Hoje, 02/03/2016, faz
20 anos que um acidente de avião encerrou de forma súbita e brutal a meteórica
e super bem-sucedida trajetória do grupo mais irreverente e debochado da música
brasileira. Celebrando sua memória nesta data faremos um post especial sobre os
Mamonas Assassinas.
O Grupo
Formada por 5 amigos de
Garulhos: Dinho (Alecsander Alves), Bento Hinoto (Alberto Hinoto), Samuel Reoli (Samuel Reis de Oliveira) e seu
irmão Sérgio Reoli (Sérgio Reis de Oliveira) e Júlio Rasec (Júlio César) era um grupo de rock
diferente. Eles se apresentavam vestindo fantasias de super-heróis (geralmente
o Chapolin Colorado), músicas cômicas com coreografias superengraçadas e cheias
de improviso. Foi um sucesso, entre crianças jovens e adolescentes da época e
até hoje são muito lembrados, seja pelas letras debochadas, ou seja, pela morte
inesperada que ceifou 5 jovens talentosos no auge do sucesso.
As Músicas
Misturando Rock Nacional,
com ritmos diversos, Forró (Jumento Celestino), brega (Bois Don't Cry), heavy
metal (Débil Metal), pagode (Lá Vem o Alemão), música mexicana (Pelados em
Santos), reggae (Onon Onon), vira (Vira-Vira) e Sertanejo (Uma Arlinda Mulher).
As letras traziam muito jogo de palavras, com duplos sentidos e metonímias. O
humor era do tipo pastelão, sem muita maldade ou apelação (até falava de sexo,
mas sem vulgaridade ou termos chulos como em alguns funks), muito mais
inocentes que muitas músicas de sucesso atuais.
A História
A fama não veio fácil, a
banda começou com o nome de Utopia e sem o Dinho e Julio Rasec. Especializado
em "covers" de grupos como Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs,
Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Rush, entre outras, como faziam muitos
covers, em julho de 1990 o público pediu que interpretasse uma música dos Guns
'n Roses mas ninguém da banda sabia a letra por isso pediram a um espectador
para ajudá-los. Alecsander Alves, conhecido como Dinho, voluntariou-se para
cantar e provocou grandes risadas da plateia, com sua performance escrachada;
foi chamado para ser o vocalista Por meio de Dinho, entrou o quinto integrante
da banda, o tecladista Júlio Rasec.

O Utopia passou a
apresentar-se na periferia de São Paulo e lançou um disco que vendeu menos de
cem cópias: A Fórmula do
Fenômeno (hoje item de
colecionador). Aos poucos
foram percebendo que as graças e paródias que faziam nos ensaios faziam mais
sucesso entre os espectadores que o cover sério, aos poucos foram começando a
apresentar covers e danças escrachadas e estes foram ganhando mais espaços nos
shows que as músicas “sérias” e covers.
Em um bar em Guarulhos,
conheceram o produtor Rick Bonadio, com ele gravaram Pelados em Santos e Robocop Gay e mudaram o perfil da banda, começando
pelo nome Samuel Reoli sugeriu Mamonas
Assassinas do Espaço, que foi reduzido para Mamonas Assassinas.
O Sucesso
Após superadas todas as
dificuldades (tiveram exatamente 1 semana para compor 12 músicas) e assinar um
contrato com a EMI, em 1995 gravaram seu primeiro (e, infelizmente único)
álbum; que foi lançado no dia 23 de junho, o disco passou despercebido nas lojas
porém no outro dia, a música Vira-Vira tocou na rádio e o sucesso foi metórico:
foi o disco de estreia que mais vendeu no Brasil e também o que mais vendeu
cópias em um único dia: 25 mil cópias nas primeiras 12 horas após a canção ter
sido executada.
Análise
da Música Chopis
Centis
Eu di um beijo nelaE chamei pra passearA gente fomos no shoppingPra mó de a gente lanchar
Percebe-se que é um jovem
modesto, sem muito estudo que vai passear no shopping com a namorada. Uma coisa
banal pra quem é de classe média das grandes cidades, mas para ele uma
novidade.
Comi uns bichos estranhosCom um tal de gergelimAté que tava gostosoMas eu prefiro aipim
Reforçando que é um jovem humilde, ele não conhecia sanduíche (bicho estranho com gergelim). Aqui pode-se concluir que sua origem é na região Nordeste (onde a mandioca é conhecida por aipim e muito apreciada).
Quanta genteQuanta alegriaA minha felicidadeÉ um crediárioNas Casas Bahia
Observe que ele se encanta
com coisas simples, acha um shopping lotado uma coisa maravilhosa, cheia de
alegria. As Casas Bahia é uma loja popular de eletrodomésticos, a felicidade
para ele é poder comprar parcelado e não é coisas caras como carros, lanchas ou
motos mas simples eletrodomésticos.
Esse tal "Chópis Cêntis"É muicho legalzinhoPra levar as namoradasE dar uns rolêzinhos
Outro parágrafo pra reforçar
que ele é humilde e gostou muito do passeio. O interessante aqui é a palavra rolezinho, que é uma gíria
paulistana, indicando que o eu-lírico mora em São Paulo e mistura a sua
variação dialetal com o meio onde vive, assimilando as duas culturas.
