Título
Original: The
Pearl that Broke It Shell
Autor:
Nadia Hashimi
Editora:
Arqueiro
Ano:
2017
Páginas:
448
Nota:
5/5
Sinopse: Filhas de um viciado em ópio, Rahima e suas irmãs raramente saem de casa ou vão à escola em meio ao governo opressor do Talibã. Sua única esperança é o antigo costume afegão do bacha posh, que permite à jovem Rahima vestir-se e ser tratada como um garoto até chegar à puberdade, ao período de se casar. Como menino, ela poderá frequentar a escola, ir ao mercado, correr pelas ruas e até sustentar a casa, experimentando um tipo de liberdade antes inimaginável e que vai transformá-la para sempre. Contudo, Rahima não é a primeira mulher da família a adotar esse costume tão singular. Um século antes, sua trisavó Shekiba, que ficou órfã devido a uma epidemia de cólera, salvou-se e construiu uma nova vida de maneira semelhante. A mudança deu início a uma jornada que a levou de uma existência de privações em uma vila rural à opulência do palácio do rei, na efervescente metrópole de Cabul. A pérola que rompeu a concha entrelaça as histórias dessas duas mulheres extraordinárias que, apesar de separadas pelo tempo e pela distância, compartilham a coragem e vão em busca dos mesmos sonhos. Uma comovente narrativa sobre impotência, destino e a busca pela liberdade de controlar os próprios caminhos.
À
primeira vista, é livro enorme, triste e pesado como um soco no
estômago que possui uma enorme carga dramática. Parece uma leitura
difícil, não? Só parece, o estilo de Nadia Hashimi envolve tanto o
leitor e a personalidade das protagonistas é tão marcante que você
deve devorá-lo em pouco tempo.
A
realidade do Afeganistão não é nenhuma novidade em termos
literário, o Regime dos Talibãs que chegou ao poder com ajuda dos
EUA, conforme mostrado em Rambo
3 (1990),
ganhou notoriedade após o 11 de Setembro, quando os antigos aliados
se tornaram inimigos e os podres do regime tem sido denunciados em
diversos livros, com destaque os de Khaled Hosseini (“O
Caçador de Pipas”, “A Cidade do Sol”)
e a triologia "The Breadwinner" (no Brasil, "A Outra
face") da escritora canadense Deborah Ellis.
Alias
essa triologia parte da mesma premissa que “A Pérola que Rompeu a
Concha”, devido ao fato de mulheres não poderem sair na rua sem a
presença de um parente do sexo masculino, Parvana (a protagonista de
“A Outra Face”) assim como Rahima e sua trisavó Shekiba (“A
Pérola que rompeu a Concha”) precisam se fantasiar de homem e
viver como meninos para poderem sair a rua até mesmo trabalhar para
poderem sustentar suas famílias, e fazer coisas mais banais como ir
à um mercado.
Mas,
calma leitor, o livro não é uma cópia da obra de Ellis, na verdade
o estilo nem é parecido! Devido à grande dificuldade que as
mulheres daquele país encontram por não poderem viver sem um homem
ao lado, esse é um costume tão comum por lá que já recebeu até
um nome bacha
posh,
acusar o livro de Nadia Hasimi de plágio por retratar o mesmo caso é
a mesma coisa que achar que “Dom Casmurro”, ou qualquer outra
obra que aborde infidelidade, é plágio de “O Primo Basílio” só
porque nos dois falam de adultério.
Mas,
vamos ao que interessa, o livro é fascinante, a força e resiliência
das protagonistas é emocionante e inspiradora, as descrições são
lindas e nos fazem querer conhecer o país (pelo menos eu tive
vontade) e a edição da Arqueiro está linda.
Dizem
que a história é cíclica, por mais que as coisas mudem ela acaba
se repetindo e ao ver o que acontece com Rahima, apesar de todas as
diferenças e mudanças na cultura que aconteceram no país em 100
anos, acaba sendo quase o mesmo que sua ancestral viveu, essa
impressão fica mais forte.
Enfim,
é um livro que merece não apenas ser lido, mas absorvido e debatido
e que a força dessas mulheres afegãs que, contra todas expectativas
e desmandos, não seja esquecida nunca.
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