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Perdão, Leonard Peacock: O lado sombrio da vida

 


Autor: Matthew Quick
Editora: Little, Brown & Company
Editora no Brasil: Intrínseca
Ano: 2013
Páginas:223
Sinopse: Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto.


Matthew Quick chegou até nós brasileiros através do sucesso da adaptação do seu livro "O Lado Bom da Vida" para o cinema. E o sucesso foi tanto e o Bradley Cooper tão lindo, que a princípio é difícil saber o que esperar de seu último livro "Perdão, Leonard Peacock". Um romance? Um protagonista carismático? Mas não são nesses aspectos em que Leonard se assemelha a Pat, e sim na dificuldade de conviver e encarar seus próprios problemas. 

O livro nos apresenta Leonard em uma manhã incomum. Após comer seu cereal e distribuir presentes para as pessoas certas, ele irá usar a arma de seu avô para matar um colega de escola e a si mesmo em seguida. É uma situação que conhecemos de outros casos americanos e até mesmo no Brasil, como o da escola de Realengo. Porém o livro não se aprofunda necessariamente no perigo da situação, mas sim nas situações que o levaram até ali. O sentimento de deslocamento e incompreensão aparecem em foco para nos fazer compreender que ele não escolheu sua decisão, o mundo em contrapartida o levou aquele momento. 

Mas Leonard Peacock não é um pobre coitado. Problemas todos temos, e através dos outros personagens como Walt, seu vizinho-velho-melhor-amigo, e Lauren, a menina religiosa por quem se apaixona, o autor demonstra bem sutilmente diferentes formas de se encarar os problemas. Um certo otimismo aqui, um certo comodismo ali. Tudo para dar razão a própria existência, longe dos pensamentos negativos que a depressão tende a levar o protagonista.



Um dos pontos chave da narrativa são as cartas do futuro que são escritas para Leonard. De início, eu fiquei um pouco confusa sobre a origem das cartas, mas quando fica claro que é Leonard escreve para ele mesmo foi onde eu realmente vi o clímax da história, muito além do próprio enredo. É quando nós leitores percebemos que ele não quer morrer. Ele quer chamar atenção, ser salvo. Nas cartas, pessoas como a esposa, o sogro, e a filha dele contam como é a vida num futuro pós-apocalíptico e como ele precisa ser forte no presente para chegar no momento em que tudo vai melhorar.  

A narração acontece em primeira pessoa, como uma espécie de diário, mas outro artifício é utilizado para que possamos adentrar ainda mais profundamente na mente de Leonard: as notas de rodapé. Ali ele faz seus próprios comentários sobre as situações que descreve ao longo do livro



Preciso confessar que sou uma grande fã de personagens depressivos. Como escritora, acho que são os personagens mais bem trabalhados em sentido psicológico e isso me faz sentir próxima, como um amigo. Nesse caso especificamente, "Perdão, Leonard Peacok" é um livro muito pessoal, já que Matthew Quick assim como seu personagem também sofreu depressão grave durante anos, e por essa experiência ele de certa forma desabafa os problemas de sofrer com seus próprios pensamentos, os quais parecem te consumir.

O livro é recomendado! Mas não espere nada da leveza de "O Lado Bom da Vida", essa história é sobre quando não há nada de bom nela.

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