Autor:
Eduardo Bueno
Editora:
Sextante
Ano:
2016
Páginas:
126
Nota:
4,5/5
Sinopse: Entre na caravela de Cabral. Circule por entre soldados e marujos, pilotos árabes e astrólogos judeus, intérpretes hindus e nobres lusitanos. Descubra o que comiam e quanto ganhavam esses homens. Viaje com eles por mares tempestuosos e calmarias enervantes. Saiba que forças políticas e econômicas moviam a esquadra que chegou ao Brasil, mergulhando no mundo da Escola de Sagres e do Infante D. Henrique - um herdeiro dos Cavaleiros Templários. Este livro busca o relato da nossa história como uma grande aventura - em que homens precisaram vencer seus limites na busca de um novo mundo.
A
Coleção
Brasilis foi um grande sucesso editorial do final dos anos 1990, que
nos apresentou a História do nosso país com um estilo leve, crítico
e divertido e que está sendo relançado agora pela Editora Sextante
através do Selo Estação
Brasil. O livro “A
Viagem do Descobrimento Um olhar sobre a expedição de Cabral” é
o ponto de partida dessa maravilhosa coleção, e posso dizer que
começa a obra com chave de ouro.
É
uma pena que as aulas de História nas escolas brasileiras sejam tão
corridas, com poucas horas por semana e muitas atividades
extraclasse, geralmente os professores não dispõem de tempo de
aprofundar nos conteúdos e uma disciplina muito interessante acaba
se transformando em um amontoado de datas, eventos e personagens que
são jogados ao aluno, que acaba tendo que decorar tudo e perdendo o
encanto com o principal, as histórias.
Apesar
dessa dificuldade, alguns alunos acabam se apaixonando por essa
disciplina: uma Ciência diferente,
que como uma investigação
policial, não observa o seu objeto de estudo diretamente para tirar
suas conclusões e realizar suas teorias, mas que junta pistas como
se fossem peças de um quebra-cabeças cuja solução não é uma
figura qualquer, mas o retrato de um povo ao longo dos séculos.
Para
esses amantes da História, a obra de Eduardo Bueno cai como uma
luva: é um livro rico em detalhes que narra como Pindorama (como os
índios Tupi chamavam nossa terra) se tornou a Ilha de Vera Cruz, ou
seja, o embrião do que viria a ser o nosso tão amado e sofrido
país.
Esse
conteúdo didático pode assustar um pouco um leitor acostumado com
ficção, descrevendo assim parece ser um daqueles livros que os
professores obrigam os alunos lerem para que depois façam um resumo
ou apresentem um seminário. Por favor, não pense assim! Escrito a
partir de cartas, documentos e crônicas da época, assim como
estudos de historiados consagrados, a leitura é dinâmica, cheia de
ação e transporta o leitor aos olhos dos tripulantes dos navios da
esquadra de Cabral, como já disse na introdução: não é uma lista
de nomes e datas, é uma história no sentido real da palavra, com
toda empolgação e suspense encontrado em textos
fictícios.
Também
não é um Romance Histórico que mistura história real e ficção,
reconstruindo ficticiamente acontecimentos, costumes e personagens
históricos. Todos os fatos e pessoas citados aconteceram realmente,
são bem documentados, e importantes para entendermos o que levou a
Coroa Portuguesa fazer essa viagem e a importância das chamadas
Grandes Navegações para a Época. Bueno soube dosar muito bem
informação e emoção, como pode ser notado no trecho abaixo:
Nos últimos dias de 1487, as caravelas de Bartolomeu Dias foram atingidas por uma terrível tempestade, que durou duas semanas e empurrou os navios para longe da costa e para o sul. (…) Quando a fúria da tormenta amainou, Dias navegou para o leste, mas não avistou terra. Dirigiu-se então para o norte e, depois de seguir por 800 quilômetros, vislumbrou altas montanhas. Havia contornado a África, sem vê-la.
Assim como esse, muitos trechos mostram as dificuldades da viagem marítima numa época em que os instrumentos dependiam das estrelas, as pessoas acreditam em monstros marinhos e que estavam navegando por mares desconhecidos, eram aventuras cheias de perigos e mistérios. Contar a história desse jeito é bem mais interessante que um resumo da viagem narrado como no relato abaixo:
“Ao todo, foram 45 dias de viagem antes da chegada da frota de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. A expedição saiu de Portugal no dia 9 de março de 1500, um domingo de sol. De acordo com o relato contido na carta escrita por Pero Vaz de Caminha, a esquadra avistou o monte Pascoal a 70 km da costa no dia 22 de abril de 1500, uma quarta-feira.”A informação acima, tirada de um site educativo, é um retrato do que geralmente acontece nos livros didáticos: vários dados jogados sem emoção, no qual só resta aos alunos/leitores decorarem nomes e datas. O sucesso da coleção de Eduardo Bueno mostra como superar isso, espero que esse sucesso se repita nesse relançamento.
Olá amore,
ResponderExcluirOlá embora adore literatura nacional, não curto muito a temática desse livro, talvez por isso não leria.
Parabéns pelo post!!!
Beijokas!
Oi, mesmo gostando de historia, eu não leria, a não ser para o intuito de estudar ou coisa do tipo, mas para hobby ou distração eu não leria, já que não chama a minha atenção, deixa para uma proxima.
ResponderExcluirbjus
Olá!
ResponderExcluirE verdade são jogados nas salas de aula como se não tivesse importância.
Eu tive sorte, meus preóofessores de hist´ria e filosofia eram tão bons que meu primeiro vestibular me candidatei às duas! rs
No fim acabei fazendo enfermagem anos depois, mas quem sabe ainda dá tempo.
Adorei a premissa do livro. Leria com certeza.
Bjs
Eu sou dessas pra quem a história nunca passou de nomes e datas, por isso nunca consegui gostar da disciplina. Esse livro parece mostrar mesmo as coisas de forma diferente e verdadeiramente interessante, embora eu tenha uma enorme resistência a respeito do assunto, gostaria de ler e quem sabe ter uma nova visão sobre o tema.
ResponderExcluirOlá! Vejo os lançamentos dos livros dessa série todo mês. Eu gosto muito de História e conhecer os fatos de uma maneira dinâmica com certeza é muito melhor. Acredito que se as escolas utilizassem um método de ensino mais dinâmico o resultado seria muito melhor.
ResponderExcluirParece mesmo ser um bom livro! Eu gosto muito de livros históricos desse jeito, livros-reportagem como são chamados, pois explicam o enredo de forma didática sem misturar ficção, apresentando muitos documentos reais. Me lembrou bastante as coleções de Laurentino Gomes. Sobre o descobrimento mesmo é o primeiro e já gostei. Vou procurar! bj!
ResponderExcluirOii,
ResponderExcluirEsse livro me fez lembrar das aulas de história que eu tinha no ensino médio. Lembro que não gostava muito...hahaha. Mas achei o livro bem interessante, vou até procurar para dar uma lida.
beijos
Olá, tudo bom? História sempre foi minha matéria preferida na escola. Muito legal ver um livro abordando de maneira diferenciada a nossa história, que é tão rica e bonita. Beijos!
ResponderExcluirOlá.
ResponderExcluirEu particularmente deixei de curtir a disciplina de história assim que entrei no ensino médio, (acho que um pouco antes disso), mas eu queria me interessar mais, pois são histórias importantes e é fundamental que conhecemos nossa história.
O livro foi resenhado no meu blog por minha resenhista, ela curtiu muito. Espero ter coragem de lê-lo em um futuro.
Ótima resenha.