O Mundo de Sofia – A fascinante história da Filosofia

Autor: Jostein Gaarder
Editora: Companhia das Letras
Ano: 1991
Páginas: 560
Nota: 5/5

Sinopse: Às vésperas de seu aniversário de quinze anos, Sofia Amundsen começa a receber bilhetes e cartões postais bastante estranhos. Os bilhetes são anônimos e perguntam a Sofia quem é ela e de onde vem o mundo em que vivemos. Os postais foram mandados do Líbano, por um major desconhecido, para alguém chamada Hilde Knag, jovem que Sofia igualmente desconhece.

O mistério dos bilhetes e dos postais é o ponto de partida deste fascinante romance, que vem conquistando milhões de leitores em todos os países em que foi lançado. De capítulo em capítulo, de "lição" em "lição", o leitor é convidado a trilhar toda a história da filosofia ocidental - dos pré-socráticos aos pós-modernos -, ao mesmo tempo em que se vê envolvido por um intrigante thriller que toma um rumo surpreendente.

Uma década antes do sucesso da franquia Matrix estrear, esse livro já questionava filosoficamente o que é a realidade e nossa percepção acerca dela. É uma aula de Filosofia, desde os clássicos gregos até a contemporaneidade, mas escrita de uma forma inusitada, como um romance para adolescentes, perfeito para um leigo entender o pensamento filosófico.

As grandes questões acerca da vida e da realidade tem perseguido os seres humanos há milênios, sempre nos perguntamos quem somos e o que fazemos nesse mundo. Não há respostas fáceis para essas questões, e cada um pensa de uma maneira, mas há um jeito de buscá-las (e não é construindo um supercomputador como Adam Douglas imaginou em O Guia do Mochileiro das Galáxias), através do pensamento filosófico.

A estudante norueguesa Sofia Amundsen com certeza não sabia o que era isso nos seus 14 anos, como a maioria das adolescentes ela só se preocupava com o conhecimento escolar e com a interação com suas amigas, mas tudo mudou quando ela recebe duas mensagens anônimas, pela caixa de correio. Uma das mensagens era com a pergunta "Quem é você?" e a outra questionava "De onde vem o mundo?" e um cartão postal endereçado à "Hilde Møller Knag a/c Sofia Amundsen"

A partir daí ela imerge em um outro mundo, e aprende a pensar obre si mesma e sobre o mundo que vê, o interessante é que tanto quem escreve as cartas e quem escreve os cartões postais são completos estranhos, sem nenhuma ligação com a garota.

Isso tem alguma importância? Afinal, o que é conhecer alguém? Embora Sofia nunca tenha encontrado com o homem que lhe escrevia, ela passou a saber muito dele (isso antes da Internet se popularizar e as pessoas passarem a ter amigos virtuais) – o estranho correspondente se tornou um conhecido portanto, um amigo e mestre de uma pessoa que nunca viu e não sabe nada a seu respeito. Uma das mensagens que ele lhe transmite é:

Mas a vida é triste e solene. Somos deixados num mundo maravilhoso, encontramo-nos aqui com outras pessoas, somos apresentados uns aos outros e caminhamos juntos durante algum tempo. Depois nos separamos e desaparecemos tão rápida e inexplicavelmente quanto surgimos.

Como pode ver, o nome é uma referência desnecessária para conhecer alguém, as pessoas se encontram e convivem juntas e isso basta. Por falar em nomes, o nome da protagonista não é mero acaso, "Sofia" que significa "sabedoria" em grego é a raiz do nome Filosofia, que significa "amor à sabedoria" - o filósofo é um amante do saber, o saber puro da reflexão que antecede o conhecimento científico. Essa referência, entre outras tantas alegorias do livro fazem o leitor também pensar filosoficamente.

Como todo bom livro de filosofia, o autor deixa mais perguntas que respostas, porém tudo a respeito de Sofia e sua relação com Hilde Knag é bem explicado, há uma razão inteligente e coerente com a história para tudo que acontece, além de uma grande surpresa que muda drasticamente a história.

Por isso, não pense que é preciso muito para aprender a filosofar, não há necessidade de grandes cursos ou conhecer a história completa dos mestres gregos antigos, como o próprio livro ensina “Para nos tornarmos bons filósofos precisamos unicamente da capacidade de nos surpreendermos...”. Fica aí um convite, leia esse livro e se surpreenda com o mundo.