Highway, palavra inglesa para
autoestrada, se refere a uma rodovia destinada apenas ao tráfego motorizado de
alta velocidade, planejada com pelo menos duas vias em cada direção de fluxo,
separadas por elementos físicos, com cruzamentos desnivelados e acesso
restrito. A velocidade, a emoção e o sentido de viagem longa são elementos
ricos de significado, por este motivo, o termo tem sido explorado em diversas
músicas de muitos autores, porém nenhuma é mais cheia de emoção é significado
que esta grande obra dos Engenheiros do Havaí.
Você me faz correr demaisOs riscos desta highwayVocê me faz correr atrásDo horizonte desta highwayNinguém por perto, silêncio no desertoDeserta highwayEstamos sós e nenhum de nósSabe exatamente onde vai parar
Neste trecho, o eu lírico está
falando com uma pessoa, mais tarde saberemos que é uma garota, eles estão
viajando sozinho e conversando sobre a estrada, o eu lírico afirma que ela faz
com que ele corra demais e eles não sabem exatamente aonde vão chegar.
Mas não precisamos saber pra onde vamosNós só precisamos irNão queremos ter o que não temosNós só queremos viverSem motivos, nem objetivosEstamos vivos e isto é tudoÉ sobretudo a leiDa infinita highway
Ainda falando sobre a pista, ele
começa a filosofar sobre a vida e conclui que não precisamos ter tudo
controlado nela, “só precisamos ir”, ou seja, esquecer os problemas e viver
“sem motivos, nem objetivos”. Este tipo de filosofia lembra muito o tema Hakuna
Matata dos personagens Timão e Pumba da franquia O Rei Leão, e segundo o eu
lírico, é a lei da infinita highway: que a partir deste trecho é uma alegoria à
vida e não mais uma simples rodovia;
Quando eu vivia e morria na cidadeEu não tinha nada, nada a temerMas eu tinha medo, medo desta estradaOlhe só! Veja vocêQuando eu vivia e morria na cidadeEu tinha de tudo, tudo ao meu redorMas tudo que eu sentia era que algo me faltavaE, à noite, eu acordava banhado em suor
Aqui o eu lírico está explicando
porque passou a seguir a filosofia Hakuna Matata, embora ele tinha uma vida
tranquila na cidade (“não tinha nada, nada a temer”) ele sentia que faltava
alguma coisa e temia largar tudo – simbolizado pelo medo da highway, ou seja,
da vida de emoções – esse medo fazia com ele acordar à noite, banhado de suor.
Não queremos lembrar o que esquecemosNós só queremos viverNão queremos aprender o que sabemosNão queremos nem saberSem motivos, nem objetivosEstamos vivos e é sóSó obedecemos a leiDa infinita highway
Continuando a explicar sua
filosofia de vida, ele a sintetiza dizendo que a única coisa que quer é viver
sem motivos, sem objetivos, esquecendo todo o resto e simplesmente obedecendo a
lei da pista: muita velocidade - ou seja, uma vida com sentimentos fortes e
pouca preocupação.
Escute garota, o vento canta uma cançãoDessas que a gente nunca canta sem razãoMe diga, garota: Será a estrada uma prisão?Eu acho que sim, você finge que nãoMas nem por isso ficaremos paradosCom a cabeça nas nuvens e os pés no chãoTudo bem, garota, não adianta mesmo ser livreSe tanta gente vive sem ter como viver
Aqui percebemos que a garota,
aparentemente, vive a mesma filosofia e para sua interlocutora essa vida é
liberdade enquanto para ele é uma forma de prisão – ao deixar a cabeça nas
nuvens a pessoa perde contato com a realidade e deixa de enxergar as pessoas
que passam dificuldades – “vivem sem ter como viver”.
Estamos sós e nenhum de nósSabe onde quer chegarEstamos vivos sem motivosQue motivos temos pra estar?Atrás de palavras escondidasNas entrelinhas do horizonteDessa highwaySilenciosa highway
Aqui o eu lírico reforça o que já
foi dito e começa a refletir: “qual o motivo de se está vivo desse jeito”, sem
saber o que quer e aonde quer chegar? As entrelinhas da highway são a
ambiguidade dessa vida, é livre mas é uma prisão que deixa a pessoa alienada da
realidade social, a pessoa está viva mas qual o sentido de uma vida sem motivo
nenhum?
