Autoras:
Malala Yousafzai e Christina Lamb
Editora:
Companhia das Letras
Ano:
2013
Páginas:
369
Nota:
3,5/5Sinopse: Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens.O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã.Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, este livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, mas também para um universo religioso e cultural cheio de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente.
Quando foi anunciada como ganhadora o Nobel da Paz em 2014, Malala Yousafzai de apenas 17 anos, chamou a atenção do mundo por ser a pessoa mais nova da História a ser laureada com este importante prêmio e conseguiu atenção para sua vida e sua luta. Ironicamente, o Talibã deu mais força e coragem para ela quando tentou matá-la.
Analisando
apenas estilisticamente, esse livro não traz nada de interessante:
uma biografia que começa com um momento crítico na vida do
biografado, depois volta no tempo e conta a história do início, uma
ideia nada original. Além disso, não há grandes revelações no
enredo, nem mudanças drásticas na trama e quase nenhum suspense,
afinal o leitor já sabe que ela será baleada e que sobrevive antes
mesmo de começar o primeiro capítulo. Entretanto, um livro é muito
mais que seu estilo literário e a história de Malala é superior a
um enredo bem escrito!
Embora sua vida seja o pano de
fundo, a narrativa não se foca apenas nela: é a história de sua
família, de seu povo, os Patchuns, e de sua região, o Vale de Swat:
uma área de terra que engloba o Afeganistão e o Paquistão. Os
relatos de sua vida, desde o nascimento, e da vida de seus pais e
família são intercalados com informações históricas e políticas
da região, que explicam como o Islamismo se tornou a religião
dominante e grupos radicais, como os Talibans, tem se mantido no
Vale, mesmo que não possuam o governo formal do país.
Na cultura islâmica o papel da
mulher é bem definido: cuidar do marido e dos filhos! Por isso, não
é preciso que estudem, tanto que a própria vontade de estudar é
uma afronta aos ascetas dessa religião, e portanto um ato
revolucionário punido com a morte! Apesar disso, Ziauddin, o pai de
Malala, tinha uma paixão pela educação, foi ele que abriu uma
escola para as meninas onde sua filha estudava e que a incentivava a
desenvolver todo o seu potencial.
Falando assim, até parece que
foi fácil abrir uma escola e ter alunos. Porém, se tem uma coisa
que todos que não seguem a manada sabem, nunca é fácil tomar
medidas inovadoras e que vão contra o senso comum. Malala fala um
pouco das dificuldades que seu pai e Nain, seu sócio, tiveram na
empreitada – tantas que chegaram a brigar e o sócio a descreveu
como uma “tarefa hérculea” e abandonou a jornada. Mas, Ziauddin
não se abateu, continuou com o sonho, procurou os Anciãos de seu
povo e conseguiu outro sócio Hidayatullah. Nas palavras deste,
citadas por Malala: “Eu ficava muito deprimido e às vezes
desanimava ao ver os problemas à nossa volta”, disse Hidayatullah.
“Mas, quando está em crise, Ziauddin ganha força e seu espírito
se levanta.”
Meu pai insistia em que eles deviam pensar grande. Um dia Hidayatullah voltou de suas tentativas de granjear mais alunos e o encontrou sentado no escritório, conversando sobre anúncios com o chefe local da televisão paquistanesa. Assim que o homem se foi, Hidayatullah explodiu em risos. “Ziauddin, nós não temos nem televisão! Se fizermos um anúncio, não poderemos assisti-lo.” Mas meu pai é um homem otimista e as questões práticas nunca o detiveram.
Percebe-se por aí, que porque a menina ama a escola e a oportunidade de estudar. Como o pai, ela é uma pessoa que deseja um futuro melhor para si mesma e seu povo e não se deixa assustar pelas dificuldades que desmotivam as pessoas sensatas e práticas. O Paquistão e o mundo precisam de mais Malalas, que elas possam estudar e “nadar contra a maré” para que façam desse mundo um lugar melhor e mais justo.
Segue um discurso que a garota fez na ONU, em julho de 2013:
Oii
ResponderExcluirA Malala é uma garota admirável, pois passou por tanta coisa para poder estudar.
a história dela é muito bonita, mais mesmo assim não tenho vontade de ler esse livro, pois nem faz muito meu gênero de leitura.
momentocrivelli.blogspot.com.br
Olá!
ResponderExcluirRetribuindo a visita e aproveitando para relembrar o quanto esse livro é incrível! A história de Malala e de sua família é louvável e inspiradora, e quem dera as milhões de Malalas espalhadas pelo mundo pudessem soltar suas vozes.
Ótima resenha! Me inscrevi no blog para ficar sempre atenta às suas dicas!
Beijos.
www.serleitora.com.br