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9Crimes - Capítulo 1

Espero que possam ler e curtir. Essa estória é baseada em um filme que assisti há mais de um ano, espero poder manter o interesse de vocês pelo suspense, romance, drama e mistério.

A cada capítulo postado colocarei a indicação de leitura, pois sei que muitos não gostam de certas cenas fortes de violência, o que eventualmente acabará acontecendo nessa estória, mas mesmo assim, espero poder contar com vocês!

Bjs e boa leitura!
Identificação de leitura deste capítulo: Livre


Sinopse: Baltimore, 1849, Edgar Allan Poe acabara de ser enterrado e com ele o mistério de sua morte; seu amigo e inspetor da polícia, Emmett Fields, ainda tenta descobrir o que realmente aconteceu a ele quando sua vida particular vira um caos... Sua eterna, a senhorita Wilcox, volta de uma viagem para consolar a amiga e os dois voltam a se encontrar.

Norah e Emmett são eternos apaixonados, mas não deixam transparecer e ninguém sabe desse amor; com sua volta de Londres, Emmett precisa lidar com seus sentimentos e com o mistério na morte do amigo, mas a sua situação só piora; mulheres da alta sociedade começam a aparecer mortas, uma a cada semana. Sua luta agora é manter sua amada longe das ruas, longe de sua vida...

Capítulo 1
Não podia acreditar que minha melhor amiga tinha acabado de perder o homem que ama e havia passado por tantos problemas e eu nem estava ao seu lado, deveria ter voltado antes, deveria ter adiado a minha viagem, deveria ter ficado aqui por ela! Emilly sempre esteve ao meu lado quando eu mais precisei, somos amigas há tanto tempo que nem me lembro de como aconteceu... Estamos aqui no cemitério e ela chora copiosamente, o amara profundamente! Eu entendo o seu sofrimento. 

E, para piorar, o caixão de Edgar começava a descer, ela aperta a minha mão fazendo-a formigar; todos se despediam e ela foi ficando cada vez mais apreensiva, seria a despedida final, sabia que não o veria nunca mais, teria que se acostumar a viver sem ele... Edgar era tudo para Emilly. Seu pai, Capitão Hamilton, não ligava para Edgar, era muito rigoroso e ela só foi ao enterro porque é uma pessoa muito determinada, batalhadora, acho que, depois de mim, ela é a pessoa mais determinada que conheço.

O caixão bate no fundo e agora ela desaba em lágrimas, me viro e a abraço, sei que a dor era intensa e, sei que a minha amiga iria precisar de mim mais do que qualquer outro dia em sua vida! 

Tudo mudaria, ela não cruzaria com ele na rua, não teria mais os encontros furtivos; era agora que ela iria sofrer mais do que ela possa imaginar... E seu pai iria puní-la por isso, por amar um homem como Edgar Allan Poe.

Ao ficar abraçada com ela ali em frente ao caixão, vejo que Fields estava um tanto afastado, nem pensei que ele viesse, mas lá estava ele, teria que encontrá-lo depois de ficar ausente tanto tempo...

- Vamos Emilly, você precisa descansar!

- Não, eu quero ficar – olhava pra mim com olhar de cachorro perdido, como se eu não fosse permitir sua permanência ali. – Por favor, Norah.

- Mas só mais um pouco, você precisa descansar.

- Você não deveria ter vindo Norah... – diz olhando para o caixão.

- Claro que eu deveria. Eu nem deveria ter ido.

- Mas você não saberia que isso fosse acontecer, nem eu sabia que isso ia acontecer comigo e com ele. – fala apontando o caixão de Edgar.

- Eu deveria ter adiado, eu sabia que algo não estava indo bem... me desculpe Emilly.

- Não diz isso, eu agradeço por ter antecipado sua volta, mas não acho justo você ter largado tudo pra vir aqui. Não há nada mais a fazer.

- Eu não poderia impedir seu sequestro e nem a morte de Edgar, mas posso estar agora aqui ao seu lado, como sempre esteve ao meu lado.

Emilly olhou mais uma vez para aquele caixão e deu um longo suspiro, olhou para o céu, como se fosse vê-lo, volta a mirar o caixão e joga uma rosa vermelha em cima, ela me olha com tristeza e muitas lágrimas. 

- Podemos ir, não vou aguentar ficar em pé aqui olhando esse caixão... Ele tinha tantos planos.

