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Sombras da Noite: do terror ao “sem noção” no jeito mais King de ser


Autor: Stephen King
Editora: Doubleday
Editora no Brasil: Objetiva
Ano: 1978
Páginas: 416

Que Stephen King é meio gênio e meio louco todos sabem. Seus sucessos de ouro como “Carrie: A estranha”, “A espera de um milagre” (sim, é dele) e “O iluminado” são hoje reconhecidos mundialmente, principalmente por suas reproduções cinematográficas. Mas aqueles que vão mais a fundo em suas obras, podem conhecer lados de Stephen King que não são esperados, nem dos mais bizarros autores de thrillers.

Nessa categoria de bizarrice, encaixamos “Sombras da Noite” (não, não é um filme do Johnny Depp), um livro de contos com os mais diversos tipos de terror/esquisitice que você pode imaginar (ou não).

Sinopse: Stephen King reúne aqui 20 de seus mais inquietantes contos- relatos de acontecimentos bizarros e atos impensáveis, surgindo daquela região crepuscular onde ruídos nas paredes e sombras perto da cama prenunciam algo terrível que ronda à solta. Os cenários são familiares e acima de qualquer suspeita - um colégio, uma fábrica, uma lanchonete rodoviária, uma lavanderia, um milharal. Mas no mundo de Stephen King, qualquer lugar pode servir como território sobrenatural. Só é necessária uma hora propícia da noite e a distração das vitimas. Alguns desses clássicos inspiraram filmes memoráveis: As Crianças do Milharal (Colheita Maldita), O Homem do Cortador de Grama (O Passageiro do Futuro), A Máquina de Passar Roupa (Mangler: O Grito de Terror) e Às Vezes Eles Voltam.

“Sombras da noite” foi considerado a melhor coletânea de contos de King, na qual muitos dos contos serviram de base para adaptações cinematográficas famosas. São vinte contos de temáticas variadas, que abrangem desde casos policiais a casas assombradas, cidades amaldiçoadas e grupos assassinos.

De início, já temos uma máquina de lavanderia que se revolta contra os trabalhadores, assassinando-os. Quem assistia bastante a Sessão da Tarde nos anos 90, conhece o filme “Christine” (que também é um livro de King), que conta a história de um carro enfeitiçado que comete atrocidades contra humanos. Muitos dos contos seguem essa mesma ideia, de máquinas se revoltando e escravizando humanos. Soa meio louco, mas também remete àquela teoria futurista de que um dia as máquinas se virarão contra seus criadores, dando início a uma guerra; visto especialmente no filme “Eu robô”, de Isaac Asimov.

Contos como esse, servem para nos fazer pensar no quanto somos reféns da tecnologia, no quanto nos dedicamos a dar inteligência e a colocar máquinas para fazer/ facilitar nosso trabalho e até que ponto isso pode ser prejudicial, não necessariamente partindo da ideia de que uma impressora vai criar pernas e te acertar com uma faca. Por mais maluco que possa parecer, há certa sobriedade nas ideias malucas de King, que são bem típicas de suas obras. O louco são.

Além destes contos, King também brinca com o espiritismo, cidades fantasmas (incluindo sua famosa e fictícia Jerusalem’s Lot ou Salem’s Lot), crianças assassinas escondidas em milharais, e diversas outras temáticas. Não vou mentir, você precisa ter uma mente muito boa para ler este livro e captar suas melhores nuances, já que em muitos momentos, os contos se assemelham a pesadelos desconexos, como se King tivesse juntado suas ideias mais aleatórias e colocado no papel, mas nem por isso deixa de ser um livro bom.

Bem escrito e criativo, o “Sombras da Noite” mexe com quem lê (se mexerá de uma forma boa ou ruim, isso é com você), da forma em que um livro de suspense, com mortes bizarras, sangrentas e meio sem noção deve mexer. Brinca com sua percepção e com sua capacidade de acreditar ou não nas coisas. É engraçado em alguns momentos e te deixa meio embasbacado em outros. Curioso, cada conto tem plots que são de cair o queixo, é literalmente um banho de criatividade, escrito de forma simples e pragmática, do tipo que se lê com fluidez.

Mas não se engane, não leia o livro se não for levar na esportiva. Como disse anteriormente, é um livro de suspense, com mortes e espíritos inquietos, ideal para quem gosta da temática. Não o recomendo de nenhuma forma para religiosos extremistas, especialmente àqueles que adoram apontar uma heresia. É de fato um livro bizarro, com contos extensos, mas delicioso de ler, inclusive recomendo ler um conto por noite, mas só se não tiver medo de pesadelos ou do seu carro.

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