vezes chegam ao extremo de se suicidar. Entretanto, não há o que negar: a derrota é necessária, mas dói.

Com a vitória ocorre um sentimento oposto, mas com ações semelhantes em sua essência. O orgulho, o poder, a moral... Alguns a aceitam bem, buscando não se exceder sobre o derrotado em um sinal de respeito, outros se deixam levar pela embriaguez da conquista e impõem aos perdedores situação mais constrangedora do que a própria derrota.

É praticamente um “bullying”. E, para entender isto, basta apenas imaginar o seguinte caso: Para todo bom torcedor de algum time de futebol, o sentimento de derrota é horrível, e pior ainda é ter que suportá-la através de chacotas de quem se deu bem no jogo. Como se não bastasse ver o time do coração perder, tolerar no dia seguinte a perseguição dos que se dizem seus amigos é insuportável. Porém, se ao andar pela rua e encontrar um colega torcedor do time adversário e este o cumprimentar, falar que foi um bom jogo, e que os times fizeram uma partida bonita e equilibrada, é como se uma força revigorante ajudasse a acalmar os ânimos da compaixão, gerando apenas uma expectativa entre um amigável aperto de mãos. “No próximo jogo, quem sabe”.

Resta filosofar sobre o trecho apresentado de Quincas Borba e parar para pensar: “É realmente necessário pesar ainda mais a derrota para o derrotado?” Perder já é em si algo perturbador, e fazer pressão sobre isto pode trazer desagrados, revoltas, e até mesmo um ódio incessante que evoluiria facilmente a um senso de vingança, sob um pretexto inócuo de equilibrar as emoções.

Agir com respeito é dizer sim a uma eleição pacífica, para e por qualquer eleitor e candidato. É também evitar atitudes que venham a ferir a dignidade da pessoa. Afinal, uma vez se ganha, outra se perde, cabendo evitar que se crie o ódio em um ciclo vicioso. E ao vencedor, as batatas.
Texto escrito por Hermes Queiroz, autor parceiro do Rascunho com Café

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