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Da madrugada insone aos fracassos

Foto: Divulgação/Warp Films/Weinstein Company: Cena do filme 'Submarine'
Não consigo dormir. Olho para o relógio na cabeceira da cama: 02h37 da madrugada. Maravilha. Aparentemente, meu organismo sentiu que seria ótimo impedir meu sono, mesmo sabendo que o dia seguinte seria outro de atividade intensa, infeliz. Talvez não queira me deixar dormir por pirraça. 
Fecho os olhos e tento novamente. Respiro fundo. Uma, duas, três vezes, e relaxo. 
Na minha mente sucedem diversas cenas, conexões, ideias. Tudo preto e branco, em escala cinza, ou simplesmente sem graça. Reflito. 
Um ou vários neurônios fazem sinapse e me colocam à frente dos olhos da interpretação o que sinto há tempos: falhei. 
Fui designada a várias missões, pelo Destino, por Deus, se eu acreditasse, pela sociedade e pela vida, enfim, e falhei. 
Falhei em provas, relacionamentos, na tentativa de ser um Homo sapiens melhor na longa jornada que é a vida humana. Fracassei nas coisas boas e ruins. Um desastre. 
Sinto meu coração apertado. Admitir tudo isso, afinal, é doloroso, mas necessário. Por isso não consigo dormir. 
Freud provavelmente diria que sinto culpa e que esta, na sua infinita crueldade, vem me torturar à noite, impedindo-me de entrar no maravilhoso mundo do esquecimento (ou dos sonhos) e me obrigando a conviver com meus fantasmas. 
Provavelmente devia ter me esforçado mais, tentado mais. Talvez não tivesse falhado em tantas coisas. Talvez eu até tivesse conseguido alguns achievments. Talvez ainda me restassem muitos amigos, pessoas com as quais conversar. Mas não. 
No final, o que ficou comigo foram textos não entregues, presentes que recebi mas que não merecia e que, por gosto pela tristeza das lembranças ou por simples preguiça de jogar fora, mantenho comigo, dia e noite. 
No final, restou a mim: emocionalmente instável e com uma constante sensação de falha, impotência e vazio. 
Sinto a garganta apertada, como se algo tentasse sair. Talvez seja um soluço, talvez seja um grito. 
Dizem que o importante não são os fracassos porque estamos todos sujeitos a eles. Não, definitivamente não são os fracassos. O que importa, segundo dizem, é como você escolhe reagir a eles. "Vai levantar e lutar ou ficará aí sentada numa esquina qualquer se lamentando?". Quem dera a escolha fosse fácil. 
Respiro fundo novamente e sinto que dessa vez me aproximo do torpor do sono. 
Não, não é uma escolha fácil. Mas antes de reagir, acredito que mereça ter meu momento de lamentações, de reflexão. Talvez assim não cometa mais os mesmos erros. 
Fecho os olhos. 
No final, todos reagimos e ficamos bem, seja lá qual for a definição de "bem" que tenhamos em mente. Otimismo. 
Afundo mais no travesseiro. 
Mas antes, minha dose de culpa e reflexão. Só assim sinto que as coisas vão melhorar. 
Cada um reage do seu jeito, afinal. 
Afundo lentamente, muito lentamente. 
E boa noite.

2 comentários:

  1. Oi
    muito bom mesmo, realmente as vezes insonia nós faz pensar na vida passado e futuro, eu mesmo me pego nesses momentos ainda mais agora que to desempregada e que tê hora que dá vontade até de chorar quando não consigo dormir.
    você escreve muito bem mesmo,

    momentocrivelli.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Olá, Denise!
      Com toda certeza as madrugadas insones são péssimas. Infelizmente, elas têm sido muito comuns ultimamente :(
      Mas tudo bem! Tudo bem chorar e refletir um pouco sobre as coisas, não? Tenho comigo que isso alivia o peso que carregamos; entretanto, nunca é bom sofrer sozinhx.
      Eu realmente espero que tudo fique bem e que tudo dê certo pra você!
      E obrigada pelo comentário :)
      Um abraço!

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