- Eu sei Emilly, mas você tem que pensar em você, posso ser rude, mas você ficou e precisa continuar!

Ela me olha assustada e com certa reprovação, mas sabia que eu tinha razão, ficar ali de nada adiantaria, precisava continuar com sua vida, mover-se. Viramo-nos para caminharmos para a saída do cemitério, ela engancha seu braço esquerdo no meu direito e devagar íamos sem trocar palavra alguma, até que ela lentamente vira a cabeça para a direita e vê seu pai conversando com o inspetor Fields.

- Olha lá quem está aqui, achei que ele não viesse. – diz, já me olhando.

- Porque está me olhando assim? – pergunto assustada.

- Oras, você viajou para esquecê-lo e agora estão no mesmo ambiente... 

- Emilly! Pare com isso!

Ela dá um sorriso, e de canto de olho vejo Fields conversando com o pai de Emilly. Ao me ver, ele me cumprimenta com a cabeça, eu apenas observo e não o retribuo. Aproximamo-nos dos dois e o senhor Hamilton logo me cumprimenta.

- Senhorita Wilcox, como vai? – diz tirando o chapéu.

- Bem, obrigada senhor Hamilton.

- Podemos ir embora Emilly, ou vou ter que ficar aqui esperando você dizer adeus a esse infeliz? – diz o senhor Hamilton para a filha que sofria. Eu pensei em responder, mas Emilly apertou minha mão não deixando que eu falasse o que tinha em mente. Escondi as minhas intenções sobre o que penso das palavras do pai de Emilly e dei apenas um sorriso seco e amarelo.

- Podemos ir sim papai. Vejo-te mais tarde Norah? – fala Emilly já de braço dado com seu pai.

- Sim, se papai não precisar de mim no gabinete, irei te ver, aproveitarei e levarei seu presente.

Ela abre um sorriso amarelo, simples e triste, ambos se viram e caminham tranquilamente para a saída quando eu ia fazer o mesmo, ele diz meu nome... havia esquecido como meu nome soava ao som de sua voz, paro de costas para ele, sem saber ao certo se deveria continuar caminhando ou se me virava, aproveito para ver se estávamos sozinhos ou se logo teríamos a companhia de alguém, incluindo meus pais, que conversavam ao longe com o senhor prefeito e sua esposa.

- Norah? – ele me chama novamente e aquela voz penetra em meus ouvidos, me viro e o vejo mexendo no chapéu que estava em suas mãos.

- Senhor Fields. – digo o reverenciando a meio joelho.

- Porque “senhor”? – fala ele colocando em destaque com sua voz quase rouca o “senhor”.

Eu o encaro, me aproximo, minha vontade era de abraçá-lo, mas prometi a mim mesma que iria esquecê-lo. – Como vai Emmett?

- Bem. Quando você chegou de viagem? – diz se aproximando de mim.

- Hoje de madrugada, papai foi me buscar no porto. – respondo dando um passo para trás. Por mais que eu ainda o amasse, estava decidida a esquecê-lo!

- Está com medo do que Norah? – me pergunta chegando mais perto.

Balanço a cabeça negativamente, olho para baixo e depois o encaro novamente. – Não tenho medo de nada Emmett. Apenas quero me manter a distância, somos dois adultos, mas também somos solteiros, não quero ficar com fama de falada na cidade – disse isso sabendo que era tudo lorota, e que ele não iria comprar esse papo.

- Uh... Você realmente acha que eu vou fazer alguma coisa contra você? – diz ele com aquele olhar que me derrete. Eu sei que ele nunca me faria mal, queria mesmo era sentir seu cheiro, mas havia tomado a minha decisão. E quando ia lhe dar uma resposta, Dr. Clemments aparece todo preocupado, o que me deixou intrigada e louca para encher Fields de perguntas.

- Como vai o ferimento, inspetor?

- Doutor. Bem, sentindo dores, mas melhor do que ontem.

- Senhorita Wilcox, mil perdoes, como a senhorita está? Fez boa viagem? – diz tirando o chapéu de sua cabeça e me crucificando de perguntas, e eu querendo saber do que ele falava com Emmett!

- Bem, muito bem... – respondo olhando para os olhos de Emmett, queria saber o que houve com ele, mas ambos não falavam nada que pudesse lucidar pra mim o assunto.- Se precisar de alguma coisa é só me procurar... – ele se despede de Fields e olha pra mim. – Senhorita Wilcox, seja bem vinda ao lar.