Quando eu estou no trabalho
Não vejo a hora de descer dos andaimePra pegar um cinema do SchwarzeneggerTombém o Van Daime
Desse trecho, podemos notar
que ele trabalha em construção (afinal temq ue “descer dos andaime”), e também
é possível aferir que ele gosta de filmes de ação (filmes de Scwanegger e do
Van Damme).
Como se pode perceber,
embora seja uma música humorística, o teor é alegre e inocente e que há várias
informações relevantes que podem ser interpretadas com uma leitura atenta, não
se trata de um besteirol com apelações e insinuações sexuais de duplo sentido.
Oi
ResponderExcluireu lembro que mesmo tendo uns 4 pra 5 anos eu vi sobre a morte deles no programa do Gugu, foi uma grande perda pra música Brasileira, eles tinham um diferencial. Escutei muito as músicas do Mamonas quando era criança.
Achei bem legal seu poste especial.
momentocrivelli.blogspot.com.br
Mamonas trouxe músicas engraças, mas também muitas com críticas sociais ou tentativa de inclusão, embora hoje possas ser chamadas de bullying e preconceito por várias pessoas.
ResponderExcluirO Robocop Gay é um exemplo. Em um período em que não se falava tanto de homossexualidade eles fizeram uma música para apresentar o tema de forma descontraída. Talvez se fosse hoje poderiam ser acusados de homofobia, não sei, poderiam ser considerados como ironizadores em uma tentativa de ridicularizar a luta homo.
A música que você analisou, para mim, reflete o choque cultural... Como muitos não tem nada e outros tomam como comum o que é uma novidade futurística para outros. Dois mundos tão diferentes, habitando um mesmo planeta.
Entretanto, dessa vez, a parte que mais gostei do post foi toda a gama de informações a respeito da banda que você transmitiu e não a análise musical.
Lembro até hoje do dia que vi a notícia que eles morreram, eu era pequena. Tinha 9 anos e dormi na casa de uma amiga, eles morreram num domingo.
ResponderExcluirUma banda que poderia ter mudado o cenário musical de hoje em dia.
Gostei da analise que fez da música. Como tu falou um teor alegre e inocente, não essas coisas horrorosas que temos hoje em dia.
Beijinhos, Helana ♥
In The Sky, Blog / Facebook In The Sky
Olá! Tinha 10 anos na época, e fiquei super fã deles. Impossível não ser contagiar com a alegria deles. Achei muito legal a sua análise, é a primeira vez que vejo em blog, bem criativo e interessante. Abraços.
ResponderExcluirO que seriam hoje os integrantes do Mamonas Assassinas se não tivessem morrido?
ResponderExcluirRepito hoje o que disse quando "surgiram do nada": eram bregas, todo mundo falava mal e dava risada escondido. Um dos Titãs falou certa vez "é o grupo que as pessoas assistem no televisão da empregada". Preconceito? Sim. Mas também é a realidade do que foram.
São "fenômeno", "sucesso", "ícones" porque morreram jovens e de maneira estúpida.
Jimi Hendrix, Janis Joplin também.
Sou muito mais João Penca e Seus Miquinhos Amestrados.
Oi, ontem mesmo estávamos comentando sobre a banda aqui em casa. Lembro-me perfeitamente do dia do incidente fatídico, estava chegando em casa e vi diversos vizinhos na rua comentando o acontecido. Uma banda de jovens, que atingiram o sucesso repentinamente e da mesma forma como o sucesso veio a vida os levou.
ResponderExcluirEsse é o primeiro blog o qual vejo uma postagem sobre o tema. É legal perceber que mesmo com pouco tempo de sucesso a banda conseguiu tornar-se inesquecível na mente de algumas pessoas.
Beijokas da Quel ¬¬
Literaleitura
Olá Alessandro,
ResponderExcluirSou MUITO fã de Mamonas, sério, até hoje escuto. Meus pais me contam que chorei muito quando eles morreram (imagina que só tinha 3 anos). Eu lembro bem de uma coisa ruim nessa época, mas, só de adulta, pude lembrar o que é.
Gostei muito do seu post e da análise que fez na música. De fato, ela remeta a uma pessoa bastante humilde e acho que os meninos eram exatamente isso!
Beijos ♥
Oi Alessandro, tudo bem
ResponderExcluirA história deles é muito triste, eu lembro que fiquei chocada com o acidente deles, acho que todo mundo ficou. Eles eram tão divertidos, engraçados, fizeram tanto sucesso com suas músicas, não mereciam um fim assim. Ficam na saudade mesmo. Gostei muito do seu post.
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/
Olá Alessandro, tudo bem?
ResponderExcluirEu adorava os Mamonas e chorei feito criança com a morte deles. As músicas me encantam até hoje e com certeza deixaram saudades.
Ótima homenagem. Abraço.
Lia Christo
www.docesletras.com.br