Estava sentado no
banco da praça quando ouvi uma algazarra. Não era assalto, nem briga de
casal... Eram crianças brincando.
Quando somos
crianças tudo na vida tem um sentido diferente. Jogar bola é algo divertido, na
qual dividimos a bola com um grupo de amigos e não nos importamos com os
títulos que são tão importantes aos adultos: não tem violência e não queremos
machucar o adversário só por ele pensar diferente, ou torcer diferente.
Não tínhamos que
nos preocupar com o pensamento alheio, era simplesmente divertimento. Os gritos
não significavam outra coisa a não ser um grito de vitória, ao pegarmos a
bandeira do outro time.
Eles não
significavam uma briga, ou despedir o outro do emprego, muito menos pedir o
divórcio após uma traição.
Sujávamos a roupa e
não a dignidade.
Manipulávamos
nossos pais para conseguir um brinquedo e não um grupo de pessoas para apoiar
uma campanha política.
Tremíamos de frio
na piscina e não de nervosismo ao enfrentar um tribunal.
Não precisávamos
nos preocupar em comer, pois sempre na hora certa ouvíamos o chamado de nossa
mãe, enquanto hoje a preocupação não é só pelo horário, mas também de termos
que trabalhar –
gostando ou não –
para conseguirmos o alimento do dia-a-dia.
A única riqueza
importante era nossa coleção de figurinhas, e não precisávamos pisar em ninguém
ou passar por cima das pessoas para estarmos satisfeitos com ela.
O que dizíamos não
era muito importante, pois quase nunca machucávamos as pessoas com as palavras,
e se isso acontecia não era proposital.
Não nos preocupávamos
em defender ideais e lutar por uma vida melhor, pois nossos pais nos
proporcionavam tudo que precisávamos e o mundo era um lugar mágico.
A união com a
família era maior, nosso pai era o super herói favorito, nossa mãe a mais bela
rainha. Não brigávamos com eles por ter visões diferentes e tudo estava
resolvido com um beijo.
Quando havia
desavença com nossos amigos não havia orgulho que impedisse as pazes.
Naqueles tempos de
criança as desculpas eram mais sinceras, os sorrisos completamente verdadeiros,
a felicidade genuína.
Enquanto observava
a diversão dos pequenos, lembrei da imensa ânsia que os mesmos sentem por
crescer, entrando para o espetacular mundo dos adultos.
O que nós nem
imaginamos em nossa pureza e inocência é que os portadores das maiores
maravilhas somos nós quando crianças. Pois apreciamos as pequenas coisas que a
vida nos oferece, como se fossem a maior mágica que jamais poderíamos ver.
Queremos pouco, mas
temos tudo.
O maior tesouro que
podemos ter em nossas vidas é manter a criança em nossa alma, mesmo depois de
adultos.
CRÔNICA ESCRITA EM PARCERIA COM ALLISON FEITOSA
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