
Antes de entrar em detalhes, eu sempre gostei
muito de assistir cartoons de super heróis, e desde cedo acompanhei desenhos
como Super Amigos (aquele dos super gêmeos ativar), X-Men, X-Men Evolution,
Thundercats, O Espetacular Homem Aranha, Liga da Justiça e Liga da Justiça Sem
Limites, mas tudo sem jamais me atentar ao fato de que a maioria desses
personagens já fazia fama em outro veículo, nesse caso feito de tinta e papel.
Antes de fazer meu primeiro contato com uma história
em quadrinhos de super herói, ainda vi muitos filmes no cinema (alguns eu
pirateei, confesso), sem jamais me interessar em procurá-los nas bancas, até
por que eu nem fazia ideia de como comprar uma HQ (não gente, não é só pagar,
tem todo um processo).
Mas como nunca é tarde para conhecer coisas novas,
pouco tempo atrás fiz meu primeiro contato com o universo de papel. Minha
primeira HQ foi um presente inesperado de alguém especial (meu namoradinho cof
cof), e que é totalmente apaixonado pelo universo. Persépolis, minha primeira
quadrinho, foi perfeita para me introduzir devagar nesse universo fantástico
que é a nona arte.
Persépolis (Cia das Letras), de Marjane Satrapi, é
baseada na história da própria Marjane, e se passa no Irã, durante o início do
regime Xiita no país. Para quem não sabe, ou não se lembra do que aprendeu nas
aulas de história, o Irã é um país instável por causa dos conflitos religiosos
que tiveram início há muito tempo, por volta do século VIII.
A religião Islâmica se dividiu em dois, sendo que
de um lado, estão os Sunitas, que se consideram descendentes diretos do profeta
Maomé, e do outro, os Xiitas, que consideram como verdadeiro descendente do
profeta, Ali, genro de Maomé. Parece bobo, mas isso é só uma definição bem
resumida, é complicado compreender a religião alheia, então por ora, apenas
respeitemos. De fato, os Xiitas são os mais extremistas, e acabaram dando a má
fama mundial à religião islâmica, mas muito mais do que isso, essa vertente da
religião é a responsável pela maioria dos conflitos internos do Irã, e
consequentemente, da população local.
Persépolis conta de forma simples e completa a
respeito do estopim desses conflitos no Irã, e no meio deles está Marjane, uma
criança educada na religião islâmica, mas muito bem inteirada a respeito do
universo além do seu país. A história acompanha os passos de Marjane, desde o
Irã ao período que passou no exterior, enviado pelos seus pais para escapar dos
perigos do conflito, além de sua trajetória, suas mudanças de personalidade e seu próprio amadurecimento.
Pronto, já que obra já foi resumida, agora vamos
aos benefícios dessa leitura. Para quem nunca leu nenhuma história em quadrinho
além das da Turma da Mônica, vale a pena ter seu primeiro momento com uma HQ
Literária. Você já leu a Turma da Mônica né? Você sabe bem como é gostoso
sentar em um lugar fresquinho e rir das piadas, e com as outras HQ’s não é
diferente. O prazer o mesmo, a leveza é mesma. Você lê tranquilamente e absorve
as imagens como se fosse um mini filme diante dos seus olhos. Sua imaginação
ganha um extra: as gravuras.
“Ai Lara, mas eu não conheço nenhuma hq, como
posso saber se é mesmo legal? Não quero dar meu dinheiro em coisa ruim, olha lá
hein?”
Em resolução a isso, listei algumas HQ’s
literárias para você começar, entre elas estão algumas Graphic Novels, que na
tradução direta é um Romance Gráfico, sem exatamente ser o romance romântico
que talvez você esteja pensando. Vamos aos títulos:
1
– Persépolis (Marjane Satrapi)
Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se
viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida
numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução
que lançou o Irã nas trevas do regime xiita, apenas mais um capítulo nos muitos
séculos de opressão do povo persa.
Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina
que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se
transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia
em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares.
Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente
toca o ocidente, o humor se infiltra no drama e o Irã parece muito mais próximo
do que poderíamos suspeitar.
2
– Maus: A História de um Sobrevivente (Art Spiegelman)
Maus ("rato", em alemão) é a história de
Vladek Spiegelman, judeu polonês que sobreviveu ao campo de concentração de
Auschwitz, narrada por ele próprio ao filho Art. O livro é considerado um
clássico contemporâneo das histórias em quadrinhos. Foi publicado em duas
partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991. No ano seguinte, Maus ganhou o
prestigioso Prêmio Pulitzer de literatura. A obra é um sucesso estrondoso de
público e de crítica.
Desde que foi lançada, tem sido objeto de estudos
e análises de especialistas de diversas áreas - história, literatura, artes e
psicologia. Em nova tradução, o livro é agora relançado com as duas partes
reunidas num só volume. Nas tiras, os judeus são desenhados como ratos e os
nazistas ganham feições de gatos; poloneses não judeus são porcos e americanos,
cachorros. Esse recurso, aliado à ausência de cor dos quadrinhos, reflete o
espírito do livro: trata-se de um relato incisivo e perturbador, que evidencia
a brutalidade da catástrofe do Holocausto.
3
– Azul é a Cor Mais Quente (Julie Maroh):
(te peguei nessa hein?)
