Autor:
Markus Zusak
Editora:
Omnibus Books (The Underdog e Fighting Ruben Wolfe); Pan Macmillan Australia
(Getting the Girl)
Editora
no Brasil: Bertrand Brasil (O Azarão e Bom de Briga); Intrínseca (A Garota que Eu
Quero)
Ano:
1999, 2000, 2001
Que
Markus Zusak é meu autor preferido, isso não é novidade. E confesso que seu
nome impresso nas capas que despertou minha curiosidade pela série. Mas não foi
seu nome que me fez amar com todas as forças cada um desses livros, que de
bobinhos, não tem nada.
Como
eu disse na resenha de “Eu sou o Mensageiro”, publicada alguns meses atrás,
Markus Zusak não é o autor que você pensa que é, seu maior sucesso, não o
define e não passa nem perto de definir. Para que não sabe, ele é especialista
em literatura juvenil e inclusive, o segundo livro da série, “Bom de Briga”, lhe
rendeu o prémio CBCA Children's Book of the Year Award na categoria “Old
Readers”, que é a categoria que exige certo grau de maturidade dos leitores.
Não,
ele não é J.D. Sallinger. Mas Markus é contemporâneo e leve, e também consegue
ser maduro e penetrar profundamente no seu coração Lara, você está sendo
imparcial. Já aviso que isso aqui só vai dar certo se você ler os três
volumes, que são “O Azarão”, “Bom de Briga” e “A garota que eu quero”. Não leia
só um, nem só os dois primeiros volumes da série, você precisa ler os três. Mas
por quê? Porque se você ler só o primeiro, não irá ter a sensação completa,
especialmente porque o Bom de Briga é o melhor da trilogia, e talvez o que
explique de forma mais sucinta, tudo o que a série precisa que você entenda.
A
trilogia dos Irmãos Wolfe conta a história de Cameron Wolfe e sua família.
Pobres, geniosos e cheios de problemas, os Wolfe podem muito bem ser a minha
família ou a sua. Cameron e seu irmão Rube, são dois idiotas, parecidos com
aqueles garotos sujinhos e feiosos da sua sala, aqueles que vivem de armar
confusão, vandalizar coisas e fazer piadinhas sem graça.
Mas
pelo ponto de vista de Cameron, acredite se quiser, esses garotos também tem
coração.
Cameron
é basicamente tudo o que descrevi ali em cima, mas diferente de seu irmão mais
velho Ruben, Cam é apaixonado por garotas. Ele não ama nenhuma em específico, mas
se entrega facilmente a paixões platônicas, e elas o consomem de corpo e alma,
tiram-lhe o sono, o juízo e a concentração, exatamente como é típico de toda
paixão deste tipo.
Mas a
história não se resume a isso, na verdade o mais tocante de “O Azarão”, “Bom de
Briga” e de “A garota que eu Quero”, seja os perrengues que a família Wolfe
passa para sobreviver e se manter unida.
Não apenas financeiros, como sociais. Além de Ruben, Cameron tem mais
dois irmãos mais velhos, um tão bem sucedido que mal se encaixa na família e
uma garota, que namora um mau caráter e que após o término do namoro, é vista como
puta de má forma por todos da vizinhança.
Todos
os dramas são extremamente comuns, tão comuns que é fácil se identificar. É
fácil se sentir um lixo por não ser correspondido, é fácil ser inferiorizado
por ser pobre. Talvez você já tenha ganhado uma reputação ruim sem merecer. Mas
a verdadeira lição da série é que, se você se conhece e sabe que aquilo não diz
respeito à verdade, uma hora as coisas podem ficar bem. Pode ser que demore,
você pode sofrer três vezes mais durante o tempo que seguir, mas uma hora, seu
azar pode se transformar em sorte, o importante é não desistir de si mesmo.
Markus
sabe implantar mensagens sutis de forma extremamente engraçada e descontraída.
Se "O
Azarão" peca, é apenas em ser muito superficial na abordagem, algo que já é corrigido no volume seguinte. Na verdade, acho
que os três volumes da série deveriam ser compilados em um único volume, já que
a fragmentação torna o primeiro e o segundo volume “frios” em relação ao livro
intermediário. Lê-los de forma avulsa poderia despertar desinteresse.
Bom de
briga é intenso e arrebatador. É um livro que parte corações, mas que também os
cura. Ali, os problemas da família Wolfe são mais extremos. Com o pai sem
emprego e a mãe tendo que trabalhar dobrado como enfermeira e doméstica, Ruben
e Cameron encontram uma maneira pouco convencional de ajudar nas despesas: Em
lutas clandestinas. Ruben é forte e talentoso, enquanto Cameron é o melhor em
tentar, ali inveja, decepção e fraternidade são levados ao extremo, algo que “O
Azarão”, não consegue fazer sozinho.
Em “A
Garota que eu Quero”, Cameron está mais velho e menos iludido, quase amargo. Os
primeiros capítulos do livro explicitam exatamente a névoa que cobre nosso
coração ao ser partido ou simplesmente ao não ter quem amar. Aquele desespero
por se apegar, aquele desejo de ser bom o suficiente para alguém, sem saber
necessariamente quem é esse alguém. Neste mesmo volume, Cameron e Ruben tem
papeis invertidos, e o “campeão”, passa a ser o perdedor, e vice e versa.
A
trilogia é enriquecedora, e válida para todos os jovens (e não tão jovens
também né) que se consideram “Underdogs” (vai no google tradutor).
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