Eu vejo um horizonte trêmuloEu tenho os olhos úmidosEu posso estar completamente enganado, posso estar correndo pro lado erradoMas a dúvida é o preço da pureza, e é inútil ter certezaEu vejo as placas dizendoNão corra, Não morra, Não fumeEu vejo as placas cortando o horizonte, elas parecem facas de dois gumes
Toda essa ambiguidade deixa o eu
lírico confuso, ele não sabe se está enganado ou se está tomando as decisões
erradas (“correndo pro lado errado”), ele só sabe que essa dúvida é o preço
para uma vida sem preocupações (“pureza”) e que é inútil pensar que se sabe
tudo, “ter certeza”. Ele vê os conselhos que as pessoas lhe dão como uma faca
de dois gumes, em outras palavras, não sabe se são dignos de crédito ou
desconfiança.
Minha vida é tão confusa quanto a América CentralPor isso não me acuse de ser irracionalEscute garota, façamos um tratoVocê desliga o telefone se eu ficar muito abstratoEu posso ser um Beatle, um beatnikOu um bitoladoMas eu não sou ator, eu não tô à toa do teu ladoPor isso, garota, façamos um pactoDe não usar a highway pra causar impacto
Ele chega a conclusão que sua
vida é muito confusa por isso não adianta tentar ser racional, e resolve propor
um trato à sua interlocutora: não tentar ou fingir ser outra pessoa, ele pode
ser um tradicional (Beatle), alternativo (beatnik é um indivíduo que rejeita o
conformismo burguês, os seus costumes e valores convencionais, assumindo uma
filosofia de vida e um comportamento pessoal exóticos para o padrão médio) ou
simplesmente uma pessoa comum (bitolado) não importa, nem ela nem a garota vão
tentar usar sua filosofia (a highway) para tentar mudar o mundo (causar
impacto).
Cento e dezCento e vinteCento e sessentaSó pra ver até quandoO motor aguentaNa boca, em vez de um beijoUm chiclet de mentaE a sombra do sorriso que eu deixeiNuma das curvas da highwayInfinita Highway.
Aqui ele testa o motor de seu
carro, alegoria para seu modo de vida, para tentar descobrir até onde ele
aguenta. Da mesma forma que repensa todas suas experiências, sempre seguindo a
filosofia de não pensar em nada “a infinita Highway”.
Em tempo: Atendendo a
pedidos, vídeo da música:
Gostei muito da sua análise, sinceramente não conhecia a música então fui ao youtube e coloquei para tocar, fiquei lendo seu texto e escutando a música. Isso fez com que a experiência fosse muito mais profunda.
ResponderExcluirVocê escreve muito bem, parabéns. Me fez enxergar a música e a vida de outro modo!
Uma dica, você podia colocar o video com a música já no texto ai ficaria mais fácil e a experiência muito mais legal:)
Amo esse tipo de post, traz um outro lado pouco observado por muitos. Sou fã de Engenheiros, e lembro que quando escutei essa música, procurei saber o que tanto era essa "gíria" Highway,foi quando vi o que significa. Já tinha feito algumas das ligações que você expôs, mas a sua com certeza é mais completa, sem dúvida.
ResponderExcluirAdorei sua escrita e a maneira que fez a análise. Parabéns!
Bjim!
Tammy
Olá!
ResponderExcluirParabens pelo post, realmente bem completo. Deve ter dado um trabalho analisar a musica toda. Pessoalmente não me arrisco. Análise é uma coisa que requer muita atenção, então, prefiro deixar o blog como algo mais relaxante.
Não conhecia a música, então fui atrás porque fiquei boiando (sugiro que no proximo post, antes de analisar, você também coloque o video ou fale um básico sobre a letra, porque facilita para o leitor) e infelizmente não curti muito não, apesar da letra em si transmitir bastante sentimento.
Abraços
David
http://territoriogeeknerd.blogspot.com.br/
Olá
ResponderExcluirAmei seu post, é muito interessante conhecer esses elementos da poesia da letra. Eu acabo não prestando muita atenção nas letras, porque eu viajo nos instrumentais, e já vejo que vou virar fã dessa coluna.
Essa música marcou uma fase da minha vida, super gostoso ler esse post!!! Me fez relembrar da música e ainda por cima entender mais dela!