O livro conta a história de Clementine, uma jovem de 15 anos que descobre o amor ao conhecer Emma, uma garota de cabelos azuis. Através de textos do diário de Clementine, o leitor acompanha o primeiro encontro das duas e caminha entre as descobertas, tristezas e maravilhas que essa relação pode trazer. A novela gráfica foi lançada na França em 2010, já tem diversas versões, incluindo para o inglês, espanhol, alemão, italiano e holandês, e ganhou, em 2011, o Prêmio de Público do Festival Internacional de Angoulême. Em tempos de luta por direitos e de novas questões políticas, AZUL é a COR MAIS QUENTE surge para mostrar o lado poético e universal do amor, sem apontar regras ou gêneros.
O livro conta a história de Clementine, uma jovem de 15 anos que descobre o amor ao conhecer Emma, uma garota de cabelos azuis. Através de textos do diário de Clementine, o leitor acompanha o primeiro encontro das duas e caminha entre as descobertas, tristezas e maravilhas que essa relação pode trazer. A novela gráfica foi lançada na França em 2010, já tem diversas versões, incluindo para o inglês, espanhol, alemão, italiano e holandês, e ganhou, em 2011, o Prêmio de Público do Festival Internacional de Angoulême. Em tempos de luta por direitos e de novas questões políticas, AZUL é a COR MAIS QUENTE surge para mostrar o lado poético e universal do amor, sem apontar regras ou gêneros.
4
– Daytripper (Fábio Moon e Gabriel Bá):
Brás de Oliva Domingos tem só mais um dia de vida.
Pode ser o dia em que ele conhece seu grande amor. Pode ser durante sua grande
viagem da adolescência. Pode ser o dia em que ele começou a entender a família.
Pode ser quando ele decidiu ajudar seu melhor amigo. Pode ser na velhice.
Os grandes momentos da vida, a família de onde
você vem e a família que você constrói, ser filho e ser pai, ter amor e ser
amado. No trabalho de maior sucesso dos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá,
toda uma existência é contada em dez capítulos – dez dias – sob a sombra
constante (e mágica) da morte.
A minissérie ganhou os prêmios Eisner e Eagle,
além de ter sido indicada ao Harvey e ao Shel Dorf Awards e ficado duas semanas
na lista de coletâneas em quadrinhos mais vendidas do The New York Times. É a HQ brasileira de maior
sucesso que já se viu no exterior.
5
– Retalhos (Craig Thompson):
Uma das graphic novels mais premiadas dos últimos
tempos, Retalhos é um relato autobiográfico da vida no Meio Oeste americano.
Thompson retrata sua própria história, da infância até o início da vida adulta,
numa cidadezinha de Wisconsin, no centro dos Estados Unidos, que parece estar
sempre coberta pela neve. Seu crescimento é marcado pelo temor a Deus —
transmitido por sua família, seu colégio, seu pastor e as trágicas passagens
bíblicas que lê —, que se interpõe contra seus desejos, como o de se expressar
pelo desenho.
Ao mesmo tempo Thompson descreve a relação com o
irmão mais novo, com quem ele dividiu a cama durante toda a infância. Conforme
amadurecem, os irmãos se distanciam, episódio narrado com rara sensibilidade
pelo autor.
Com a adolescência, seus desejos se expandem e
acabam tomando forma em Raina — uma garota vivaz, de alma poética e impulsiva,
quase o oposto total de Thompson — com quem começa a relação que mudará a visão
que ele tem da família, de Deus, do futuro e, enfim, do próprio amor. Retalhos
traz as dores e as paixões dos melhores romances de formação — mas dentro de
uma linguagem gráfica própria e extremamente original.
Você deve estar pensando “Poxa, são tão caras, e
são só quadrinhos, será que vale a pena eu gastar meu dinheirinho com isso?”.
Vou dizer uma coisa pra você: Vale. Aliás, vale em
dobro. Não apenas porque você está lendo, mas porque você está vendo. Você vê a
arte em cada página em dobro. A arte das palavras e a arte dos desenhos. No caso
de Persépolis, que foi a que eu li, foi um sentimento tão grande poder olhar os
olhos da Marjane, ver suas expressões, sua imaginação ali diante dos meus
olhos, que me cativou de um jeito único.
Então se está achando caro, pense que está levando
arte em dobro para casa, além de que será uma experiência incrível para você, variar
é sempre uma delícia.
Antes de encerrar o post, vou compartilhar o filme
de Persépolis com vocês, que assim como o livro, foi proibido em muitos países
do oriente médio. O filme é uma animação extremamente fiel ao livro e é uma
coisa linda de ver. Arranje um tempinho e o baixe ou o veja no YouTube mesmo,
vale a pena, além de também ser super engraçado e rico em conhecimento.
Voltarei na semana que vem com a introdução aos
super heróis e dicas para ir na banca e não comprar hq’s do jeito errado!
Acredite se quiser, mas tem jeito de comprar.
Até breve.
Morro de vontade de ler Persépolis, um tempo atrás vi o livro a venda na FNAC mas estava super caro, e infelizmente ainda não consegui comprá-lo.
ResponderExcluirEsse é um dos problemas do comércio de HQ's por aqui, acaba saindo caro. Aquelas dos Sandman do Neil Gaiman por exemplo, um órgão negociado no mercado negro para cada exemplar D: Vira e mexe tem umas promoções boas, além dos sebos, mas é como eu disse ali em cima, em alguns casos compensa pelo material que você leva. O Persépolis ainda nem é tão superfaturado quanto outros, vi ele esses dias no Submarino de 30 e poucos, dependendo de onde você morar pode ser que saia razoável.
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