- Obrigada senhor Clemments. – respondo me aproximando de Emmett. – O que houve? Porque o doutor perguntou sobre dores?

- Nada demais Norah...

- Como assim nada demais?

Ele suspira, olha para os lados e finalmente resolve me contar. – Em uma perseguição para descobrir onde Emilly estava, um dos meus homens foi baleado, fui socorrê-lo e eu acabei sendo alvejado... – antes que ele pudesse terminar eu me aproximo mais e o encho de perguntas.

- Como assim? Onde você foi baleado? Você está bem?

- Calma Norah. Eu estou bem, a bala foi retirada pelo doutor Clemments.

- E onde você foi atingido? – pergunto já tão perto de seu corpo que nem me dei conta. 

Ele levanta a mão direita e a leva até o peito na altura do coração. – Aqui. – diz ele.
Eu levo a minha mão direita ao seu ferimento, sinto meus olhos marejados, agora era impossível tentar esconder que eu ainda o amava.

- Eu estou bem... Não precisa se preocupar. – ele segura a minha mão, meus olhos continuam marejados, percebi que esse um ano longe não serviu para nada, não o esqueci como queria, foi apenas saber que ele foi baleado e quase morreu que eu me desmanchei, claro que não queria que ele ainda pensasse isso, mas agora foi impossível. Abri a minha boca para respondê-lo, mas ouço a voz de meu pai atrás de mim.

- Como vai senhor Fields? Ainda me deve um jantar!

Eu recolho a minha mão e discretamente limpo meus olhos para que meus pais não me enchessem de perguntas e, para me ajudar, Emmett caminha até eles.

- Desculpe senhor Wilcox, devo, mas assim que puder irei com certeza!

- De forma alguma, amanhã à noite o senhor janta conosco. – fala firme minha mãe, ela sabia que eu amava o senhor Fields. Porque ela o convidaria? Será que ela não percebeu que eu fui para Londres justamente para esquecê-lo?

- Não insista mamãe, o senhor Fields deve estar ocupado. – digo, ficando bem ao lado direito dele.

- Oras, que isso! Sua mãe tem razão, chega de desculpas senhor Fields, amanhã à noite o senhor janta conosco e está decidido! – diz papai com aquela voz forte e suave ao mesmo tempo.

Ao mesmo tempo em que queria vê-lo no jantar, eu também não queria ele por perto, minha intenção de tirá-lo de meu coração ainda era forte. Mas meus pais insistiram tanto que Emmett aceitou o convite. Eu, já não querendo estar ali devido ao cansaço da viagem, pedi licença e devagar fui caminhando para fora do cemitério e meu coração só de lembrar de nosso passado e desse pequeno encontro me fez perceber que ainda era forte o que eu sentia. 

Olho para trás devagar e ele continuava conversando com meus pais, minha mãe se afasta e vem em minha direção calmamente, eu paro para esperar, sabia que ela iria comentar alguma coisa sobre o jantar, esperava poder ouvir que eu não precisaria estar presente.

- Filha, porque saiu assim? 

- Porque achas? Espero que eu não precise ficar nesse jantar...

- E porque não? Seu pai e o senhor Fields já tinham esse jantar marcado há muito tempo, mas agora vai acontecer e você poderia estar conosco. 

Olho para meu pai e Emmett, viro meu rosto até o portão e então minha mãe leva sua mão até meu queixo e me vira para ela. – Quero você nesse jantar, não importa se vocês tiveram alguma coisa... Você estará presente!

- Mãe... – tento argumentar, mas ela está decidida. 

- Acabou Norah! Não quero discutir com você isso.

Olho mais uma vez para meu pai e Emmett, olho para o portão do cemitério e sem dar maiores explicações, caminho para a saída... minha intenção era chegar até o coche e tentar sair daquele lugar antes que meus pais chegassem, mas em vão, mal entro no coche e lá estavam eles logo atrás de mim.

De um lado foi bom, não vi Emmett na hora de ir embora, isso já me deixou mais aliviada, mal chegar de viagem e encontrá-lo logo na primeira saída de casa... Fomos para casa e meu pai teimava em conversar comigo, mas eu apenas concordava ou não com a cabeça, estava sem vontade de responder, queria poder ficar calada, acho que ele havia percebido e não houve mais conversa no coche, apenas fiquei observando a paisagem de Baltimore, afinal fiquei fora quase um ano! Muita coisa havia mudado, mas outras nem tanto. Baltimore continuava sendo a mesma... Baltimore.

