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Cruzando o Caminho do Sol: A realidade nua e crua por trás do tráfico humano



Autor: Corban Adisson
Editora no Brasil: Novo Conceito
Ano: 2012
Páginas: 448


Sinopse: Sita e Ahalya são duas adolescentes de classe média alta que vivem tranquilamente junto de seus familiares, na Índia. Suas vidas tranquilas mudam completamente quando um tsunami destrói a costa leste de seu país, levando com suas ondas a vida dos pais e da avó das meninas. Sozinhas, elas tentam encontrar um modo de recomeçar a vida. Mas elas não devem confiar em qualquer um... Enquanto isso, do outro lado do mundo, em Washington, D. C., o advogado Thomas Clarke enfrenta uma crise em sua vida pessoal e profissional e decide mudar radicalmente: viaja à Índia para trabalhar em uma ONG que denuncia o tráfico de pessoas e tenta reatar com sua esposa, que o abandonou. Suas vidas se cruzarão em um cenário exótico, envolto por uma terrível rede internacional de criminosos. Abrangendo três continentes e duas culturas, Cruzando o Caminho do Sol nos leva a uma inesquecível jornada pelo submundo da escravidão moderna e para dentro dos cantos mais escuros e fortes do coração humano.

O maior inimigo do ser humano é o próprio ser humano. Nada de furacões, tempestades tropicais ou tsunamis. Enquanto a natureza se defende, os homens realizam atos cruéis apenas por prazer e dinheiro, ou pior: traficam humanos. O tráfico acompanha cerca de 1,2 milhões de crianças escravizadas pelo comércio do sexo na Índia, local em que a narrativa de Cruzando o Caminho do Sol se inicia. Esse número é de apenas um país, agora imagine no mundo inteiro! Todos os dias esse mercado enriquece centenas de pessoas e acaba com a vida de outras tantas.

O romance narra a trajetória das irmãs indianas Sita e Ahalya que perdem a família e toda uma vida cheia de sonhos durante um tsunami. Elas decidem procurar ajuda, mas acabam confiando nas pessoas erradas e se veem forçadas a viver no mundo da prostituição.
"Fomos ensinados em aulas de história que a escravidão terminou com a guerra civil americana, mas na realidade existem mais escravos hoje do que no passado” (Corban Adisson)

O sofrimento da irmã mais velha, Ahalya, após ser “iniciada” no prostíbulo é pesado, pois vemos a infância da menina indo embora e em seu lugar surge uma mulher triste e obrigada a ser submissa aos seus chefes e clientes. Sita ajuda a irmã de todas as formas, seja animando-a com lembranças da família ou com poesias, mas Ahalya acredita que pensamentos bons não serão suficientes para tirá-las dali. O livro também mostra outras garotas que foram seduzidas com propostas de emprego mentirosas e acabaram entrando nesse mundo.

Paralelamente conhecemos o advogado norte-americano Thomas Clarke, um personagem cheio de culpas, angustias e dualidades que precisará se mudar para a Índia após um problema judicial em seu local de trabalho. Essa viagem o muda completamente em vários aspectos, seja em relação a sua vida amorosa, pois pouco tempo antes ele e sua esposa Priya haviam terminado um relacionamento de anos e ela voltara para a Índia, na questão profissional, já que seu novo trabalho na empresa Aces envolve o tráfico humano e na sua ligação com as irmãs Sita e Ahayla.




Apesar de ser narrado em terceira pessoa, o livro possui um formato parecido com o POV (pontos de vista), já que sempre no início dos capítulos há uma frase de algum autor conhecido, e logo em seguida, o país em que o personagem se encontra.

Como não posso falar muita coisa sem revelar detalhes importantes, adianto que a história acaba te envolvendo e nos instiga a querer logo todas as respostas. O interessante é que o autor estudou e visitou prostíbulos em Kamatipura, em Mumbai para aprofundar seus conhecimentos, o que permitiu ao leitor uma maior proximidade com o tema, pois ele descreve cada detalhe da Índia, de Paris e outros países, dos prostíbulos e dos esquemas desenvolvidos pelos cafetões.

Cruzando o Caminho do Sol é uma lição e tanto para aqueles que pensam que a vida é sem graça e sem perspectivas. É com leituras como essa que refletimos sobre os rumos da nossa vida.

2 comentários:

  1. Parabéns pela resenha muito interessante, é o tipo de livro que incomoda o leitor, tanto pelo terrível choque de realidade quanto pela necessária reflexão: podemos fazer alguma coisa para mudar isso, ou somos impotentes diante de tanta coisa ruim que acontece no mundo?

    Gostei muito da frase "O maior inimigo do ser humano é o próprio ser humano. Nada de furacões, tempestades tropicais ou tsunamis." é de sua autoria mesmo?

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  2. Obrigada pelo comentário. Sim, assim que o personagem Thomas Clarke vai a um bairro indiano onde há prostíbulos por todas as partes ele se questiona bastante. E o governo? E as autoridades? Ninguém faz nada? O livro cita que existem organizações e pessoas dispostas a acabar com o tráfico, mas eles não podem salvar tudo e todos. É tudo tão complicado... Sim, é de minha autoria.

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