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O Retrato de Dorian Grey: A juventude e os prazeres podem ser eternos?



Autor: Oscar Wilde
Editora: Martin Claret
Ano: 1998 (Original de 1890)
Páginas: 177
Nota: 5/5

Sinopse: Dorian Gray é um belo e ingênuo rapaz retratado pelo artista Basil Hallward em uma pintura. Mais do que um mero modelo, Dorian Gray torna-se inspiração a Basil em diversas outras obras. Devido ao fato de todo seu íntimo estar exposto em sua obra-prima, Basil não divulga a pintura e decide presentear Dorian Gray com o quadro. Com a convivência junto a Lorde Henry Wotton, um cínico e hedonista aristocrata muito amigo de Basil, Dorian Gray é seduzido ao mundo da beleza e dos prazeres imediatos e irresponsáveis, espírito que foi intensificado após, finalmente, conferir seu retrato pronto e apaixonar-se por si mesmo. A partir de então, o aprendiz Dorian Gray supera seu mestre e cada vez mais se entrega à superficialidade e ao egoísmo. O belo rapaz, ao contrário da natureza humana, misteriosamente preserva seus sinais físicos de juventude enquanto os demais envelhecem e sofrem com as marcas da idade.

A maioria das pessoas gostaria de viver sem consequências, poder desfrutar dos prazeres da vida sem arrependimentos e manter-se sempre jovem e saudável. Mas, será que isso seria realmente bom? Até quando essa vida despreocupada e vazia seria prazerosa? E se a conta chegasse algum dia, como pagar o preço de uma vida inteira de orgias acumuladas? Nesse excelente livro, Oscar Wilde nos leva a refletir sobre essas questões.

A história do livro é simples: Dorian Gray é um jovem aristocrata britânico que é retratado de corpo inteiro em óleo por Basil Hallward, um artista que está impressionado e encantado com a sua beleza. Através de Basil, Dorian conhece Lorde Henry Wotton, e ele logo se encanta com a visão de mundo hedonista do aristocrata: que a beleza e a satisfação dos seus desejos são as únicas coisas que valem a pena perseguir na vida.

Dorian então passa a viver sob essa filosofia, mas logo percebe que a juventude é passageira e vende sua alma para evitar esse fato, seu pedido é atendido e ele começa uma vida libertina de experiências variadas e amorais; despreocupado com as consequências pois o retrato envelhece e sofre o preço da vida desregrada em seu lugar.

Quem vê assim, pode pensar que se trata de uma história com lição de moral, tipo aquelas fábulas que as avós contam para assustar os netinhos e ensiná-los a se comportarem. Nada disso, é um texto filosófico em que o próprio Dorian (junto com os leitores) acaba refletindo sobre a situação e suas consequências em sua vida e na vida das pessoas à sua volta.

E esse não é o único questionamento da obra, a sociedade vitoriana é criticada também, afinal a imagem pública e posição social são importantes para Dorian. Por isso, ele precisa esconder suas orgias e exageros, de tal como que experimenta “profundamente o terrível prazer de uma vida dupla”, ou seja, a vida pública de Lorde durante o dia e a de boêmio à noite, se não escondesse seus atos seria um escândalo. E nessa “vida oculta” acaba cometendo crimes e tendo que escondê-los, em certa passagem ele participa de uma festa da alta sociedade apenas vinte e quatro horas depois de cometer um assassinato.

Por não sofrer consequências, ele acaba se acostumando com cometer atos criminosos, e aceita a filosofia e de Lord Henry:

O crime pertence exclusivamente às ordens inferiores... Eu deveria imaginar que o crime era para eles o que a arte é para nós, simplesmente um método de obtenção de sensações extraordinárias


Percebe-se aí, que Wilde não se limitava a questionar os atos de um único indivíduo, mas toda uma crença que julgava umas pessoas melhores que outras por “terem berços” e que, graças a esse nascimento oportuno, acreditavam terem o direito de fazer o que quisessem com as outras pessoas, pois estas eram consideradas inferiores.

É uma obra rica em drama, emoção, encantador, com diálogos inesquecíveis, personagens fascinantes e muita reflexão filosófica. Um livro atemporal que deveria ser lido e relido por todos que se dizem amantes da literatura.

10 comentários:

  1. Olá!

    Não conhecia esse livro, mas achei a premissa bem interessante. Não o leria agora, mas acho a leitura válida para posterior reflexão sobre nós e sobre a mensagem que o livro transmite.

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  2. É um clássico maravilhoso, adoro!

    www.eucurtoliteratura.com

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  3. Olá, quero muito ler essa obra, essa é a primeira resenha que vejo e adorei.
    Parabéns!

    Beijokas da Quel ¬¬

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  4. É uma das melhores obras que conheço. Sua história é espetacular e o autor soube trabalhar as críticas sociais e pessoais muito bem. Gosto muito de livros que levam a nos questionar de forma filosófica. Talvez por isso, de todos as histórias místicas, a de Dorian sempre foi uma das preferidas.
    Beijos!

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  5. Olá Alessandro,
    Por acabar fugindo de clássicos, não conhecia essa obra. Amei a sua resenha e fiquei super interessada. Histórias que nos levam a reflexão, merece ser lida e relida.
    Bom saber que é rica em drama, ótimos diálogos, encantador e emocionante.
    beijos e parabéns pela resenha

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  6. Oi!
    Sua resenha ficou divina, parabéns!
    Realmente, esse livro é atemporal e merece ser lido e relido muitas vezes, não só pela história mas também pela narrativa de Oscar Wilde, que é única.
    Bjs!

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  7. Oi!
    Sua resenha ficou divina, parabéns!
    Realmente, esse livro é atemporal e merece ser lido e relido muitas vezes, não só pela história mas também pela narrativa de Oscar Wilde, que é única.
    Bjs!

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  8. Eu já vi alguns filmes que retratam a historia do Dorian, mas nunca parei para ler o livro, vou adiciona-lo a lista dos que precisam ser lidos e tentar ler o mais breve possivel.
    Adorei a resenha,parabéns
    Beijão

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  9. Esse livro é atemporal um clássico que tem os temas tão atuais quanto quando foi escrito. A beleza eterna é até hoje uma das preocupações mais pungentes imposta pela mídia, algo utópico que leva milhares de pessoas a futilidade coletiva, prezam o que é de fora e esquecem o que são por dentro, que cada idade ten sua beleza. E o poder que até hoje temos a mesma máxima: quem é rico e poderoso acha que está acima de tudo.
    Resenha perfeita.
    Beijos.💋💖

    Giu

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  10. Olá Alessandro,
    Essa obra é bastante questionadora em diversos sentidos.
    Confesso que já tentei ler o livro, em inglês, e não fui muito feliz na escolha do idioma. Entretanto, tenho muita curiosidade de ler o livro em português para ver o que acho.
    Curti muito sua resenha e acredito que, com base nela, vou gostar da trama.
    Beijos

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