Ao chegar em casa, saio do coche querendo me enfurnar em meu aposento, mas papai ainda teimava em conversar comigo, até aceitaria, mas para minha surpresa ele resolve conversar justamente sobre a única pessoa, o único assunto que não tenho a mínima vontade de falar, o inspetor da polícia Emmett Fields!

- Qual o motivo do senhor querer falar comigo sobre ele? Afinal eu só o vi agora no cemitério. – tento dar uma disfarçada, acreditava que mamãe não havia contado nada para meu pai.

- Vocês conversavam sobre o quê, quando eu e sua mãe nos aproximamos? – diz batendo a mão em cima do sofá para que eu fosse ao lado dele.

- Não falávamos nada de muito importante, apenas perguntei a ele sobre a morte do senhor Poe, nada demais. – isso me cheirava aquele ditado: “jogando verde para colher maduro”; típico de papai! 

- Tive a impressão de que o assunto era algo mais formal, mais...

- Não seja bobo querido! Do que nossa filha poderia estar falando com o senhor Fields? – intervém minha mãe chegando próximo a nós.

Papai se levanta e vai até a janela. Ele começou a me assustar, estava com todo jeito de que sabia que houve algo entre nós, e se ele realmente estava desconfiado, com certeza iria dizer algo no jantar de amanhã. Temi por mim, por minha mãe que sempre soube dos meus sentimentos para com o senhor Fields e os dele para comigo; me viro para mamãe com ar de assustada, mas ela deu um sorriso, que mais parecia um calmante e foi até meu pai.

– Querido, o que lhe perturba? O que está acontecendo? Algo o incomoda no senhor Fields? – fala mamãe com voz calma e tranquila, o abraçando. Era o casal mais lindo que já vi, amo-os profundamente! Sempre foram tão apaixonados e se respeitavam mutuamente. Minha esperança era ter alguém a quem viver o resto de minha vida assim... Eis que então ele se vira e me olha, nunca vi papai me olhar daquela jeito, agora sim, ele sabia com certeza sobre eu e o senhor Fields.

- Percebi que seus olhos estavam vermelhos quando nos aproximamos, ele te fez algo, ou eu devo ir mais longe Norah? 

- Do que está falando, meu marido? – mamãe como sempre tenta abafar os ânimos.

- Fiz uma simples pergunta à minha filha, Sarah! Ou o senhor Fields fez algo com ela, ou eu devo dizer que eles dois – falava um pouco exaltado e vindo em minha direção, me levantei e dei dois passos para trás. – Estavam lembrando-se de um passado?

Olhei para mamãe completamente sem rumo, já não sentia o chão, tinha certeza de que iria cair, me afundar. – Não! – grito e sem saber o que fazer exatamente, corri. Fugi daquela sala deixando meu pai aos berros me chamando.

Corria pelo corredor sem acreditar. Ele sabia! Como poderia? Tanto que pedi a mamãe que não contasse nada a ele, agora sei que ele iria proibir qualquer homem de se aproximar de mim. Meus olhos se enchem de lágrimas, vou devagar parando e encosto-me à parede esquerda, olho para a janela em minha frente que dava para o jardim dos fundos de casa, minha mente por um momento viaja no tempo e me trás as recordações de nossos encontros, de nosso amor...

Limpo meus olhos e ouço mamãe me chamando, viro-me lentamente para a direita e lá estava ela vindo em minha direção com seu jeito calmo, tranquilo e de braços abertos para me receber.

- Por quê? Como ele sabe?

- Não sei minha filha, não sei... – disse ela. Com certeza mamãe não contara a papai sobre eu e Emmett. – Mas o jantar não tem nada com isso, pode ter certeza!

- Como vou estar nesse jantar amanhã? Como poderei encarar papai hoje? Ele sabe de alguma coisa. – Enquanto eu dizia isso, minha mãe me levava para o quarto, entramos e ela me coloca sentada em minha cama.

- Fique tranquila, descanse que eu vou resolver tudo isso, deve ser apenas um mal entendido!

Ela sai de meus aposentos determinada a descobrir o que papai sabia, isso se ele sabia. Resolvo descansar um pouco, afinal ainda queria ir ver Emilly e conversar um pouco com minha amiga de infância, saber o que houve com ela e o senhor Poe e quem sabe ela me dizer algo sobre o senhor Fields.

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