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Livros X Filmes: O amor e ódio por adaptações cinematográficas da literatura


Quando se trata de adaptações literárias para o cinema a opinião dos leitores é unânime: O livro é melhor. Além disso, a popularização das adaptações de best-sellers, iniciada pela querida e adorada saga Crepúsculo, fez com que ao menos uma vez a cada semestre tenhamos o título de um livro estampado nos corredores de estreia do cinema.

Isso é algo bom ou ruim?

A princípio, sim, é algo bom. Significa que a literatura tem ganhado seu espaço na cultura pop, e de certa forma, um filme atrativo pode sim, ser capaz de convencer certas pessoas a procurarem pelo livro. Mas o problema, e que atinge não apenas à literatura convencional, como também o mundo dos quadrinhos, é que as adaptações, viraram algo tão explorado ultimamente, que ao que me parece virou uma mercadoria puramente capitalista.

“Ai Lara, mas tudo é capitalismo, você não acha os livros numa lata na sua esquina, você os compra, queridinha!”, sim, isso verdade, mas quando tudo gira em torno de vender incontrolavelmente, dá a impressão de que a obra foi banalizada, transformada em puro produto e não em um objeto cultural.

Quando mais nova, eu costumava torcer muito para que os livros que eu lesse virassem filmes, porque eu queria ver aqueles personagens que eu amava em carne e osso. Agora mais velha, eu ainda assisto aos filmes dos livros que leio, e ainda me empolgo com a trama trazida à vida, mas meu olhar não é mais o mesmo.

Posso simplesmente dizer que certos filmes não valem a pena. E é realmente isso que eu penso. Tem muito livro sem um bom conteúdo sendo convertido em filme por diretores que literalmente não estão nem aí. A indústria cinematográfica faz uma espécie de quid pro quo com a literatura, uma vez que a popularização do livro rende público para o filme, e o filme convence mais pessoas a lerem um livro. Uma troca saudável? Talvez não.

Boa parte desse material é para o público juvenil, o verdadeiro caça níqueis da indústria cultural, e o que se tem hoje são filmes bobos, com efeitos exagerados e caracterização barata para simplesmente transformarem universos fantásticos em coisas banais (olha o Crepúsculo aí de novo, minha gente!). Minha empolgação hoje em ver adaptações cinematográficas caiu, drasticamente, e para mim, pouca coisa se salva.

Resolvi fazer um comparativo de Livro X Filme para pontuar os prós e contras que giram em torno dessas adaptações, que podem valorizar uma obra ou ridicularizá-la. Usei best-sellers, porque são os queridinhos dos produtores, especialmente pelo alto teor de lucratividade.

1)    Crepúsculo


Se tratando de adaptações literárias, porque não começar com o livro que trouxe o “BOOM” de best-selles para os corredores do cinema?

O livro não chega a ser o pior dos piores, é realmente um livro juvenil, de leitura rápida, com trama pouco complexa e tipografia grande, daquele tipo que descansa a mente por não forçá-la a trabalhar. Há que ame, e há quem odeie.

Nesse misto de amor e ódio, durante os anos de ouro da era Crepúsculo, muito ódio pelos atores da saga foi distribuído pelas redes sociais e pátios de colégio da vida. E o grande culpado disso nem foi o livro de Stephenie Meyer, e sim o filme, que teve na figura esquelética de Robert Pattinson o que muitos consideraram um verdadeiro ultraje contra os vampiros, que até então tinham a fama de carniceiros, popularizada por Blade e Drácula.

2)    O Código Da Vinci


Livro que empurrou Dan Brown para o top 10 dos mais vendidos, o Código da Vinci é um livro fantástico, maduro, mas conciso, rico em descrições de obras históricas pouco acessíveis à cultura de massa. Um verdadeiro transmissor de conhecimento cult às massas.

Mas a adaptação desse livro, que causou o maior alvoroço pela igreja católica, deixou muito a desejar. É claro que não dá para colocar um livro na íntegra em um filme de no máximo duas horas, mas a trama do filme de O Código da Vinci ficou despedaçada, sem falar que o Tom Hanks e a francesinha Audrey Tautou convenceram pouco nos papéis.

3)    A Menina que Roubava Livros


Quando se trata de Markus Zusak eu sou suspeita. Como verdadeira fã do autor, desde que li seu maior sucesso, por volta de 2008/09 esperei assiduamente pela adaptação cinematográfica. Uma espera que se estendeu até 2013, mas que não desapontou. Não foi “O FILME”, mas na simplicidade soube ser fiel e agradar os leitores, já os não leitores, talvez tenham saído pouco entusiasmados pela obra simplificada na tela.

O livro envolve a personagem principal, Liesel, em uma atmosfera tipicamente nazista, é mais do que apenas hospedar um judeu no porão, é sobre viver no medo e viver na revolta, é Liesel, inocentemente, nadando contra maré, e acima de tudo, o livro mostra bem a Alemanha nazista pelo olhar alemão. No filme, a narrativa simplificada transforma a trama em apenas uma história retilínea, sem aprofundamento ou explicações. Para que não leu, o filme é apenas um filme seco.

4)    Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres


Primeira parte da trilogia Millennium, Os Homens que Não Amavam as Mulheres teve sua primeira adaptação em um longa-metragem sueco (país de origem do livro). Mas foi pelas mãos do diretor David Fincher, (conhecido pelas adaptações de Clube da Luta e Garota Exemplar) que em 2011 o thriller do autor  Stieg Larsson ganhou sua versão hollywoodiana. 

