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4 horas





Eu estou acordado, são quatro horas da manhã e o sono parece ter esquecido de me dar um abraço.
O silêncio do lado de fora é total.
Dentro de casa não, o único silêncio parece ser o meu.
Posso ouvir respirações ofegantes de humanos que dormem no quarto ao lado, elas soam perto e parecem sussurrar seus sonhos aos meus ouvidos. Eles agora estão mergulhados em aventuras insólitas ou paraísos utópicos em outra dimensão.
Posso ouvir o ponteiro do relógio arrastar o tempo, levando consigo cada segundo, que ao passar por cada número já se torna passado.
Posso ouvir móveis rangerem como se estivessem tentando se comunicar com dificuldade.
Posso ouvir cada gota de água que cai da torneira, fazendo um só coro de pingos no mármore.
Posso ouvir vozes gritando por socorro, elas parecem vir de qualquer lugar fechado como uma geladeira ou uma gaveta de armário. Imagino abrir as portas e deixá-las livres, mas temo que elas fujam para meus ouvidos.
Posso ouvir quadros na parede contando suas histórias de batalhas épicas e amores despedaçados.
Posso ouvir o som de um violão que toca sozinho encostado na parede, suas cordas se movimentam com o vento que entra pela abertura da janela.
Posso então ouvir a brisa da manhã me trazer más notícias do mundo lá fora, e ela diz que é melhor eu ir dormir por que logo os sons que se ouvirão não serão mais imaginários, mas sim sons reais e perturbadores, de palavras e ações humanas, o som da cidade que acorda.
O vento me disse que esses sons são mais sombrios que os bizarros sons noturnos.
Então é melhor mergulhar em sonhos e não ouvir mais nada.

Um comentário:

  1. Olá Wanderson.
    Adorei seu texto. Sou uma vivente da madrugada, principalmente de uns meses para cá. A calma que a madrugada trás consigo me inspira, me acalma. Passo o meu dia dormindo, mas minha madrugada é bastante produtiva, se assim posso dizer. Tudo fala comigo nesse silêncio enorme. O problema é que nem sempre eu sei ouvir.
    Beijinhos

    Vidas em Preto e Branco 

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