Resenha: Simplesmente o Paraíso - Quarteto Smythe-Smith #1 Resenha: Uma Lição de Vida Resenha: Era uma Vez no Outono Resenha: Secrets and Lies
0

O que me faz pular - o autismo nas palavras de um grande especialista



Autor: Naoki Higashida
Editora: エスコアール (Esco Earl)
Editora no Brasil: Intrínseca
Ano: 2007
Páginas: 192

Sinopse: Naoki Higashida sofre de autismo severo. Com grande dificuldade de se comunicar verbalmente, o jovem aprendeu a se expressar apontando as letras em uma cartela de papelão, e, aos treze anos, realizou um feito extraordinário: escreveu um livro. Delicado, poético e profundamente íntimo, O que me faz pular traz uma nova luz para entendermos a mente autista. O jovem explica o comportamento muitas vezes desconcertante das pessoas com autismo e compartilha conosco suas percepções de tempo, vida, beleza e natureza, apresentadas em um relato e um conto inesquecível.

Todos vocês já devem ter lido ou visto algo a respeito do autismo, que pode ser definido como um transtorno de desenvolvimento que afeta a capacidade de comunicação, socialização e comportamento. Alguns de vocês devem conhecer ou mesmo ter filhos que tem autismo, e já devem ter estranhado a maneira como eles agem em determinadas situações. Se você fica meio perdido em relação a esse assunto, ou até mesmo se você sabe o suficiente pra lidar com isso, você tem que ter O que me faz pular na sua estante.

Pra começo de conversa, esse foi um dos melhores livros que já li, porque ele apresenta um diferencial enorme. Não, nenhum médico ou psicólogo ou associação responsável por pesquisar o autismo escreveu esse livro. Agora você deve estar pensando “Nossa, quem teria a capacidade de escrever algo sobre o autismo sem pesquisar sobre o assunto?” e é aí que Naoki Higashida entra. Quem melhor pra falar sobre o autismo do que um autista?


Naoki escreveu esse livro com treze anos. Ele não se comunicava, então, sua mãe, com a ajuda de uma professora, desenvolveram uma “prancha do alfabeto”, que consiste em caracteres básicos do hiragana japonês, que no ocidente equivale ao teclado de um computador. Através disso, Naoki pode se expressar através das palavras e escrever esse maravilhoso livro, que é dividido em duas partes: uma consiste em um tipo de entrevista, um jogo de perguntas e respostas sobre comportamento, socialização, entre outros assuntos, onde Naoki explica vários porquês a respeito dos autistas. A segunda parte se trata de um conto, intitulado “Estou bem aqui” que conta a estória de Shun, um garoto que tenta lidar com a morte e o sofrimento dos seus pais.

A escrita de Naoki é simples, inocente e pura. Muitas das perguntas feitas a ele faziam parte das dúvidas que eu tinha em relação a autistas. Uma das perguntas marcantes feitas é aquela típica “Porque vocês gostam tanto de ficar sozinhos?” e confesso que me emocionei com a sua resposta. Trata-se, por fim, de um pedido de ajuda, para que nunca desistamos dele e de todas as pessoas que tem autismo, e que sempre fiquemos ao lado deles, não importam as circunstâncias.

Vale citar que Naoki já publicou diversos textos e mantém um blog. Ela dá palestras sobre o autismo e mora no Japão. O livro apresenta a introdução de David Mitchell, autor de Cloud Atlas, que ganhou adaptação cinematográfica em 2012. David tem um filho autista, e pra ele, O que me faz pular foi um grande presente para o entendimento do que se passava na mente do seu filho.

“Os três caracteres japoneses usados na palavra “autismo” significam “eu”, “fechado” e “doença”. Minha imaginação vê nesses símbolos um prisioneiro trancado e esquecido numa cela de confinamento solitário à espera de que alguém, qualquer um, o note. O que me faz pular arranca um tijolo da parede.”

- David Mitchell

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...