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Amor de Capitu – O outro lado da história


Autor: Fernando Sabino 
Editora: Ática 
Ano: 2005 
Páginas: 296 
Nota: 4/5 
Sinopse: A história da narrativa de “Amor de Capitu” se passa no Rio de Janeiro, na segunda metade do século XIX. Tudo começa na casa da Rua de Mata-Cavalos, no ano de 1857. Bento Santiago e Capitolina desde pequenos sempre foram muito amigos. Porém, quando adolescentes esse sentimento de afeto se torna maior. Com 14 anos, Bentinho, como é chamado o personagem Bento, é mandado, mesmo contra sua vontade, para o seminário devido a uma promessa que sua mãe fez quando ele nascera. 
Dom Casmurro é um dos mais lidos e respeitados livros nacionais, um dos problemas desse romance é a eterna dúvida do protagonista Bentinho, sua esposa Capitu o traía com seu melhor amigo Escobar? Muito já foi discutido sobre essa questão, e nesse romance Fernando Sabino conseguiu fazer algo genial, contar a história tirando o foco narrativo de Bento e tirando suas conclusões. 

Infelizmente Machado de Assis faz mais sucesso no exterior que no Brasil, os alunos de Ensino Médio sofrem com sua linguagem obsoleta e por obrigação de leitura. É um autor complexo, que utiliza de jogos de palavras e pensamentos sutis que merece ser lido e admirado, por quem gosta e conhece de Literatura, o que não acontece muitas vezes devido à essa pressão que os alunos do Ensino Médio sofrem. 

Um dos maiores sucesso desse grande escritor é Dom Casmurro, com sua questão nunca revelada, mais uma ideia genial do autor, assim como na vida real uma pessoa que sofre uma traição conjugal sofre com a dúvida, o leitor se vê com as mesmas suspeitas de Bentinho e acaba julgando a moça igualmente ele o faz. É um ótimo recurso narrativo, mas humanamente falando é injusto com a personagem (uma das mulheres mais interessantes da literatura brasileira), Fernando Sabino corrige essa injusta nessa adaptação magistral. 

Ele reescreveu o livro inteiro, com uma linguagem moderna e mudando o foco narrativo para 3a pessoa, o chamado narrador observador, e conseguiu ser fiel ao livro e a personalidade de todas as personagens. Não se trata somente de mudar o pronome pessoal e fazer as correções necessárias, tipo trocar “ouvindo meu nome eu tive vontade de dizer um desaforo” para “ouvindo seu nome Bento teve vontade de dizer um desaforo”. É necessário a percepção do que é fato e do que é opinião do narrador-personagem e se concentrar nos fatos, além de entender como as outras pessoas sentiram ao fato acontecido, como no trecho abaixo: 

Um dia Capitu quis saber de Bento o que é que o fazia andar calado e aborrecido. E lhe propôs irem a Europa, Minas, Petrópolis, uma série de bailes – mil daqueles remédios aconselhados aos melancólicos. Bento não sabia o que lhe responder; apenas recusou as diversões. 

Apesar de não responder diretamente à eterna questão do livro original, a versão de Sabino nos permite ver as coisas com clareza e tirar nossa própria conclusão com base nos fatos, sem a interferência do julgamento passional que o protagonista deu a eles, uma ótima forma de ver a questão.

Um comentário:

  1. Olá,
    Conheco Dom Casmurro, aliás, quem não? Mas nem sabia da existência desse livro e muito menos que tal releitura foi feita por Sabino. Realmente gostei de conhecer a obra e fiquei curiosa.
    Beijos.
    Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com

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