Autor:
Eduardo Spohr
Editora:
Verus Editora
Ano:
2013
Páginas:
586
Sinopse: Há muitos e muitos anos, há tantos anos quanto o número de estrelas no céu, o Paraíso Celeste foi palco de um terrível levante. Um grupo de anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiou a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio, e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o dia do Juízo Final.Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas, o dia do despertar do Altíssimo. Único sobrevivente do expurgo, o líder dos renegados é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na batalha do Armagedon, o embate final entre o Céu e o Inferno, a guerra que decidirá não só o destino do mundo, mas o futuro do universo.Das ruínas da Babilônia ao esplendor do Império Romano; das vastas planícies da China aos gelados castelos da Inglaterra medieval. A Batalha do Apocalipse não é apenas uma viagem pela história humana, mas é também uma jornada de conhecimento, um épico empolgante, cheio de lutas heróicas, magia, romance e suspense.
Após longos meses alternando a leitura com as
atividades da faculdade e do trabalho, finalmente chega ao fim a minha jornada
com o “A Batalha do Apocalipse”, do brasileiro (que eu mal conheço e já
considero pacas), Eduardo Spohr. O livro foi a minha primeira experiência com a
literatura fantástica nacional, que, apesar de me deixar orgulhosa feito uma
mãe coruja, ainda tropeça no que tange à enredo.
A trama de “A Batalha do Apocalipse” retrata o
universo celeste após o início do sétimo dia da criação, em que com a ausência
de Yahweh, o arcanjo Miguel detém o controle sobre as tropas angélicas.
Contudo, Miguel nutre extremo rancor pela criação de Yahweh, os humanos, e em
diversos momentos persuade as demais as castas angélicas sobre o fato de a
humanidade ter sido um erro de seu criador, levando-os a cometerem diversos
atos genocidas, entre eles a queda da cidade de Sodoma, e o dilúvio.
Consternado diante de tamanha crueldade por parte
do arcanjo com a obra divina, o Primeiro General Ablon, um querubin, persuadido
pelo então arcanjo Lúcifer, lidera uma rebelião contra Miguel, mas juntamente
aos seus seguidores, Ablon é subjugado por líder Miguel, e condenado ao exílio
na Haled (plano físico).
Renegado, Ablon conhece em seu exílio, na
Babilônia, Shamira, a Feiticeira de En-Dor, pela qual nutre grande amizade e
enfrenta grandes aventuras. A história de ambos se entrelaça durante os
séculos, fazendo nascer em ambos um sentimento amoroso, apesar de muito oculto
pelos dois. A trama principal (sim, porque as ramificações na trama são
imensas) se passa em 2012, com o soar das sete trombetas que anunciam a chegada
do Apocalipse. Ablon, juntamente aos seus aliados correm contra o tempo para
evitar a destruição total da humanidade.
Spohr mostrou que sabe montar um enredo entrelaçado.
Conduzindo mitologia, histórias bíblicas e a história da própria humanidade, o
autor mostrou que não brincou em suas viagens pelo mundo, pelo contrário, ele
estudou, e muito! Contudo, apesar da riqueza histórica, e que é extremamente
prazerosa, em alguns momentos Spohr acrescenta momentos poucos relevantes à
trama do livro (algo que inclusive me pareceu uma certa ostentação de
conhecimento, mas ok). Por meio de flashbacks de, ora Ablon, ora Shamira, o
autor encontrou um meio de explicar os acontecimentos que levaram o anjo àquele
desfecho, contudo, em alguns momentos são inclusos flashbacks muito extensos e
que pouco influenciam na trama principal, que ao invés de contribuírem com o
enredo, o tornaram extremamente cansativo.
Um dos flashbacks, apesar de relevante, contou com
um pouco mais de 120 páginas que, apesar de ser separado por intertítulos,
tornaram sofrível a leitura de alguém como eu que só interrompe a leitura após
um capítulo findado. Isso durante uma leitura meio sonolenta é uma verdadeira
batalha épica. Contudo os capítulos da trama principal, felizmente, não sofrem
deste mesmo mal, e possuem tamanho decente.
Outro fator que me desanimou um pouco foi Spohr
ter desenrolado tanto a trama de “episódios de aventura” do grande herói Ablon,
mas ter dado pouco destaque à peças que, ao meu ver, mereciam um pouco mais de
aprofundamento, como foi o caso das Guerras Primevas, antecessoras à criação
dos anjos, batalhada entre Yahweh, com seu arcanjos, e Tehom, deusa do caos, e
que foi um evento determinante no comportamento atual de Miguel.
Ablon é colocado como herói indestrutível, como o
grande benfeitor, anjo perfeito, justo, e que às vezes consegue ser
extremamente chato. Talvez seja porque essa extrema elevação do personagem não
seja algo que me agrade, minha preferência é pelos personagens imperfeitos,
como Miguel, Gabriel e Lilith, a rainha das Succubus.
Um ponto positivo que me agradou muito durante a
leitura, foi o fato da história, que se passar em sua maioria no Oriente Médio
e Europa, também ambientar-se no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro. No
livro, o Brasil foi escolhido como moradia de Ablon por ser um país neutro, e
muitos pontos da cidade maravilhosa são descritos durante a estadia do celeste.
O desfecho do livro é marcado pela tão esperada
batalha que dá título ao volume, e realmente é o ápice do volume. Marcado de
muita ação, muito choque de aço, sangue, flechas e guerreiros parrudos alados,
do jeito que a titia aqui gosta. Talvez o ponto altíssimo deste livro são as
batalhas, especialmente as justas (duelos), entre Ablon e seu maior rival,
Apollyon. Bem descritas, as cenas são dignas de heróis cinematográficos, e como
os adversários são criaturas místicas, aladas, e com poderes equiparados, é um
verdadeiro deleite.
Porém, ainda assim sinto a necessidade de fazer uma
ressalva: o final. Infelizmente, o final do livro não deixou de me decepcionar
um pouco, pelo simples fato de que foi bastante previsível. E eu, como leitora
cética de George R. R. Martin, esperava uma reviravolta mais marcante.
Apesar de eu ter apontado muitos pontos negativos,
terminei “A Batalha do Apocalipse” atribuindo-lhe um saldo positivo. Com
escrita um tanto erudita, o livro traz reflexões consideráveis sobre a
humanidade, e os anjos, que apesar de não possuírem o livre arbítrio e alma,
são extremamente semelhantes aos humanos no que se refere a sentimentos. Amor,
ódio, compaixão, ciúme, inveja, ambição, tudo que reflete em nosso
comportamento como humanos, reflete de forma ainda mais intensa no caráter dos
angélicos, que devido a sua natureza tendem a levar tudo à ferro e fogo.
“Deus
nunca esteve tão vivo. Por bilhões de anos, o Senhor moldou o universo, e um
dia, seu trabalho acabou. Orgulhoso por sua obra, o Altíssimo desejou a Onipresença.
Queria estar em todos os lugares, ver todas as coisas e provar as belezas do
mundo. De seus frutos mais estimados, adorava a raça humana, uma espécie
selvagem que vivia na podridão das cavernas. Cansado de admirar sua cria,
Yahweh queria tocá-la, viver entre ela, e amá-la. Assim, dispersou seu
espírito, e dessa energia divina nasceu a alma humana, abençoada com o livre
arbítrio e agraciada pela seiva do amor”
– Arcanjo
Gabriel
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