ResponderExcluirOi, gostei da sua postagem, é primeira vez que vejo uma postagem desse tipo e adorei a ideia, e acho bem interessante analisar uma musica trecho por trecho e achei a letra bem poetica e espero ver mais postagens assim. Adorei.
ResponderExcluirbjus
Que fantástico! Show cara, amei esse post e não preciso falar mais nada, ou melhor rs vou falar. Sou fã dos Engenheiros, agora lendo seu post, já tenho um ponto de vista ainda mais abrangente da letra. Cara, faz outros post com músicas.
ResponderExcluirOi, nossa eu amo engenheiros do Hawai e essa música representa um marco na minha vida quando adolescente cantava ela a pleno pulmões com meus amigos. Adorei a forma como analisou a letra. Essa música tem um que de liberdade tão grande.
ResponderExcluirBj
Olá, já tinha ouvido falar muito bem do grupo engenheiros do hawai mas nunca havia ouvido nenhuma música, acabei de coonhecer pelo seu post.
ResponderExcluiras vezes ouvimos a música mas nem prestamos total atenção do que a letra quer realmente nos dizer, ótima ideia você analisa-las.
bjs
Parabéns pela analise.
ResponderExcluirA música é linda.
http://oblogcaentrenos.blogspot.com.br/
Olá
ResponderExcluirmuito legal sua analise, adorei esse ipo de post, é sempre muito legal analisar muiscas e poemas, eu fazia isso no cursinho,
Beijos
http://realityofbooks.blogspot.com.br/
Oi, Alê!
ResponderExcluirAdorei sua análise! Lembro bem da música e sempre gostei dela, mas n me recordo em nunca ter pensado neste tipo de interpretação (talvez pq na época em que ouvia a música era mais jovem e, consequentemente, menos preocupada com estas questões). Ficou ótimo, você leva jeito para análises poéticas. Abração!
Olá.
ResponderExcluirNunca tinha lido uma análise de música em um blog hahahha.
Seriamente me lembrei das minhas aulas de português no ensino médio. Não sei se você é professor de português, mas se não é saiba que leva jeito.
Adorei a análise, realmente ficou muito bem feita, parabéns.
Nunca tinha parado pra analisar uma música desta forma, a gente acaba ouvindo várias vezes a mesma música e nunca para pra realmente pensar sobre a letra né?!
ResponderExcluirAdorei, faça mais vezes! :)
Uau! Essa é a segunda vez que leio uma análise sua sobre alguma música, e novamente, fiquei encantada com sua sensibilidade. Eu conheço a música, tanto que enquanto lia as suas palavras e as estrofes da música, foi impossível não ouvi-la em meus ouvidos. Amei!
ResponderExcluirBeijos!
Nossa, eu nunca faria uma análise dessas de uma música... principalmente por não ser nada musical. Fora que acho que tenho problemas tanto com interpretação de músicas quanto de poesias... e normalmente não presto atenção nas letras tanto assim para ficar refletindo sobre elas. Mas sua análise ficou ótima, nunca nem tinha pensado numa highway simbolizando a vida.
ResponderExcluirBeijo.
Olá!!!
ResponderExcluirEu nunca tinha visto análise de música achei muito interessante esse tipo de post.
Gostei de saber o que o cara quer dizer e isso muito além da letra da música....
Continue com post assim, achei super original
Beijuh
Amo esse teu post. Suas análises de música são algo diferente e muito legais de ler.
ResponderExcluirEssa música é enorme e deve ter dado um trabalho danado para montar a análise, mas até certo ponto acho que dava para ter resumido em "a primeira metade o cara fala que quer viver sem amarras, e na segunda ele questiona o que seria isso para cada pessoa".
Claro que amo viajar e que pegar a estrada dá uma sensação diferente de liberdade... Mas ter vínculos não significa necessariamente não ser livre.
Olá, primeiramente gostaria de parabeniza-lo pelo post, adorei sua análise <3
ResponderExcluirImagino a trabalheira para finalizar tudo, a dedicação para analisar cada refrão. Essa é a primeira análise que confiro e adorei. Parabéns!
Abraços
Abraços
Olá Alessandro, gosto muito de seus posts são sempre recheados de ensinamentos filosóficos e interpretações reflexivas.
ResponderExcluirGosto muito dessa música e a interpretação é bem a filosofia que acredito para a vida.
Aliás amo o Timão e pumba com seu hakuna matata, é simples e perfeito.
Parabéns pelo post.
Beijos