O resultado foi uma adaptação fidelíssima ao material original. Fincher conseguiu captar na película toda a atmosfera sombria da obra, e a acertada escolha da atriz Rooney Mara para viver a adorada protagonista Lisbeth Salander, garantiu o sucesso do filme entre os fãs.

5)    O Hobbit: Uma Jornada Inesperada


Quase dez anos após a conclusão da trilogia O Senhor dos Anéis nos cinemas, o diretor Peter Jackson resolveu levar às telonas a obra que deu início à saga dos hobbits na Terra Média. O livro, que possui pouco mais de 290 páginas, foi adaptado em três longas-metragens de quase três horas de duração cada. Uma Jornada Inesperada, que narra a primeira parte da aventura, é a adaptação mais fiel da obra de Tolkien. 

É possível identificar diálogos inteiros do livro transcritos no filme, além de uma reprodução impecável dos cenários descritos no texto da obra. Para render material aos outros dois filmes (A desolação de Smaug e A Batalha dos Cinco Exércitos) muitas cenas que no livro são apenas passagens foram estendidas, e algumas outras precisaram ser literalmente criadas. A princípio tudo isso pode parecer uma esperteza dos produtores para arrecadar mais grana nas bilheterias, o que de fato acontece. Mas o diretor Peter Jackson é sem dúvida o fã numero um das obras de Tolkien, e sabe dar ao material todo o cuidado que ele merece.

E você? Qual livro acha que deveria (ou não) virar um filme?

COLABOROU COM ESSE TEXTO: WANDERSON SOUSA

4 comentários:

  1. Nunca li Crepúsculo nem O Código da Vinci, e nem pretendo. O Hobbit, talvez um dia. Mas li e vi A Menina Que Roubava Livros e ainda fico besta em como amo aquele filme. As atuações foram extremamente convincentes, é de uma sensibilidade tocante, que me levou às lágrimas da primeira e quase novamente na segunda vez que assisti. Gosto que filmes sejam adaptados, vejo mais prós que contras, mas o que eu detesto é quando o livro vira modinha. Acho que é normal no mundo que a gente vive que tudo seja mercadoria, mas contanto que tenha qualidade (que é o que acontece com a maioria, ou não? Ok, Percy Jackson teve uma adaptação lixo, mas acho que têm livros que receberam umas bem melhores), tô feliz. Até porque muitos dos filmes bons, na verdade, são adaptações de livros e a gente nem sabia.
    Amei o post!

    Clara
    @clarabsantos
    clarabeatrizsantos.blogspot.com

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    1. Oi Clara! Eu amo A menina que Roubava livros, apesar de não ser o meu livro favorito do Markus, e eu esperei anos por aquele filme. Concordo com você, o filme é lindo, as atuações são encantadoras (e eu também fui ás lágrimas), só acho que faltou um pouco mais do nazismo presente no livro, é como se eles falassem o tempo todo do nazismo, mas o nazismo não estivesse verdadeiramente ali. Mas isso apenas no filme, no livro isso tudo é muito bem medido.
      Quem não detesta quando um livro vira modinha? Nós leitores temos muito ciúme dos nossos livros, é complicado ver nossos livros legais transformados em objetos de massa, mas isso é pauta pra outro post xD
      Sim, isso é verdade, e muitos filmes de livros já me convenceram a ir atrás dos livros, como o Millennium, citado na lista, e o Garota Exemplar (coincidentemente do mesmo diretor rs), os dois já estão na minha meta de leitura do ano que vem.
      Muito obrigada pelo comentário Clara!
      Abraços!

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  2. Eu também não sou fã de adaptações, embora reconheça que podem ajudar a popularização da obra, porque mesmo com um bom diretor e uma produção impecável a chance da obra ficar mais pobre é imensa.

    Isso não é elitismo, nem preconceito contra os filmes - afinal, toda obra literária tem seu valor e o teatro e o cinema são literaturas também - mas é um fato que alguns recursos como o drama psicológico, o narrador que conversa com leitores, as descrições poéticas, simplesmente não funcionam tão bem em um filme.

    Um exemplo, o livro "O Caçador de Pipas", do Khaled Hosseini, não é apenas uma história sobre dois meninos que crescerão juntos, é a história de um homem arrependido por um erro no passado, que através de muita reflexão e análise do passado, tenta se redimir e perdoar a si mesmo; no filme se perdeu muito disso, e o enredo não só ficou mais pobre como chato.

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    1. É exatamente isso que me incomoda sabe? O teor das obras é perdido, e algumas vezes chega até a queimar o filme (rs) do livro. Isso que aconteceu no caçador de pipas, foi o mesmo que aconteceu com A Menina que Roubava Livros, que acabou virando só uma história seca sobre uma garotinha que simpatizava com judeus, foi perdido o teor histórico do livro, o "tchan" da obra. Aí quem não leu, sai do cinema com cara "aquilo que todo mundo falava que era tão UAU é só ISSO?". E isso se dá, principalmente, à adaptação de um determinado meio para outro, exatamente como você colocou, mas a questão mesmo que eu quis apontar com o texto, foi que grande parte produto cinematográfico que tem surgido das obras literárias tem pouca qualidade e de certa forma "desempolga" muita gente a ler, além de banalizar esse tipo de filme.

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