Autora dos livros "Relato Inspirado por Orelhas" e "Mãos Secas com Apenas Duas Folhas", a paulista Paula Febbe mostra um grande talento para prender o leitor e arrastá-lo para regiões obscuras do comportamento humano. Recentemente a autora lançou seu mais novo livro, Metástase, um thriller intenso sob a perspectiva da vítima de um sequestro.
Aproveitando o embalo do recente lançamento da autora, o Rascunho com Café preparou uma entrevista para que vocês conheçam um pouco mais sobre a obra e vida de Paula Febbe. Confiram abaixo a nossa entrevista com a autora:
RCC: Recentemente nós resenhamos o seu livro Relato Inspirado por Orelhas e ficamos curiosos sobre o que te inspirou a escrever esse livro. Você se espelhou em suas próprias vivencias, nas de pessoas conhecidas ou foi tudo da sua cabeça mesmo?
PF: Engraçado
que logo depois do lançamento deste livro, alguns amigos que haviam lido vieram
me perguntar se estava tudo bem comigo, se eu estava passando por uma fase
difícil. Hahahaha Acho que pelo livro ser em primeira pessoa e pela protagonista
ser uma mulher fica fácil das pessoas imaginarem que aquilo tem algo a ver
comigo, mas não tem. O Relato é uma ode a qualquer família com problemas e um
“documento” inconsciente do que aconteceria se estes problemas fossem elevados
à décima potência.
RCC: Ainda
sobre Relato Inspirado por Orelhas, os personagens são descritos sem nomes, de
forma subjetiva, sendo apresentados apenas por parentescos em relação a
personagem principal. Por que optou por descrevê-los desta forma?
PF: Eu
queria construir uma relação de afastamento com qualquer personagem que não
fosse a protagonista, afinal ela não sente muita coisa e sempre parece ver tudo
de uma perspectiva bastante distante. Como todos meus livros são recortes de
situações e acontecimentos, não faria muito sentido dar nomes. Quem tem nome no
livro é exclusivamente quem ela mais odeia e com quem ela não consegue ter uma
relação impessoal, mesmo tentando manter este afastamento.
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"Acho que ainda existe muito preconceito com autores brasileiros que ainda estejam vivos e sejam contemporâneos. [...] Difícil competir comos mortos já há tanto célebres" |
RCC: Na
sua biografia você nos falou que já compararam seu estilo com o de Chuck Palahniuk
e Lars Von Trier, gostaríamos de saber quais autores influenciaram sua escolha
pelo gênero de suspense que escreve e quais serviram de base para a construção
do seu trabalho editorial?
PF: Eu
nunca usei ninguém de base. Acho que todas minhas referências estão no meu inconsciente.
Muitos dos autores que leio hoje, conheci depois de ter escrito meus primeiros
livros. Tanto é que eu nem conhecia o Chuck Palahniuk e muita gente veio falar
dele depois de ler o Relato. Aí entendi que o que eu estava fazendo era ficção
transgressiva. Mas de qualquer maneira, hoje em dia gosto de ler Chuck Palahniuk,
Lourenço Mutarelli, Poe, Kafka, Carlos de Britto e Melo e Cláudia Lemes.
RCC:
Você lançou agora o seu novo livro Metástase. O que você pode revelar aos
leitores sobre a obra e o que eles devem esperar?
PF: É o
meu primeiro livro do ponto de vista da vítima e não de quem mata. É o meu
preferido até hoje. Não sei se os leitores vão concordar.
RCC: Sabemos
que você teve a inspiração do “Metástase” após ficar de cama por uma semana,
isso a assustou? O que passou por sua cabeça nesse momento que a fez decidir
que renderia um bom livro?
PF: Me
assustou muito. O sequestro do Metástase é exatamente este período da minha
vida. E o sequestrador seria minha cama. Escrever este livro foi a maneira que
eu tive de conseguir uma motivação de sair desta fase, que foi a mais surreal
da minha vida.
RCC: Você teve formação e uma longa carreira no
exterior, sendo que Relato Inspirado por Orelhas está no acervo da biblioteca
da Universidade Sorbonne, na França. Como foi retornar e lançar seus livros no
seu país natal? Há muita diferença entre lançar livros dentro e fora do Brasil?
PF: Eu
não cheguei a lançar nenhum livro lá fora ainda. O Relato que está em Sorbonne
é a versão em português, mesmo.
O problema do Brasil é que os brasileiros leem
muito pouco, então para se manter como escritor aqui, só se você tiver outra
renda ou vender rios de livros (o que é raro). Acho que isso é o mais triste em
relação a literatura no Brasil.
RCC: Como você vê o cenário da literatura
nacional atual no Brasil?
PF: Acho
que ainda existe muito preconceito com autores brasileiros que estejam vivos e
sejam contemporâneos. É a velha história de só dar valor para um autor quando
ele morre. Uma pena. Difícil competir com os mortos já há tanto célebres.
Conheça mais sobre Metástase:
Em 2015, Paula Febbe decide colocar o livro mais denso, soturno e perturbador que ela já escreveu a público. Metástase “nasceu” em 2014, após a autora ter ficado uma semana de cama, por um problema grave de saúde, sem saber se sobreviveria. Inspirado no texto Limerence, a história é de uma jovem mulher sequestrada e todos os pensamentos desta mulher em meio ao que passa. Primeiro livro da autora do ponto de vista da vítima, e não do assassino.Onde encontrar:
Facebook: facebook.com/PaulaFebbeOficial
Site da Autora: www.paulafebbe.com
Loja: loja.paulafebbe.com
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