Os Seminovos é uma
das bandas que salvam a reputação da música nacional no século XXI. Além das
letras inteligentes e cheias de sentido, eles revolucionaram a não fazer
contrato com nenhuma gravadora e disponibilizar seus álbuns inteiros (com capa
e tudo) para download gratuito. Essa música, escrita em 2006, é uma das
melhores da banda e bem profética, parece que está falando da situação política
de hoje – uma década depois.
Dessa forma, mais que justificada a posição do eu lírico de não confiar em nenhum espectro político.
Aqui ele utiliza o recurso da enumeração reforçando mais uma vez tudo o que já foi dito e reforçado repetidamente, para chegar a uma conclusão da estrofe seguinte.
As investigações e delações são apartidárias, o eleitor pode se ver perdido porque aparentemente todos os partidos estão na mesma lama e não vale a pena defender nenhum. E isso não é de hoje, Rui Barbosa já escrevia seu célebre poema “Sinto vergonha de mim”, onde reclamava que parecia impotente diante de tanta desonestidade no Brasil, em 1914 – mais de um século depois e parece que muito pouco mudou no cenário político nacional.Não acredito quando o Lula diz que não sabiaNão acredito que o Fernando Henrique não faziaNão acredito em tucanoNão acredito em petistaNão acredito em quem sonha o sonho socialista
Dessa forma, mais que justificada a posição do eu lírico de não confiar em nenhum espectro político.
A indignação é tanta, que além da política ele também não leva a sério estatísticas, notícias, discursos, a “elite” e nem figura pública. Ou seja, tudo que passa na TV é motivo de desconfiança e descrença.Não acredito que brasileiro lê e comeQue o Garotinho fosse morrer de fomeNão acredito na elite, porque eu não sou otário
Mas não acredito em alguém só porque foi operário
É um resumo do que ele fala ao longo da música. Nenhuma informação é isenta e digna de crédito.Toda informação, já chega manipuladaPra quê prestar atenção?Não acredito em mais nada
Eu não acredito
A letra é tão repetitiva que chega a incomodar, mas é esta a sensação que o texto passa mesmo: incômodo, fadiga, desesperança. A forma e o conteúdo da mensagem são o mesmo: é tudo repetitivo e desesperador, não dá pra confiar em nada.Não acredito na censura, não acredito na imprensaNão acredito em gente burra, não acredito em quem pensaNão acredito em cheques, não acredito em cartõesNão acredito em 12 suaves prestações
As propagandas, a mídia, as pessoas... nada merece o crédito do eu lírico. E nem adianta argumentar contra, ele se fecha completamente em sua descrença.Não acredito em banco que me oferece dinheiroNem que desodorante age o dia inteiroNão acredito em anúncio, não acredito em TV
Não acredito em mim, vou acreditar em você?
Ele se justifica, afinal desde que nascemos somos expostos a muitas mentiras e promessas vazias (“conversa fiada”). Então repete seu bordão de sempre.Foi tanta exposição a essa conversa fiadaQue eu já perdi a noção, não acredito em mais nada!
Não acredito!
Só vejo corrupção, só vejo gente enrolada,É tanta maquinação, tanta mentira contadaÉ tanta informação chegando manipulada
É tanta enrolação, tanta conversa fiada
Aqui ele utiliza o recurso da enumeração reforçando mais uma vez tudo o que já foi dito e reforçado repetidamente, para chegar a uma conclusão da estrofe seguinte.
A conclusão é um retrato dos nossos tempos, basta ver as “discussões” atuais nas quais, grande parte dos argumentos são ataques aos detratores e ao grupo social/político a que ele pertence. A impressão que fica é que nenhum grupo político é digno de crédito e nem quem os defende. O interessante aqui é que nem adianta contestar o eu lírico, ele mesmo não acredita em si e nem na sua canção.Que eu não acredito em governo e nem em oposiçãoNão acredito em polícia, não acredito em ladrãoNão acredito em ação, e menos em intençãoNão acredito em artista, não acredito em cançãoEu não acredito
Olha, não sou de ouvir músicas e não conhecia essa banda, mas gostei da música. O Brasil está uma porcaria e gostei de como eles expõe a opinião criticando não apenas a política mas a mídia em geral por oferecer informações manipuladas e consequentemente a visão política de quem é menos entendido acaba ficando manipulada também, não digo entendido no sentido de ser inteligente ou se achar superior, digo aos que não se interessam pelo assunto e só conhecem o que a globo mostra
ResponderExcluirOlá, que post bacana...nunca tinha victo nada parecido e adorei!
ResponderExcluirNão conhecia a banda e achei bem interessante, ainda mais pela decadência cultural que nosso país vem passando nesse setor.
Abraços
Não conheci a banda na época em que lançou suas primeiras letras (2006, correto?) e, logo após fiquei surda, não conheço mais nada de música desde então. No entanto, concordo com você que a música parece ter sido composta ontem. Infelizmente para nós, no momento atual, tornar-se apartidário e descrente unicamente não ajuda em nada. Ficar em cima do muro só vai machucar quando o muro ruir: é hora de escolher um lado. Isso vale ao eu lírico também.
ResponderExcluirNão conheço a banda, nem conhecia a musica. Confesso que não sou muito do nacional quando se trata de musicas, o motivo bom... Gostei muito do post, eu nunca tinha visto nada parecido, parabéns <33
ResponderExcluirNossa, parabéns pela análise crítica da música, acho que nunca seria capaz de fazer uma tão bem.
ResponderExcluirNão conhecia a banda e sinceramente sair daqui vou caçar pela internet, pois a letra é perfeita, a política ta podre dos dois lados, não se dá pra acreditar em ideologias, a mídia é altamente manipulável, aliás as pessoas hoje em dia estão mais manipuláveis também, haja vista esse joguete politico que está havendo hoje em dia onde um fica odiando o outro por partidos enquanto tudo vira uma ruína em volta.
Gostei demais da postagem, parabéns!
Nossa, não conhecia essa música e nem a banda!
ResponderExcluirMas essa letra define muito bem a nossa atualidade, infelizmente né?!
Adorei o post, traga mais músicas pra gente! :)
Beijo