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Confissões de Inverno: o lado obscuro por trás da Igreja Católica


Autor: Brendan Kiely
Editora: Arqueiro
Ano: 2015
Páginas: 224
Nota: 4/5
Sinopse: À medida que sua família se desintegra, Aidan Donovan, um adolescente de 16 anos, procura consolo em estimulantes químicos, no estoque de bebidas do pai e nas atenções do padre Greg, o único adulto que realmente o escuta. O Natal chega e seu mundo entra em colapso quando ele reconhece o lado obscuro do afeto que o padre Greg lhe dedica. Enquanto tenta dar sentido à própria vida, Aidan conta com o apoio de um grupo de amigos desajustados: Josie, a garota por quem se apaixona; a rebelde e espontânea Sophie; e Mark, o carismático capitão da equipe de natação. Confissões de inverno mostra as formas pelas quais o amor pode ser usado como uma arma contra a inocência – mas também pode, nas mãos certas, restaurar a esperança e até a fé. O corajoso romance de estreia de Brendan Kiely expõe o mal que os segredos mais profundos que guardamos podem causar e prova que a verdade liberta e abre caminho para o amor.

Antes de iniciar o post de fato queria pedir um milhão de desculpas por demorar tanto a postar essa resenha, uma vez que o livro foi lançado ainda no segundo semestre de 2015! Minhas leituras estão totalmente atrasadas, mas persisti na leitura e consegui finalizar Confissões de Inverno com uma dorzinha no coração.

Mistérios e polêmicas envolvendo a Igreja Católica costumam ser divulgados e comentados com bastante ênfase pela mídia, população e fiéis há décadas. O caso mais recente (e um dos mais curiosos) expôs a relação entre o papa João Paulo II com uma mulher casada, o que gerou uma série de comentários maldosos e outros mais contidos o defendendo. Um fato nada anormal se comparado aos escândalos de pedofilia praticados em grande maioria pelos padres.

O livro se passa em 2002, um ano que poderia passar despercebido pelos leitores, mas que fez muito sentido para mim após pesquisar um pouco sobre essa temática. É em 2002 que acusações feitas contra dois clérigos são expostas pelos meios de comunicação, possibilitando o debate entorno desses acontecimentos. Fiz todos esses comentários para vocês captarem a essência do livro e conseguirem entender qual o significado dessa frase da sinopse: "O Natal chega e seu mundo entra em colapso quando ele reconhece o lado obscuro do afeto que o padre Greg lhe dedica".

Sim, Confissões de Inverno é sobre abuso sexual de menores por membros da Igreja Católica. O protagonista Aidan é um adolescente conturbado, sem grandes amigos e com uma família instável. Sempre amoroso, cuidadoso e com as palavras certas na ponta da língua, o padre Greg conquista sua confiança e se torna o único ser humano da terra que realmente o compreende, mas sua babá Elena também ocupa essa posição de vez em quando. 


Sabe aquele momento em que estamos totalmente abalados emocionalmente e uma pessoa surge do nada repleta de carinho e querendo apenas o seu bem? Na maioria das vezes escolhemos as pessoas erradas e não vemos nenhum mal escondido por trás das palavras amorosas. Isso foi o que aconteceu com Aidan e o padre Greg não foi a sua melhor escolha. 
Às vezes queremos dizer a nós mesmos: Veja que infelicidade. Graças a Deus isso não aconteceu conosco, comigo. Podemos ignorar as bombas e a violência do outro lado do oceano, mas apenas até que os prédios comecem a desmoronar no nosso próprio país. Podemos deixar de lado o drama dos vizinhos do outro lado da cidade, mas apenas até que os socos e os gritos de que ouvimos falar irrompam nossa casa adentro. O que fazer nessas horas?
Mas tudo começa a mudar no Natal, quando se aproxima de Mark, Josie e Sophie, seus colegas da escola. A relação dos quatro é pautada nas drogas, na construção de confiança e amizade e em como os segredos podem destruir uma pessoa por dentro e por fora. 

O autor Brendan Kiely soube desenvolver uma narrativa polêmica de modo equilibrado. Não é um livro fácil de ler, pois é um assunto controverso e forte, mas senti falta de mais profundidade em algumas cenas. Também senti falta do relacionamento entre Aidan e o padre Greg, uma vez que o livro apenas relembra vagamente o que já ocorreu.

Entendi que Kiely quis abordar os momentos pós abuso e as reações do protagonista a respeito disso, mas valeria a pena mostrar esse lado até porque Aidan não deixa explícito em vários momentos sua real intimidade com o clérigo. O padre Greg também deveria ser mais explorado pelo autor, é um personagem controverso, porém aparece pouco e geralmente é somente por meio das lembranças do adolescente. 

Os capítulos finais focalizam nas consequências dos segredos guardados a sete chaves e como esconder sentimentos podem ser prejudiciais para si mesmo e para os outros. Aidan abre os olhos para situações e pessoas e tenta deixar o medo de lado para acreditar naqueles que realmente querem o seu bem. O desfecho foi bom, mas algumas perguntas ficaram no ar e as lacunas não foram fechadas completamente. Confissões de Inverno é um livro que precisamos abrir a mente e entender os personagens para ver como o buraco é bem mais embaixo e complicado do que parece.

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