Autor:
Gustavo Bernado
Editora:
Atual
Ano:
2002
Páginas:
88
Nota:
4/5Sinopse: Um crime chocante coloca em contato dois personagens que parecem viver em mundos diferentes. Nina não falava. Entretanto,tinha uma assombrosa percepção das coisas, que expressava em desenhos. O tenente encarregado de investigar o caso escreve poemas que não mostram a ninguém e, diante da violência com quem convive em seu cotidiano profissional, se vê as voltas com mistérios da alma humana para os pais não há palavras que o expliquem. Entre ambos cria-se um dialogo surpreendente,que nos sugere que podemos descobrir novas maneiras de compreender o mundo… E principalmente, de lidar com o que não conseguimos compreender
Geralmente quando uma pessoa não consegue falar é porque está gritando por dentro, pedindo ajuda de seu modo. Mas, quando uma pessoa aparentemente normal, sem traumas e nenhum problema físico não fala, o que será que ela quer dizer?
Apesar
de viver em um ambiente barulhento, com um rádio diuturnamente
ligado, a
vida de Nina é marcada pelo silêncio; nas palavras do policial que
narra a história:
Nina não falava. Nada. Nem uma palavra. Ou gemido, choro, grito, nada. Não emitia nunca o menor som – isso, desde sempre, isto é, desde que nasceu, para espanto da mãe e preocupação do doutor.
Não
há explicação para este fato, a menina não era surda, não tinha
problemas nas cordas vocais e nem deficiência mental ou TEA
(Transtorno do Espectro Autista) e não sofria maus tratos da
família, que se preocupava com ela e tentava a colocar em uma
escola, só que professores, médicos e psicólogos não sabiam como
agir com ela.
Apesar
dessa aparente apatia, ela tem uma sensibilidade pra perceber o
sentimento das pessoas, por exemplo após o jantar o seu pai gosta de
ficar reflexivo e olhar a janela, Nina era a única que sabia que ele
a olhava e não PELA janela. Essa misteriosa menina vivia quieta no
seu canto sem outra interação com as pessoas além de desenhos
misteriosos.
Em
outro ponto da cidade vivia o tenente, um policial medíocre que
escrevia alguns versos (e tinha consciência que eram pobres) e
possui muita sensibilidade e inteligência Interpessoal (habilidade
de entender as intenções, motivações e desejos dos outros) mas
silencia tudo que precisa dizer.
A
vida de ambos se cruza quando um nordestino mata a companheira,
aparentemente por ciúmes, e Nina pode ajudar a desvendar o caso. Só
que não é uma história policial, a investigação é só uma
desculpa para eles se conhecerem e o tenente se interessar pela
garota.
Não,
ele não é pedófilo e nem procura ter relacionamentos amorosos por
ela, embora em uma ocasião ele imagina o que aconteceria se eles se
casassem e como seria a vida dele com uma mulher que não falava. A
relação deles é pura amizade e o investigador é curioso pelo fato
da moça ser tão intuitiva e comunicativa sem utilizar nenhuma
palavra.
A amizade entre eles ajuda
ambos a evoluírem, vencerem seus medos e a não se sentirem tão
deslocados do mundo. Já
li muitos livros comoventes, capazes de fazer as pessoas mais
sensíveis chorar, mas confesso que poucos me tocaram tanto. É uma
história bonita e sensível, que fala de família e emoções,
comunicação e silêncio, vida e morte sem ser piegas e nem
previsível; o autor deixa muitas repostas para o final, como se Nina
falará algum dia ou não. E muitas questões não são esclarecidas
– ficam por conta da imaginação do leitor, em uma entrevista no
final do livro, o autor Gustavo Bernado explica que nunca saberemos
tudo de nós mesmos, nem dos outros e de nossos sentimentos.
Oi
ResponderExcluirque bom que esse livro te tocou e muito, não conhecia mais a história parece ser diferente.
os personagens parecem ser bem profundos.
momentocrivelli.blogspot.com.br
Este comentário foi removido pelo autor.
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